Resumo de historia: Formação da Monarquia Nacional Inglesa



Formação da Monarquia Nacional Inglesa

Figura 1 - Brasão dos Plantagenetas

O processo de formação da Monarquia Nacional inglesa iniciou-se no século XI com a invasão de senhores feudais vindos da Normandia e instituindo a casa dos Plantagenetas, na Idade Média. Contudo, diversos fatores contribuíram para que a Inglaterra só se tornasse um país unificado com o fim da Guerra das Duas Rosas (1455-1485) e o início da Dinastia Tudor, com o estabelecimento do Absolutismo inglês.

Na Inglaterra, o processo de centralização do poder foi instaurado com a invasão do Duque Guilherme (c.1028-1087), o Conquistador, da Normandia em 1066. Essa ação desencadeou a Batalha de Hastings, na qual o rei inglês foi derrotado. O novo monarca estabeleceu um maior controle do território com a divisão dos condados administrados pelos senhores feudais. O diferencial é que eles estavam sob a égide da coroa inglesa, o que limitava os seus poderes. Mesmo com maior alcance real do que outras monarquias europeias, a resistência dos senhores feudais, e da nobreza, eram consideráveis.

O reinado de Guilherme durou até 1087, quando se iniciaram as disputas de poder entre seus filhos Roberto Curthose (c. 1051-1134), Guilherme Rufus (c. 1056-1100) – futuro Guilherme II – e, Henrique Beauclerc (c. 1068-1189), que assumiu o trono em 1100, e passou a ser conhecido como Henrique I. Contudo, foi seu neto, Henrique II (1133-1189), coroado em 1154, que conseguiu apaziguar o país por um momento, após muitos confrontos políticos internos e externos. Ele é considerado o primeiro representante da dinastia dos Plantagenetas, que governaram por mais de 3 séculos.

Apesar dos conflitos, o rei conseguiu unificar a lei e a Justiça – a Common Law -, que foi ratificada com o Tratado de Glanvill, entre 1187 e 1189. Outro destaque foi a resistência à influência papal nas decisões reais, desafiando medidas impostas pela Igreja. Esse maior controle do poder também afetou a nobreza, que recebeu novas cobranças de impostos e perdeu a hegemonia militar com o investimento na montagem de um exército mais próximo à coroa. O conflito também fez parte da relação de Henrique II com seus filhos Ricardo I (1157-1199), Coração de Leão, que assumiu o trono posteriormente, e João Sem Terra (1166-1216), que foi coroado após a morte do irmão na Terceira Cruzada.

No reinado de Ricardo I, a Inglaterra sofreu com diversas crises, e o fato do rei ter se ausentado para lutar pela Terra Santa contribuiu para situação piorar. Contudo, ele se tornou parte do folclore medieval justamente por causa das missões nas Cruzadas. João Sem Terra, por outro lado, enfrentou problemas com a França ao perder a Normandia para o rei Filipe II (1165-1223) na derrota na Batalha de Bouvine, em 1214.

Na Inglaterra, a relação da coroa com os nobres se deteriorou. Os barões foram taxados novamente, com o agravante de uma multa caso não fornecessem soldados e recursos para manutenção do exército real. Isso incitou mais revoltas contra a monarquia, muitas vezes financiadas pelo governo francês.

Figura 2 - Magna Carta - British Library Cotton MS Augustus II.106 - 1215 - Original authors were the barons and King John of England. Uploaded by Earthsound. [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Magna_Carta_(British_Library_Cotton_MS_Augustus_II.106).jpg">via Wikimedia Commons</a>

O grande feito do rei João, na tentativa de apaziguar o país, foi a assinatura da Magna Carta, que limitava o alcance do poder real, protegia os direitos da Igreja e da nobreza. Além disso, presumia a criação de um Conselho formado pelo clero e a nobreza, que decidiria até que ponto as decisões da coroa poderiam ser outorgadas. Apesar de ser considerada o embrião da Constituição inglesa, o documento passou a ter força de fato a partir do século XVII, com a Revolução de 1640. Ou seja, mesmo com as considerações instituídas pela Igreja e os nobres, as disputas políticas continuaram.

Entre 1337 e 1453 eclodiu a Guerra dos Cem Anos. Quando Eduardo III (1312-1377), da Inglaterra, reivindicou o trono francês após a morte de Carlos, o Calvo (1294-1328). A guerra começou de fato quando o monarca inglês não aceitou a coroação do herdeiro francês, Filipe VI (1293-1350). Durante todo o período de guerra, a ilha mostrou sua capacidade de organização, sobretudo de recursos. Foram vitoriosos em diversas batalhas, sobretudo de início, com a contratação de mercenários e com a aliança de aristocratas e seus exércitos. Mesmo assim, a França passou a se organizar política e militarmente, o que se mostrou uma vantagem perante o inimigo.

