Resumo de historia: Movimento Tenentista – a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922) e a Revolução Paulista (1924)



Movimento Tenentista – a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana (1922) e a Revolução Paulista (1924)

Figura 1 - Tenentes caminhando pela Avenida Atlântica na Revolta dos 18 do Forte de Copacabana - 1922 - See page for author [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Os_18_do_Forte.jpg">via Wikimedia Commons</a>

A partir da década de 1920, o Brasil foi assolado por rebeliões militares que ficaram conhecidas como Movimento Tenentista. Aqui veremos a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, que aconteceu no Rio de Janeiro em 1922, e a Revolução Paulista, de 1924, nos governos de Epitácio Pessoa (1919-1922) e Artur Bernardes (1922-1926).

A situação entre governo civil e Forças Armadas era conflituosa desde o início da República. Durante a Primeira Guerra Mundial, a instituição viveu um pouco mais de visibilidade, mas isso não mudou estruturalmente o problema. O principal contratempo era a falta de orçamento, o que incomodava os militares. Além disso, o governo não abria espaço para a inserção deles na política. Os levantes surgiram devido à junção de insatisfações, e os tenentes eram os mais aborrecidos, pois viviam uma estagnação na carreira, que apresentava poucas possibilidades de ascensão.

O foco dos movimentos era o fim do governo oligárquico de Epitácio Pessoa e Artur Bernardes, e de qualquer outro presidente alinhado à política da República Velha. Queriam a instituição do voto secreto e o fortalecimento do governo federal, que estava segregado entre os políticos estaduais. Vale destacar, contudo, que os tenentes não tinham um plano definido. Não armaram um golpe ou uma articulação específica para a tomada do poder. As ações foram mais impetuosas do que planejadas.

Os primeiros movimentos foram a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e a Revolução Paulista, em 1924. O caso carioca ocorreu no período de eleições, no final do mandato de Epitácio Pessoa, que não tinha boas relações com as Forças Armadas. O candidato do governo, Artur Bernardes, já tinha se desentendido com Hermes da Fonseca, do alto escalão militar. Cartas em que revelava sua posição perante os militares foram expostas na imprensa pela oposição, incendiando ainda mais a situação. Cada vez mais o processo eleitoral se tornava conflituoso e a vitória de Bernardes piorou o que já estava difícil. O estopim ocorreu em junho de 1922, quando o governo federal interviu na eleição de Pernambuco. Fonseca se opôs a essa ação, e Pessoa o prendeu, além de ordenar que fechassem o Clube Militar, no dia 2 de julho.

Figura 2 - Tenentes caminhando pela Avenida Atlântica na Revolta dos 18 do Forte de Copacabana - 1922  - See page for author [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Os_18_do_Forte_(2).jpg">via Wikimedia Commons</a>

Aconteceram levantes militares em vários estados, mas o da capital ganhou notoriedade. Em Copacabana ficava o forte comandado pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca, filho do ex-presidente, que decidiu se vingar por seu pai. Sua posição era divergente dos outros militares do alto escalão, que decidiram não se envolver nas manifestações.

Os rebeldes iniciaram a batalha ao atirarem contra quartéis-generais do Exército pela cidade.  Quando os tenentes se amotinaram, o governo contra-atacou por meio da Fortaleza de Santa Cruz da Barra, que ficava na Baía de Guanabara. No dia 6 de julho, após as ofensivas, Euclides Hermes da Fonseca e seus colegas pediram uma trégua, mas nem todos os rebeldes aceitaram. Cerca de 28 tenentes decidiram marchar pela Avenida Atlântica até base onde estava a contraofensiva do governo, enquanto os tiroteios aconteciam.

Vários foram atingidos, alguns morreram e outros, como Siqueira Campos, ficaram feridos. Sem força bélica, eles foram presos na caminhada. A quantidade de participantes foi algo debatido ao longo do tempo. Os 18 tenentes que teriam marchado por Copacabana se tornaram o número oficial e simbólico, além de serem vistos como modelos pelos militares que aderiram à causa contra o governo.

Por todo o país havia tenentes insatisfeitos com os desdobramentos políticos e os cariocas deram o exemplo. Em 1924, um movimento semelhante ganhou forças, mas dessa vez em São Paulo. Os militares que participarem de 1922, foram presos e julgados no ano seguinte. O Exército, agora também a alta hierarquia, passou a se manifestar contra os procedimentos adotados pelo estado federal.

Figura 3 - General Isidoro Dias Lopes - c. década 1920 - CPDOC/ CDA Odete Junqueira [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Isidoro_Dias_Lopes_1920.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Na capital paulista, os líderes do motim foram o General Isidoro Dias Lopes (1865-1949), o Major Miguel Costa (1885-1959) e o tenente Joaquim Távora (1881-1924), o que demonstra a variedade de patentes que aderiram ao movimento. Eles criaram estratagemas de ataque que atingiriam importantes partes da cidade. No dia 5 de julho de 1924, ocuparam diversas estações de trem, como a da Luz, a estrada de ferro Sorocabana e a do Brás, além de quartéis-generais, pegando todos de surpresa. Para assegurar figuras ilustres, vários fugiram para o interior, como o governador Carlos de Campos (1866-1927), que deixou o Palácio dos Campos Elísios junto de sua comitiva no dia 8 de julho.

Os militares tiveram sua primeira vitória logo no início, e, com a fuga do governador, Lopes foi nomeado como chefe provisório do estado. Na semana seguinte, o governo bombardeou os rebeldes, transformando São Paulo em um cenário de guerra. Além disso, os índices de violência subiram exponencialmente, já que a segurança de todos foi comprometida, sendo que saques e assaltos se tornaram práticas comuns. Isso descontentou o comércio local, que crescia na década de 1920, assim como os industriais que tinham investido na cidade. Dessa forma, a partir da pressão pública, as autoridades tentaram um acordo com os rebeldes. Vale destacar que estes lançaram um manifesto no dia 10 de julho exigindo a deposição do presidente Artur Bernardes e a convocação de novas eleições.

