Resumo de geografia: Mercantilismo na França e Inglaterra



Mercantilismo na França e Inglaterra

Figura 1 - Tabulae Rudolphinae, quibus astronomicae scientiae, temporum longinquitate collapsae restauratio continentur - Johannes Kepler - 1627 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d6/Kepler-world.jpg

Na Idade Moderna tivemos a consolidação dos estados absolutistas, o Renascimento artístico e, no âmbito econômico, o Mercantilismo, que predominou dos séculos XV-XVIII. Assim como o próprio Absolutismo, as características do sistema variam em cada país, mas para fins didáticos, elencaremos alguns pontos gerais e abordaremos as especificidades de França e Inglaterra. Em outro texto, os casos de Portugal e Espanha serão discutidos.

Antes de tudo, é bom recapitular que foi durante a Baixa Idade Média que o sistema econômico passou a mudar na Europa. Isso ocorreu, dentre tantos motivos, devido à reabertura do comércio e a criação de novas rotas além do Mar Mediterrâneo. Um exemplo foi o estabelecimento de colônias na América, em maior grau, e em outros continentes, em menor grau.

O mercantilismo teve início no século XV e se relaciona com a centralização do poder monárquico e sua intervenção na economia. Lembre-se que no final da Idade Média havia uma dificuldade geral em regular as atividades comerciais e todos os trâmites que derivavam delas. Com o estado unificado, e não nas mãos dos senhores feudais, os monarcas passaram a estabelecer limites e leis para a economia.

Esse controle era rígido, pois toda a acumulação de riquezas que sustentava o Estado provinha dele. Mesmo que as práticas variassem, algumas características eram similares:

- Balança comercial favorável – quando o lucro obtido pela venda de produtos deveria ser positivo em relação à compra. Isto é, a exportação deveria ser maior do que a importação. Aqui já começa a aparecer a necessidade de se regular as atividades comerciais com, por exemplo, as tarifas alfandegárias. Estas dificultavam a vinda de produtos internacionais para valorizar a produção nacional de diversos itens. Assim, os metais eram mantidos nos cofres do país e não eram utilizados na compra de estrangeiros.

- Metalismo – foi a base, durante muito tempo, da medida de riqueza de um país. Se quanto mais metal precioso o Estado possuía mais rico ele estava, a busca por ouro e prata virou prioridade. A exploração mineral se tornou o foco de muitos, mas pelos acordos comerciais também poderiam ser adquiridos, fazendo com que a balança comercial ficasse favorável. Em Mercantilismo em Portugal e Espanha, vemos que a Espanha saiu na frente nesse quesito quando encontrou tanto ouro quanto prata em abundância nas colônias americanas.

- Protecionismo – era a medida de privilegiar os produtos nacionais em detrimento dos estrangeiros.

- Monopólio – foi quando o Estado tinha a exclusividade no comércio com as colônias.

Essas características são resumidas como Intervenção Estatal, e a necessidade de controle fazia parte de todos os países absolutistas. Contudo, esse sistema econômico não era infalível e começou a ter problemas. Podemos distinguir 3 fases do mercantilismo:

- Séculos XV-XVI – Revolução dos Preços – com o rápido enriquecimento dos Estados. A descoberta de ouro no México e de prata na América do Sul movimentou a economia europeia. Portugal e Espanha se beneficiaram da abundância.

- Século XV – Decadência – com a entrada da França e da Inglaterra na disputa por colônias, aumentou a concorrência. A Holanda, por sua vez, dominava o comércio ultramarino. A partir desse momento, o acúmulo de riquezas se tornou irregular, enquanto os gastos estatais permaneciam.

- Século XVIII – Breve recuperação e queda – houve um período de crescimento superficial, sobretudo com a descoberta de prata no México e ouro no Brasil, mas os problemas internos das metrópoles, os gastos e os movimentos separatistas que surgiam nas colônias impediram um restabelecimento total da prática. Da Revolução Industrial inglesa em 1760 e da Revolução Americana em 1776 para frente, o absolutismo e o mercantilismo passaram a ser questionados até a destituição total em cada país.

