Resumo de Memórias Póstumas de Brás Cubas

Alguns livros marcam a história de um país, seja por sua história, seja pelo modelo da narrativa. O escritor Machado de Assis é autor de algumas das obras que marcaram e marcam a vida de milhões de brasileiros. Por isso, seus livros são comumente pedidos em listas de vestibulares. Confira aqui o resumo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, que está na lista de livros obrigatórios da FUVEST!

A narrativa

“Memórias Póstumas de Brás Cubas”, como o nome indica, conta as memórias de Brás Cubas após seu falecimento (póstumas). Sob a perspectiva de quem já faleceu e não possui mais compromissos com a própria imagem, Brás Cubas conta a história de sua vida expondo os problemas e contradições da sociedade da época.
O “defunto-autor”, como ele se define durante a narrativa, conta os acontecimentos de sua vida começando por sua morte. Depois segue para o seu nascimento e, em ordem cronológica, conta os acontecimentos de sua vida.

Os personagens

Brás Cubas

Protagonista e narrador da obra, Brás Cubas fez parte da alta sociedade carioca do século XIX e conta sua história depois de morto. Irônico, Brás Cubas retrata a sociedade da época sob seu viés crítico e questiona as convenções sociais de seu tempo.

Marcela

Primeira paixão de Brás Cubas; seu maior interesse por Brás Cubas era por conta da condição social do protagonista. A personagem motivou a famosa frase do livro “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”, que indica o interesse financeiro da jovem.

Eugênia

Outro envolvimento amoroso de Brás Cubas. O protagonista se refere a ela como “flor da moita” por ter visto, quando criança, os pais da jovem namorando atrás de uma moita. Embora se interessasse por ela, não quis levar o romance adiante por conta de uma deficiência física da jovem. Brás Cubas, envolvido pela garota mas incomodado com a deficiência, se pergunta durante o livro: “Por que coxa se bonita? Por que bonita se coxa?”.

Virgília

Grande amor de Brás Cubas, Virgília foi sua amante durante a juventude. Embora casada com Lobo Neves por interesse, respeitava devotamente o marido. Era vista pelo pai de Brás Cubas como uma possibilidade de acesso à política nacional, caso o jovem se casasse com ela.

Lobo Neves

Político de grande influência na sociedade da época, Lobo Neves casou-se com Virgilia mas sofria com o caso que a esposa tinha com Brás Cubas.

Quincas Borba

Colega de Brás Cubas, Quincas Borba era teórico do Humanitismo e se tornou um pobre andarilho. Ao ganhar uma herança, volta à sociedade como intelectual e conselheiro de Brás Cubas. Por fim, perde o juízo.

D. Plácida

Ex-costureira de Virgília, D. Plácida mantém o segredo do caso entre ela e Brás Cubas. Religiosa, se sente culpada por apoiar o adultério, mas supera a dúvida moral ao receber o dinheiro em troca do silêncio.

Cotrim

Cunhado de Brás Cubas, casado com sua irmã Sabina. Preocupado com dinheiro, trabalho e a família, está sempre atento aos passos de Brás Cubas por temer que o protagonista suje o nome da família Cubas.

Prudêncio

“Escravo de estimação” de Brás Cubas, sofria maus tratos e punições de Brás quando ambos eram crianças.

A história

Morto, Brás Cubas inicia o livro contando suas memórias a partir da morte. Faz uma dedicatória sombria com a frase “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver, dedico com saudosa lembrança estas Memórias Póstumas”.
O defunto-autor, como se define, conta uma ideia que teve pouco antes de morrer: criar um emplasto universal o “Emplasto Brás Cubas”. Sua ideia resolveria todos os problemas da humanidade e eternizaria seu nome como alguém importante.

Infância

A infância de Brás Cubas se desenvolve dentro do que é normal para a elite da época. Com a alcunha de “menino-diabo”, Brás era uma criança que dava trabalho aos seus responsáveis.
Entre os muitos privilégios que tinha, Brás possuía um “escravo de estimação” para seus caprichos e brincadeiras. Foi na infância que Brás conheceu seu colega Quincas Borba.

Juventude

Durante a juventude, seus privilégios se manifestam com os gastos de dinheiro para agradar seus romances. A cortesã Marcela, com quem Brás se envolve e a quem oferece inúmeros presentes, é o principal destino dos gastos.
Embora não seja dito explicitamente em nenhum momento do livro, Marcela é uma prostituta de luxo. Machado de Assis propositalmente não usa esses termos, mas descreve com atributos que o leitor consegue captar. Essa é mais uma maneira do autor de criticar as incoerências da sociedade da época: um membro da elite, que deveria representar os bons costumes, envolve-se com uma cidadã considerada “inferior”.
Para encerrar os gastos de Brás com Marcela, o pai do protagonista o envia à Europa para estudar Direito. Os estudos em Portugal eram, na época, algo comum para as classes mais ricas do país.
Em Coimbra, Brás consegue o diploma mas sem a menor capacitação para exercer o Direito profissionalmente. Retorna ao Brasil e conhece a filha de D. Eusébia, Eugênia, com quem vive um breve romance. O romance não dura porque a jovem, embora muito bonita, é “coxa”, ou seja, possui uma deficiência física na perna. Por conta disso, ela não seria bem aceita na sociedade e Brás acaba desistindo de namorá-la.
Assim, Brás segue seu caminho vivendo sua vida de benesses e privilégios dados pela família Cubas.