Mesmo que as reivindicações estivessem além da alçada estadual, haja vista a reivindicação de mudanças eleitorais, que eram constitucionais, buscavam o cessar-fogo o mais rápido possível. O governo não aceitou as exigências dos militares, que, além das demandas similares às de outros tenentes, queriam o cargo de governador provisório legitimado até a convocação de uma Assembleia Constituinte. Como a repressão não acabou, e os amotinados ficavam cada vez mais sem recursos, eles decidiram pedir apenas a anistia de todos os participantes dos levantes contra o governo desde 1922. As autoridades também não aceitaram tais pedidos, mantendo os ataques.

Após 23 dias de combates na capital, os rebeldes fugiram para o interior. O movimento se dispersou, mas não acabou. Eles conseguiram tomar algumas cidades, porém, tiveram conhecimento que outras revoltas se iniciaram pelo Brasil. Como em São Paulo não obtiveram sucesso, vários tenentes se deslocaram para o Sul, principalmente Santa Catarina e Paraná. Em Foz do Iguaçu, alguns deles se encontraram com as tropas que vinham do Rio Grande do Sul. Em abril de 1925, começou a Coluna Preste.

 

O Movimento Tenentista tem uma base de reivindicação similar aos movimentos sociais como Canudos e Contestado, sendo esta o descontentamento com o governo federal e os privilégios dados aos oligarcas em detrimento do resto da população. Porém, as resoluções eram diferentes. O aluno deve comparar esses movimentos, entender as causas e consequências, para então fazer um panorama geral da República Velha.

1. (Uece 2017) Atente ao seguinte enunciado:

“Episódios mais notórios, como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana, em 1922, e a Revolução Paulista de 1924, ou um evento pouco citado nos livros de História, como a Comuna de Manaus, também ocorrido em 1924, são partes do mesmo movimento a que pertence a Coluna Prestes, que, de 1925 a 1927, percorreu cerca de 25.000 km pelo interior do território brasileiro combatendo as forças oligárquicas e espalhando sua ideologia”.

O enunciado acima se refere ao movimento pertencente à História republicana do Brasil conhecido como

a) Tenentismo, que marcava o descontentamento de parte da jovem oficialidade do exército com as características políticas da República Velha.   

b) Restauracionismo, que uniu militares e religiosos em lutas com o objetivo de depor a República e restaurar a monarquia no Brasil.   

c) Messianismo, movimento por meio do qual os líderes religiosos faziam uso de sua influência para eleger os grupos políticos que apoiavam o fim das mudanças promovidas pela República.    

d) Coronelismo, no qual senhores de terra e líderes políticos locais tentaram impedir avanços socialistas propostos pelo Presidente da República Artur Bernardes.

  

2. (Fgvrj 2016) A imagem a seguir é uma foto que retrata a marcha dos “18 do Forte”, ocorrida em 5 de julho de 1922, quando o Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, foi tomado durante um levante militar.

Esse movimento está relacionado

a) à indignação dos militares, em relação à política externa brasileira, considerada subserviente aos interesses norte-americanos.   

b) à reação contra a chamada Coluna Prestes, que percorria o interior do Brasil combatendo as forças do exército.   

c) à repressão ao Partido Comunista Brasileiro, que acabara de ser fundado por influência da Revolução Bolchevique.   

d) aos interesses das elites de São Paulo e Minas Gerais, que estimulavam o levante contra o centralismo do Rio de Janeiro.   

e) ao tenentismo, movimento nacionalista que propunha reformas na estrutura do poder político oligárquico do país.   

Gabarito: 

Questão 1 - [A] – O Movimento Tenentista surgiu entre os jovens tenentes do Exército brasileiros que estavam insatisfeitos com a República Oligárquica e queriam mudanças estruturais não só na corporação, mas também no sistema político brasileiro.

Questão 2 - [E] – O Tenentismo foi o movimento que nasceu nas Forças Armadas e exigia o fim dos desmandos dos oligarcas estaduais, uma maior centralização do poder central e melhorias estruturais para o Exército.

 

Movimento Tenentista – insatisfações com o governo. Reivindicações:

- Fim do governo oligárquico

- Voto secreto

- Fortalecimento do governo federal

Revolta dos 18 do Forte de Copacabana - 1922

- Período de eleições – Artur Bernardes

- Estopim – Intervenção federal na eleição de Pernambuco

- Forte de Copacabana - comandado pelo capitão Euclides Hermes da Fonseca – líder dos rebeldes

- Atiraram contra quartéis-generais do Exército pela cidade

- Repressão oficial – tentativa de trégua

- 18 tenentes - marcharam por Copacabana – foram mortos ou presos

Revolução Paulista - 1924

- General Isidoro Dias Lopes (1865-1949), o Major Miguel Costa (1885-1959) e o tenente Joaquim Távora (1881-1924) - líderes

- 5 de julho de 1924, ocuparam diversas áreas da cidade

- Autoridades – fugiram para o interior – inclusive o governador Carlos de Campos (1866-1927)

- 23 dias de combates na capital – fuga dos rebeldes para o interior - O movimento se dispersou, mas não acabou.

- Se deslocaram para o Sul, principalmente Santa Catarina e Paraná.

- Se encontraram com as tropas que vinham do Rio Grande do Sul.

- Em abril de 1925, começou a Coluna Prestes.