Resumo de historia: O colapso do Império Romano do Ocidente



O colapso do Império Romano do Ocidente

Figura 1 O auge da expansão do Império Romano - Tataryn [CC BY-SA 3.0 (https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0)]

Quando pensamos no Império Romano (27 a.C. – 476) uma das primeiras características que vem a mente é a grandiosidade da empreitada. Roma se tornou sinônimo de grandeza e desenvolvimento político, militar e cultural por muito tempo. Contudo, o processo de expansão e crescimento iniciado por Otávio Augusto (63 a.C. – 14) chegou ao seu limite em algum momento. Aqui, falaremos sobre o início do fim, o que contribuiu para o colapso do Império.

A história romana é dividida entre Monarquia (753 a.C. – 509 a.C.), República (509 a.C. – 27 a.C.) (link para post) e Império (link para post), que é subdividido entre:

- Alto Império: que vai do século I a.C. até o século III, quando viveram o apogeu tanto político quanto econômico;

- Baixo Império: do século III até o V, sinalizando o período de decadência que veremos agora.

O Alto Império se distinguiu pelo fortalecimento da centralização do poder nas mãos de uma pessoa: o Imperador. Otávio foi destacado como símbolo desse período também conhecido como o da pax romana, ou seja, o momento em que houve uma relativa paz dentro do Império. Isso significa que foi uma época em que identificamos equilíbrios políticos, militares, econômicos.

O Baixo Império, por sua vez, se caracteriza pelo desequilíbrio que se fortaleceu. O primeiro ponto foi que a contestação ao Império passou a ser frequente. A centralização política e o controle militar perdiam poder devido ao tamanho alcançado pelos romanos com as expansões e anexações territoriais. O custo do estado cresceu de forma considerável porque precisavam de todo um aparato militar para guardar as fronteiras, responsabilidade esta do governo. Até um determinado momento, as despesas eram sanadas com o comércio de escravos e o desenvolvimento agrícola tocado pela mão-de-obra escrava, mas, com a estagnação da expansão territorial, o fluxo de escravos diminuiu muito. Lembrem-se que as condições de vida de um escravo não eram boas, tornando as perdas frequentes. Porém, a partir do século II, ficou cada vez mais difícil repô-los, causando uma crise profunda da qual nunca mais se recuperaram.

Várias medidas foram tomadas para acabar com a crise, mas não necessariamente pelo governo. Com o aumento do preço da mão-de-obra escrava (já que a demanda não era suprida), forçou o aparecimento do trabalho livre e compulsório, e, mais para frente, do sistema de colonato. Outro ponto foi o êxodo urbano, que se tornou frequente conforme o custo de vida encarecia cada vez mais. Portanto, a crise do sistema escravista, o desequilíbrio na arrecadação de divisas e o êxodo urbano formaram uma tríade problemática para a política e a economia romanas que atingiu todos os setores sociais.

O descontentamento com a administração imperial causou uma movimentação dentre os que conquistaram poder e prestígio durante os anos de apogeu. Senadores e generais passaram a questionar e sabotar medidas do governo, sobretudo o exército, que nas fronteiras mais distantes de Roma, se barbarizava ou auxiliava os bárbaros a tomarem territórios aos poucos. Numa tentativa de controlar a situação, alguns imperadores tomaram medidas drásticas. Diocleciano (284-305) criou a Tetrarquia, que foi a primeira divisão do Império em Ocidental - comandado por Diocleciano mais um césar, Constâncio - e Oriental - comandada por Maximiano e outro césar, Galério. Em 286 essa separação do Império foi instituída oficialmente, assim, facilitaria no controle não só das fronteiras, mas também de gastos e arrecadação. Mesmo assim, o domínio ainda era de Roma, que era a capital e tinha maior peso nas decisões. Além disso, em 301 decretou o Édito de Máximo, com o qual congelou todos os preços para tentar conter a crise.

Figura 2 - Mapa da Tetrarquia - Coppermine Photo Gallery [CC BY-SA 3.0 (http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/)]

O imperador que sucedeu a Diocleciano foi Constantino (313-337), que acabou com a Tetrarquia e deslocou a capital do Oriente para Constantinopla, a principal cidade da época, mais rica e poderosa do que Roma. A parte ocidental do Império estava cada vez mais enfraquecida. As ações dos povos germânicos no Norte da Europa eram frequentes e estavam mais fortalecidas do que as defesas romanas.

Enquanto isso, a parte oriental tentava manter seu domínio e opulência, notada pelo desenvolvimento arquitetônico e artístico. Temos que lembrar que o período romano trouxe diversas evoluções tecnológicas fundamentais para a sociedade ocidental tanto no âmbito da urbanização quanto nas artes. Constantino se tornou o imperador que concedeu liberdade aos cristãos em 313 com o Édito de Milão, acabando com a perseguição à nova religião que ganhava mais adeptos. O Cristianismo foi muito importante no processo de decadência do Império, pois a crença em Cristo questionava diretamente a figura divina do imperador e o politeísmo. Sobre isso, vocês podem aprender mais em Cristianismo e suas origens.