Figura 2 - Cena de porto com a Villa Medici ao fundo - Claude Lorrain - 1637 - Galeria Uffizi - Florença/ Itália - Claude Lorrain [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lorrain.seaport.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Mercantilismo na França

A França foi o país que adotou o Absolutismo clássico e no século XVI passou a imprimir uma legislação protecionista. O primeiro passo foi proibir importações de estados vizinhos. Porém, foi com a nomeação de Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) em 1661 como Ministro de Estado do rei Luís XIV (1638-1715). Sua influência foi tão forte que o mercantilismo francês ficou conhecido como colbertismo.

Figura 3 - Retrato de Jean-Baptiste Colbert - Claude Lefèbvre - 1666 - Palácio de Versailles - França - Claude Lefèbvre [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Lefebvre_-_Jean-Baptiste_Colbert.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Em 1664 se tornou encarregado das Finanças, além das construções e manufaturas. Portanto, suas primeiras medidas se direcionaram ao fomento das manufaturas nacionais, sobretudo as que tinham alto valor, dando início ao mercado de luxo francês e, também, ao comércio. Ele manteve a política de impostos alfandegários e o controle estatal ficou tão rígido que se tornou um dos problemas no século XVIII, principalmente perto do período revolucionário.

Mercantilismo na Inglaterra

Como vimos em Absolutismo na Inglaterra, a centralização política ocorreu tardiamente, mas durou pouco. A ilha demorou para começar qualquer intenção colonialista. Além disso, o local onde iniciaram as primeiras colônias americanas não tinham nenhuma riqueza de fácil exploração, e a monocultura só se estabeleceu na porção Sul, tardiamente. Em Colonização dos Estados Unidos da América aprendemos que a Inglaterra não tinha um projeto colonial, o que auxiliou no processo de destituição do absolutismo. A política mercantilista empregada durante o século XVII estava voltada ao comércio, sobretudo da pirataria.

Surgiram entrepostos comerciais nas Antilhas e nas Índias. A Revolução Inglesa em 1640, que culminou na Revolução Gloriosa de 1688, deram espaço para o desenvolvimento mercantil. Em 1651, por exemplo, foram assinados os Navigation Acts – Atos de Navegação – que favoreciam o mercado interno e a indústria inglesa. No século XVIII, o Estado já era o mais rico da Europa, com uma frota naval insuperável e força comercial com a Companhia das Índias. A Revolução Industrial de 1760 foi possível por causa da acumulação de riquezas, e eles deram o tom do desenvolvimento industrial e tecnológico no século XIX.

 

As características gerais do Mercantilismo são os pontos que o vestibulando deve reconhecer com facilidade. As diferenças entre os países fazem parte daquela perspectiva macro da História que faz com que o aluno entenda os movimentos em cada época. Geralmente, o conteúdo é cobrado em conjunto com outros, como o sistema político na modernidade ou a colonização da América. Fique ligado!

1. (Pucpr 2017) “Acontece que Luís XIV provavelmente tinha excelente faro para os negócios — sem falar que o monarca devia achar muito sem graça ver todo mundo vestido de preto constantemente —, pois ele convocou seu Ministro das Finanças, Jean-Baptiste Colbert, para uma conversinha sobre indumentárias. Aconselhado pelo político, o rei proibiu a importação de tecidos estrangeiros e estabeleceu uma gigantesca indústria têxtil no país para suprir as necessidades da população mais abastada. Além disso, Luís XIV e Colbert determinaram que novos modelos de roupas fossem criados duas vezes ao ano com tecidos inéditos.

Assim, os costureiros que atendiam à nobreza passaram a apresentar uma coleção de roupas no inverno e outra no verão — sem se esquecer de incluir acessórios como leques, capas, sombrinhas, casacos etc. entre os itens.

