Resumo de filosofia: Hegel e o Espírito Absoluto



Hegel e o Espírito Absoluto

 

Figura 1 - Retrato de Hegel - Jakob Schlesinger - 1831 - Jakob Schlesinger [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Hegel_by_Schlesinger.jpg">via Wikimedia Commons</a>

 

Georg Wilheim Friedrich Hegel (1770-1831) foi um dos mais importantes filósofos alemães nesse período de transição entre o século XVIII e o século XIX. Com o Iluminismo, vimos autores que discutiam o Empirismo, Racionalismo, a Verdade e a Liberdade, formas de pensar estimuladas pela crise do Antigo Regime. Desde Kant podemos observar que a relação dos alemães com a filosofia foi um pouco diferente. Além disso, Hegel criou uma teoria baseada na Filosofia da História. Analisaremos suas principais características e a importância da sua obra mais cobrada nos vestibulares: a Fenomenologia do Espírito, publicada em 1807.

Georg W. F. Hegel (1770-1831) nasceu em Stuttgart, na Alemanha, em uma família de classe média. Pode se dedicar aos estudos desde jovem, se enveredando pela Teologia, Filosofia e História, principalmente. Esta foi muito importante na sua concepção de mundo pois inseriu a filosofia no tempo. Isto é, quando falamos de teorias filosóficas e até autores em específico, não encontramos a temporalidade como parte fundamental dessas teorias. Nós, para estudarmos ciências humanas, recorremos ao contexto histórico porque os processos são feitos em conjuntos.

Dito isso, Hegel foi um dos autores mais influentes no século XIX, sobretudo por conta da sua teoria dialética. Karl Marx se inspirou nele e podemos ver claramente essas ideias em seu pensamento. Como dissemos acima, o uso do tempo na construção da teoria hegeliana foi um ponto nevrálgico. Ele parte da premissa de que o homem é um ser histórico, ou seja, inserido no tempo.

Hegel defendia que o grande caminho da Filosofia deveria saber para encontrar o conhecimento era analisar a consciência. Esta mudou ao longo do tempo, porque a consciência do sujeito do século XVIII era diferente da do século XVII. Esse processo de mudança também segue uma lógica para que evolua, e é a dialética. Posteriormente, autores como Karl Popper (1902-1994) definiram a teoria hegeliana como determinista devido à forma de compreensão histórica desenvolvida por ele. A mesma crítica foi aplicada a Marx, o que demonstra a influência, mesmo que tivesse vieses completamente diferentes. Hegel queria, antes de tudo, uma teoria explicativa universal, ou seja, que abarcaria todas as áreas.

Hegel define que a consciência não é dada, e sim construída. A Fenomenologia do Espírito tem o subtítulo Ciência da experiência da consciência, ou seja, ele quer analisar cientificamente um tema até então trabalhado pela metafísica e encontrar uma fórmula universal de compreensão do mundo e para a descoberta da verdade. Aqui, pode-se destacar a crítica de Hegel a Kant e suas teorias sobre o uso da razão, pois não acreditava na existência da “razão pura” e “razão prática” já que não haveria a situação entre o sujeito e o objeto. Assim como outros filósofos, Kant não partiria da premissa correta, que seria a consciência humana.

Como já dito, a consciência é dialética, pois é dinâmica, se transforma. Dessa maneira, existe a Tese que sempre terá sua contraparte, a Antítese. As duas se confrontam, dando surgimento a uma outra via, que é a Síntese. Esse processo é cíclico, infinito e progressivo, ou seja, sempre uma nova tese ´e criada e rebatida. O pensamento e o conhecimento são derivados desse sistema. Se aplicarmos à consciência, veremos que Hegel parte do despertar do indivíduo para o coletivo. Quando o sujeito se entende em si, passa a observar o outro, que também tem consciência. Você se entende como esse ser com o reconhecimento feito pelos pares. O homem se torna, assim, parte da sociedade e, além disso, finalmente é livre.

A consciência individual é confrontada sempre, tanto internamente quanto externamente, e ela se afirma de acordo com um fim específico. O objeto, que não lhe é externo como outros filósofos defendiam, influencia a construção da consciência, e é nesse passo que o tempo é fundamental na teoria. Se cada homem é produto do seu tempo, consequentemente há uma consciência individual histórica, que sofre efeito do contexto.

É assim que Hegel desenvolve a ideia de dialética e progresso na História, pois um passo se torna dependente do outro. O conhecimento verdadeiro ocorre quando o saber e a essência se coincidem, ou seja, “o que é” e “o que entendemos” se conectam. Isso não acontece sempre, por isso existe o progresso, porque mesmo que a resposta seja negativa, uma possibilidade foi eliminada até o resultado positivo.