Rosa Vermelha de Lancaster

 

Rosa Branca de York

Uma das grandes consequências da derrota inglesa foi a explosão da Guerra das Duas Rosas (1455-1485) entre as casas de Lancaster – rosa vermelha – e a de York – rosa branca – ambas descendentes dos plantagenetas. Henrique VI (1421-1471) era o rei quando a Inglaterra perdeu a Guerra dos Cem Anos, e fazia parte dos Lancasters. Considerado um péssimo monarca, nobres se aliaram ao Duque de York, Ricardo (1411-1460) para que o depusessem. Em 1455, o conflito teve início com o ataque feito pelo exército inglês contra o Duque e seus apoiadores, conhecido como Batalha de Saint Albans, vencida pelos York.

As desavenças e trocas de poder foram constantes. Mesmo com a eliminação dos Lancasters em 1471, e a morte de Henrique VI na Torre de Londres, não houve paz, já que o líder York, Eduardo IV (1442-1483) e seus irmãos se enfrentaram pelo trono. Em 1483, Eduardo IV morreu, e seu filho, Eduardo V (1470-c.1483)¸ então com 12 anos, deveria assumir sua posição. Porém, quem passou a governar foi o tio Ricardo. A partir disso, várias medidas foram tomadas para descreditar a linhagem de Eduardo IV, que teve seu casamento deslegitimado, o que tornava seu filho inapto a governar. Os herdeiros desapareceram na Torre de Londres, e Ricardo III (1452-1485) foi coroado.

Rosa dos Tudor

A situação não parou por aí. Com a ajuda do governo francês, Henrique (1457-1509), membro da casa Lancaster exilado no continente, voltou à Inglaterra para tomar o poder do rei dos York. Depois que Ricardo III morreu lutando, seu algoz decidiu unir as duas casas e finalizar a guerra civil a partir do matrimônio com Elizabeth de York (1466-1503), filha de Eduardo IV. Henrique VII foi coroado em 1485, dando início à Dinastia Tudor. Ele conseguiu instaurar o período de paz que foi consolidado por seu filho Henrique VIII (1491-1547), que centralizou o poder e deu início ao período absolutista.

A formação da Monarquia Nacional inglesa foi um processo instável, pois as brigas para as sucessões ao trono eram frequentes na ilha. Só com a Dinastia Tudor que a situação mudou provisoriamente, pois sabemos que a Inglaterra foi o primeiro país a sair do Absolutismo. Esses detalhes são importantes tanto para a compreensão da história inglesa como para a colonização da América.

1. (Fgv 2016) Leia o documento a seguir.

“Não estabeleceremos no nosso reino nenhum subsídio ou escudagem (imposto) sem o consentimento comum do nosso reino (...).

Nenhum homem livre será detido, preso ou privado de seus bens (...) ou levado de qualquer maneira (...) salvo em virtude de um julgamento legal por seus pares (...). A ninguém venderemos, recusaremos (...) o direito ou a justiça. Todos os mercadores poderão livre e seguramente sair da Inglaterra, aí vir e morar e aí passar, por terra ou por mar, para comprar e vender (...)

Instituímos e concedemos aos nossos barões a garantia seguinte: eles elegerão 25 barões de reino, que lhes aprouverem, os quais deverão com todo o seu poder, observar, manter e fazer observar a paz e as liberdades que nós concedemos e confirmamos pela presente carta. (...)”

(apud Gustavo de Freitas, 900 textos e documentos de História, volume II. 1976)

O trecho refere-se

a) à Declaração de Direitos, de 1689, na qual o rei Stuart Jaime II perde todo o seu poder para o Conselho Comum dos 25 Barões, e que impõe a liberdade econômica e política no reino da Inglaterra.   

b) ao Conselho Comum dos 25 Barões, órgão do qual nascerá a Câmara dos Lordes, isto é, o parlamento inglês, em 1215, para limitar os abusos do rei João Sem Terra, garantindo a justiça e a liberdade econômica.   

c) à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1689, limitadora dos poderes do rei Tudor Henrique VIII que, de forma violenta e arbitrária, aumentava os impostos, prejudicando o comércio da Inglaterra.   

d) ao acordo da Guerra das Duas Rosas, que estabeleceu o fim dos conflitos internos, em 1485, possibilitando ao rei Tudor Henrique VII a concentração do poder em suas mãos, com o apoio do Conselho Comum dos 25 Barões.   

e) às cláusulas da paz, estabelecidas após a Revolução Puritana, em 1649, com a morte do rei Stuart Carlos I, que favorecem os ricos comerciantes ingleses, representados no Conselho Comum dos 25 Barões.   

2. (Espm 2016) Nenhum homem livre será detido, apri­sionado, ou privado de seus bens, ou posto fora da lei, ou exilado, ou prejudicado de al­gum modo a não ser em virtude de um jul­gamento legal dos seus pares ou em virtude das leis do país.

(G. M. Trevelyan. História concisa da Inglaterra)

O trecho acima foi retirado de um documen­to considerado referência fundamental das Liberdades Inglesas. Assinale-o: 

a) Provisões de Oxford;    

b) Magna Carta;    

c) Ato de Supremacia;    

d) Declaração de Direitos;    

e) Lei dos Pobres.   

Gabarito: 

Questão 1 - [B] – A Magna Carta foi feita em 1215 para limitar o poder real, característica do período medieval.

Questão 2 - [B]

 

Formação da Monarquia Nacional Inglesa – séculos X-XV