O rei decretou ainda que os nobres que desejassem visitá-lo no Palácio de Versalhes deveriam se vestir apenas com modelos da última moda, e teve a ideia de financiar a produção de catálogos que apresentavam as novas coleções. Dessa forma, a aristocracia francesa e do resto da Europa podia selecionar os itens que desejava comprar.”

Você sabia que Rei Luís XIV da França foi o inventor da alta costura? Por Maria Luciana Rincon.

Disponível em: http://www.megacurioso.com.br/personalidades/75642-voce-sabia-que-rei-luis-xiv-da-franca-foi-o-inventor-da-altacostura.htm. Acesso em: 12 fev 2017.

O Mercantilismo foi uma série de práticas de enriquecimento dos Estados Nacionais entre os séculos XV e XVIII, como exemplo, na França o Rei Luís XIV e seu ministro Colbert tentaram ampliar os ganhos da coroa com o aumento de taxas e também do comércio de artigos de luxo, o chamado Colbertismo.

Acerca das práticas mercantilistas dos Estados Nacionais, marque a afirmativa CORRETA:

a) O protecionismo era aumentar as taxas dos produtos exportados e diminuir dos importados, assim ganharia mais com a venda e facilitaria a compra.    

b) Uma das práticas do Mercantilismo, usada ainda hoje para equilibrar as finanças dos países, é a balança comercial favorável que consiste em exportar mais do que importar para evitar o endividamento e aumentar os ganhos.    

c) Espanha e Portugal foram as primeiras a conquistar colônias e extrair metais para enriquecer, assim conseguiram um excedente que propiciou serem pioneiras no investimento industrial.    

d) O metalismo foi uma prática portuguesa que consistia em acumular metais através da extração de ouro e prata das colônias ultramar, primeiramente descobertos no Brasil.    

e) A Inglaterra e a França se destacaram no comércio de artigos luxuosos, enquanto os ingleses produziam os ricos tecidos, os franceses os compravam para usar em suas roupas, uma espécie de colaboracionismo que perdurou durante todo o período.    

2. (Ufrgs 2014) Leia o enunciado abaixo.

O comércio marítimo triangular deu uma contribuição enorme ao desenvolvimento industrial da Inglaterra. Seus lucros fertilizaram todo o sistema de produção do país.

WILLIAMS, Eric. Capitalismo e escravidão. São Paulo: Cia. das Letras, 2012. p. 157.

Considere as seguintes afirmações sobre o comércio triangular.

I. O comércio triangular britânico consistia, principalmente, no envio de produtos manufaturados ingleses para a África; de escravos africanos para o Caribe; e de produtos coloniais, especialmente o açúcar, para a Inglaterra.

II. Os lucros obtidos pelo comércio triangular forneceram um dos principais fluxos de acumulação de capital que financiaram a Revolução Industrial inglesa.

III. A utilização de mão de obra livre nas plantations produtoras de açúcar garantia altos níveis de lucratividade para seus proprietários.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.   

b) Apenas III.   

c) Apenas I e II.   

d) Apenas II e III.   

e) I, II e III.   

Gabarito: 

Questão 1 - [B] – Nesta questão, você deve utilizar todos os seus conhecimentos sobre as características dos estados modernos, desde o sistema político, passando pela colonização e a economia, no caso, o mercantilismo.

Questão 2 - [C] – As plantatios não utilizavam mão de obra livre e sim trabalho escravo.

 

Mercantilismo - séculos XV-XVIII

- Balança comercial favorável

- Metalismo

- Protecionismo

- Monopólio

- Séculos XV-XVI – Revolução dos Preços

- Século XV – Decadência

- Século XVIII – Breve recuperação e queda

- Mercantilismo na França - Jean-Baptiste Colbert (1619-1683) - colbertismo

- Mercantilismo na Inglaterra – pirataria e comércio - Revolução Industrial de 1760