O espírito, segundo Hegel, se expande, muda, e ele define alguns estágios alcançados:

- Espírito subjetivo – individual, que pode trazer infelicidade quando a consciência se entende como restrita ou circunscrita em si. É o primeiro momento, quando ela se entende em si;

- Espírito Objetivo – quando a consciência passa a atuar no mundo, ela se vê como parte ativa, e necessária, do coletivo. Em outras palavras, é quando o homem se torna um ser coletivo e absorve os objetos, como cultura, política, moral, entre outros.

- Espírito Absoluto – quando o homem absorve tudo, se entende na sua subjetividade e objetividade e adquire a autoconsciência e, finalmente, compreende a realidade.

Temos, então, um espírito ou consciência que “se reflete em si mesmo”, isto é, a circularidade, a dialética. O Absoluto é formado, tanto pelo estudo da “ideia em si”, que seria a lógica hegeliana; o estudo da “ideia fora de si”, que é a Filosofia da natureza; e, por fim, a Filosofia do espírito, quando as duas anteriores se juntam.

Hegel influenciou a todos ao dizer que a ideia que forma o mundo, e ela é mutável. Isso reflete o contexto de uma época. A consciência é a lógica formativa da nossa sociedade. Por isso, opinava na política e na economia, sobretudo ao afirmar a perspectiva coletiva do sujeito. 

 

No Vestibular...

 

Hegel foi um dos principais filósofos alemães e parte do Idealismo. Entender a sua dialética auxilia a compreender do contexto, sobretudo do século XIX. Nos vestibulares, é importante saber reconhecer sua teoria sobre o conhecimento e o papel da consciência nisso.

 

1. (Unesp 2017) A genuína e própria filosofia começa no Ocidente. Só no Ocidente se ergue a liberdade da autoconsciência. No esplendor do Oriente desaparece o indivíduo; só no Ocidente a luz se torna a lâmpada do pensamento que se ilumina a si própria, criando por si o seu mundo. Que um povo se reconheça livre, eis o que constitui o seu ser, o princípio de toda a sua vida moral e civil. Temos a noção do nosso ser essencial no sentido de que a liberdade pessoal é a sua condição fundamental, e de que nós, por conseguinte, não podemos ser escravos. O estar às ordens de outro não constitui o nosso ser essencial, mas sim o não ser escravo. Assim, no Ocidente, estamos no terreno da verdadeira e própria filosofia.

(Hegel. Estética, 2000. Adaptado.)

De acordo com o texto de Hegel, a filosofia

a) visa ao estabelecimento de consciências servis e representações homogêneas.   

b) é compatível com regimes políticos baseados na censura e na opressão.   

c) valoriza as paixões e os sentimentos em detrimento da racionalidade.   

d) é inseparável da realização e expansão de potenciais de razão e de liberdade.   

e) fundamenta-se na inexistência de padrões universais de julgamento.   

 

2. (Ufu 2013) A dialética de Hegel 

a) envolve duas etapas, formadas por opostos encontrados na natureza (dia-noite, claro-escuro, frio-calor).    

b) é incapaz de explicar o movimento e a mudança verificados tanto no mundo quanto no pensamento.    

c) é interna nas coisas objetivas, que só podem crescer e perecer em virtude de contradições presentes nelas.    

d) é um método (procedimento) a ser aplicado ao objeto de estudo do pesquisador.

   

Gabarito: 

Questão 1 - [D] – A questão pode ser respondida com a análise do trecho, no qual o autor relaciona o conhecimento filosófico com o desenvolvimento da consciência individual, que é histórica e conectada à razão e à liberdade. A partir da compreensão de si, o sujeito pode exercer seu potencial também no coletivo.

Questão 2 - [C] – A dialética de Hegel afirma que a natureza se desenvolve em si por meio das contradições, que exemplificamos com a ideia de Tese – Antítese – Síntese.

 

Resumão...

Georg Wilheim Friedrich Hegel (1770-1831)

1807 - Fenomenologia do Espírito

- Teoria dialética - analisa a consciência

- Subtítulo Ciência da experiência da consciência

Tese X Antítese - que sempre terá sua contraparte

Síntese – nova via

- Esse processo é cíclico, infinito e progressivo.

- Espírito subjetivo – individual, que pode trazer infelicidade quando a consciência se entende como restrita ou circunscrita em si. É o primeiro momento, quando ela se entende em si;

- Espírito Objetivo – quando a consciência passa a atuar no mundo, ela se vê como parte ativa, e necessária, do coletivo. Em outras palavras, é quando o homem se torna um ser coletivo e absorve os objetos, como cultura, política, moral, entre outros.

- Espírito Absoluto – quando o homem absorve tudo, se entende na sua subjetividade e objetividade e adquire a autoconsciência e, finalmente, compreende a realidade.