Após Constantino outros nomes assumem, mas quem teve papel de destaque foi Teodósio (379-395), que em 395, com o Édito da Tessalônica, instituiu o Cristianismo como religião oficial e, também, retomou a divisão entre Ocidente – capital em Roma – e Oriente – capital em Constantinopla –, uma versão da proposta de Diocleciano anos antes. Essa separação se configurou em um respiro para o oriente que não passava pelos mesmos problemas que a parte ocidental do Império. Roma foi, finalmente, invadida e saqueada em 476, data em que foi instituída como o fim do Império Romano e o início da Idade Média. O Oriente – Império Bizantino – se manteve por muitos séculos, só sendo finalizado em 1453 com a invasão turco-otomana à Istambul.

É importante destacar que podemos enumerar características sobre a queda do Império, mas nada aconteceu de uma hora para outra. Vocês devem perceber pelas datas que foram processos paulatinos que se acumularam ao longo de várias décadas e séculos. Além disso, devemos lembrar que o sentido de bárbaro surgiu no período do domínio da Grécia e eram qualquer povo que não falasse grego. Com o tempo, passou a designar forasteiro, estrangeiro e é uma classificação preconceituosa. Os francos, godos, visigodos, saxões, entre outros, tinham organização social, política e econômica e conseguiram dominar regiões importantes do “grande” Império Romano, como a Gália e a Grã-Bretanha.

Quando os germânicos invadiram as fronteiras romanas, a população, sobretudo camponesa, não percebeu grandes diferenças, porque o braço de controle de Império já não atuava acirradamente havia muito tempo. Veremos isso quando falarmos sobre a Idade Média.

 

O colapso do Império Romano foi o início da Idade Média com o fim da instituição que dominou a Europa por muito tempo. Os fatores que levaram à desestabilização são importantes para entendermos esse momento. Façam o quadro comparativo sobre o Império, desde o início até o fim.

1. (Ufrgs 2019)  Considere as seguintes afirmações sobre a história antiga de Roma.

I. Com o fim do período monárquico, a hierarquia social na República deixou de estar fundada na descendência familiar e na propriedade de terras, valorizando as ocupações ligadas ao comércio urbano e à prática da magistratura.

II. No contexto dos séculos III e II a.C., a manumissão de estrangeiros, escravizados a partir de conquistas bélicas, possibilitava a tais indivíduos liberdade social e cidadania política.

III. Entre as principais causas do fim da República, estão a invasão de tribos normandas oriundas do norte da Europa, a difusão do cristianismo e a crise econômica provocada pela chamada “Conspiração de Catilina”.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.    

b) Apenas II.   

c) Apenas III.    

d) Apenas I e II.    

e) I, II e III.    

2. (Upf 2018) O historiador romano Tácito escreveu sobre o tratamento dado aos cristãos em Roma:

“[...] uma grande multidão foi condenada não apenas pelo crime de incêndio mas por ódio contra a raça humana. E, em suas mortes, eles foram feitos objetos de esporte, pois foram amarrados nos esconderijos de bestas selvagens e feitos em pedaços por cães, ou cravados em cruzes, ou incendiados, e, ao fim do dia, eram queimados para servirem de luz noturna.”

(TÁCITO, Cornelius. Anais. Rio de Janeiro: W. M. Jackson, 1964).

Sobre o tratamento dado aos cristãos pelo Estado Romano, é correto afirmar: 

a) A perseguição violenta desencadeada contra os seguidores do cristianismo foi praticada até a queda do Império Romano.    

b) A violência contra os cristãos foi decorrente da fraqueza doutrinária da sua religião, o que facilitava a aplicação da justiça por parte do Estado Romano.    

c) As perseguições aos cristãos foram circunstanciais, motivadas pelo fanatismo de alguns governantes, pois o Estado Romano tolerava a presença de todas as religiões.   

d) Apenas os principais líderes cristãos foram perseguidos, pois o Estado Romano se caracterizava pela tolerância religiosa.    

e) As razões da violenta perseguição ao cristianismo no Império Romano têm relação com o fato de que os cristãos não aceitavam que o Imperador fosse adorado como um deus.    

Gabarito: 

Questão 1 - [B] – Vejam todo o desenvolvimento da história romana, desde a monarquia ao império. A afirmativa I se relaciona ao papel dos patrícios no fim da monarquia. Já a III, revejam a expansão cristã.

Questão 2 - [E] – o Cristianismo confrontava as crenças politeístas, sobretudo em relação ao rei.

 

Colapso do Império Romano – guerras constantes – crise política;

- Crise econômica – aumento do custo do Estado e falência do sistema escravista;

- Desmantelamento das fronteiras – levou às invasões bárbaras;

- Ascensão do Cristianismo.