Vida adulta

Até que, com a ajuda de seu pai, que desejava ao filho um casamento arranjado com projeção política, Brás conhece jovem Virgília. O protagonista se apaixona por ela, eles vivem um romance e Brás planeja casar-se com a jovem.
No entanto, o político Lobo Neves interrompe seus planos, desejando o casamento com Virgília. A candidatura de Neves era apoiada por políticos influentes e Brás Cubas teve de ceder: Virgília e Lobo Neves então ficam noivos.
Seu pai não o perdoa e eles rompem as relações. Depois de pouco tempo, o pai de Brás Cubas morre e a herança divide Brás e Cotrim, marido de sua irmã. Brás se vê sem o pai, sem casamento e sem relações com a irmã. Passa então um período isolado.
É quando Brás Cubas estabelece contato com um primo de Virgília, que conta que ela está de volta ao Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, Virgília e Brás se reencontram e ele se torna seu amante. Escondem-se na casa de D. Plácida, que mantém o segredo do casal em troca de dinheiro.
Virgília engravida de Brás Cubas, que fica feliz com a notícia, mas logo ela perde o bebê. Após a possibilidade de candidatura para presidência da província, Lobo Neves muda-se com Virgília para a província e o romance entre ela e Brás termina.

Velhice

Brás restabelece contato com seu amigo Quincas Borba, que, depois de ter vivido como andarilho de rua, agora tinha se tornado um grande filósofo. Dois anos depois, após finalmente entrar na política como deputado, Brás faz um discurso com conteúdo terrível e perde seu mandato.
Ao fim da vida, Brás Cubas vê Marcela falecer em um hospital de caridade, reencontra a moça coxa em um cortiço e vê Quincas Borba enlouquecer. É neste momento que ele chega a uma conclusão sobre sua vida, explicada na frase:
“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria.”

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Contexto histórico

A publicação ocorreu no século XIX, época de grandes guerras e revoluções. O surgimento da burguesia e dos centros urbanos também modificou as relações sociais na época.
A nova elite econômica, baseada na produção industrial, tinha como norte o pensamento liberal.
O avanço da ciência e da produção industrial também trouxe profundas transformações à sociedade da época. A tradição e o pensamento religioso foram gradualmente questionadas e substituídas pelo culto ao cientificismo e à razão.
No Brasil o século XIX também foi tempo de grandes mudanças. Revoltas políticas, a chegada da família Real, a independência em relação a Portugal e a diminuição e abolição da escravidão são alguns exemplos de acontecimentos marcantes.

Corrente Literária

A obra “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, além de marcar a trajetória de Machado de Assis, inaugura o Realismo no Brasil.
É em um contexto de mudanças que surge o Realismo. Como oposição ao Romantismo, cujo viés era mais emocional e religioso, o Realismo chega, como o próprio nome indica, para abordar a realidade.

Características do Realismo

Com a valorização da razão e da ciência, o Realismo se distancia das características emocionais da escola anterior (Romantismo).
Como principais características dessa corrente podemos elencar:

  • Linguagem culta e direta
  • Narrativa lenta (acompanha o tempo psicológico, não necessariamente o cronológico)
  • Objetivismo (oposição ao Subjetivismo)
  • Universalismo (buscar conclusões generalizantes no âmbito particular)
  • Subordinação dos sentimentos aos interesses sociais (especialmente o amor)
  • Herói não idealizado (com fraquezas e problemas)
  • Não idealização da imagem da mulher

Sobre o livro

Antes de se tornar um livro, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi publicado como folhetim na Revista Brasileira entre os meses de março e dezembro de 1880. No ano seguinte, foi publicado como romance pela Tipografia Nacional, sucessora da Imprensa Régia, primeira editora de livros do Brasil.
O livro, que marcou a literatura nacional e consolidou a trajetória de Machado de Assis como escritor. Com fortes críticas sociais relacionadas à escravidão, às classes sociais, ao cientificismo e ao positivismo da época, o livro inaugurou a corrente literária do Realismo no Brasil. Alguns estudiosos da literatura consideram-no também a primeira narrativa fantástica do país.
Assim como aconteceu com a obra “Vidas Secas“, de Graciliano Ramos, “Memórias Póstumas de Brás Cubas” também virou filme. A obra cinematográfica, lançada em 2001, ficou com o título somente de “Memórias Póstumas”.
Dirigido por André Klotzel, o filme recebeu cinco prêmios no Festival de Cinema de Gramado (melhor filme escolhido pelo júri, melhor filme escolhido pela crítica, melhor direção, melhor roteiro e melhor atriz coadjuvante).

Cartaz do filme Memorias Postumas
Cartaz do filme Memorias Póstumas, de 2001

Sobre o autor

Nascido em 1839 no subúrbio do Rio de Janeiro, Joaquim Maria Machado de Assis tinha origem humilde e ascendência negra. Frequentou escolas públicas comuns e nunca chegou ao ensino superior.
Aos 16 anos, Machado de Assis tornou-se colaborador do Jornal Marmota Fluminense e publicou seu primeiro poema “Ela”. No ano seguinte, entra para a Tipografia Nacional. A partir deste ponto, começa a desenvolver sua carreira dentro da literatura brasileira.

Publicou grandes poemas, contos, crônicas e romances que marcaram a literatura brasileira. Entre eles, os romances Dom Casmurro e Quincas Borba, e os contos “A Igreja do Diabo” e “O Alienista”.
Em 1897, junto a outros autores como Ruy Barbosa, Graça Aranha e Joaquim Nabuco, Machado de Assis fundou e foi o primeiro a presidir a Academia Brasileira de Letras.
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