Resumo de historia: Formação das Monarquias Nacionais - Portugal e Espanha



Formação das Monarquias Nacionais - Portugal e Espanha

Figura 1 - Hispaniae et Portugaliae Regna - Nicolaes Visscher II - c. 1681 - Nicolaes Visscher II [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Atlas_Van_der_Hagen-KW1049B12_002-HISPANIAE_ET_PORTUGALIAE_REGNA.jpeg">via Wikimedia Commons</a>

A formação das Monarquias Nacionais europeias corresponde ao processo de centralização política que rompeu com a estrutura fragmentada do sistema medieval. Entre os séculos XIV, XV e XVI, a Europa passou pela construção dos Estados Absolutistas, importante passo na transição para a Idade Moderna. Portugal foi o primeiro a se consolidar com a Revolução de Avis entre 1383-1385; já a Espanha se unificou após o matrimônio entre Isabel I de Castela (1451-1504) e Fernando II de Aragão (1452-1516) em 1469.

A criação das monarquias nacionais ibéricas estava diretamente ligada à expansão árabe pela Europa a partir do século VIII. Os cristãos se reuniram para reconquistarem seu espaço tomado pelos mouros – daí o nome Guerra da Reconquista. Os reinos por diversas vezes foram derrotados e o rei Afonso VI de Leão e Castela (1047-1109) recorreu à nobreza francesa, pedindo ajuda na empreitada. Henrique de Borgonha (c.1066-1112) atendeu ao chamado, sendo prometido a posse de territórios e vantagens internas. Recebeu pagamento o Condado Portucalense, se casou com a filha do rei de Leão e Castela – Teresa de Leão (1080-1130) – e se estabeleceram na atual Braga, no norte de Portugal.

 

Figura 2 - O Milagre de Ourique - Domingos Sequeira – 1793 - Domingos Sequeira [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:BatalhaOurique.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Seu filho, Afonso Henriques (c.1106-1185) se tornou o líder no combate aos mouros, ao mesmo tempo em que as Cruzadas tomavam conta de toda a Europa. Para se estabelecer como fundador da Dinastia de Borgonha, Afonso Henriques se voltou contra a mãe e seu amante, Conde Fernando Peres de Trava. Ao derrota-los, o novo rei impôs sua influência na região e ganhou ainda mais legitimidade quando liderou as tropas na batalha contra os invasores na cidade de Ourinque, trazendo a vitória ao Condado. A partir desse momento surge Portugal como um estado unificado governado por ele. Porém, a consolidação da monarquia nacional ocorreu depois. 

No reinado da Dinastia Borgonha, o país se expandiu ao anexar os territórios do Sul, como Lisboa em 1147, que se tornou a capital. Além disso, com a centralização monárquica, o estado português conseguiu dar início ao desenvolvimento mercantil, medidas que auxiliaram no surgimento da burguesia.

Figura 3 - Mapa da expansão árabe - O Califado de Córdoba foi uma das instituições formadas pelos mouros na Península Ibérica - Map_of_expansion_of_Caliphate.svg: DieBuchederivative work: Stegop [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Map_of_expansion_of_Caliphate-pt.svg">via Wikimedia Commons</a>

Em 1383, D. Fernando I (1345-1383) morreu sem deixar nenhum herdeiro direto, pois tinha apenas uma filha – Beatriz (1373-1412) – que se casou com o rei de Catela, João I (1358-1390). Com a sua morte, abriu-se uma brecha e um problema jurídicos. A rainha viúva D. Leonor (1350-1386) deveria encabeçar a regência até o hipotético filho de Beatriz nascesse e tivesse idade o suficiente para assumir o cargo. Porém, parte do clero e da nobreza queriam que a rainha de Castela fosse coroada, apoiando a atitude de D. Leonor que transferiu a coroa para a filha. Isso causou insatisfações e gerou conflitos entre os portugueses.

A animosidade cresceu quando D. João (1357-1433)Mestre de Avis – reivindicou o trono, pois era filho ilegítimo de Pedro I (1320-1367), pai de Fernando I. Ou seja, era herdeiro da Dinastia de Borgonha. Começou, em 1383, a crise sucessória da coroa portuguesa que levou o país a ficar sem comando por dois anos e ficou conhecida como Revolução de Avis.

Enquanto a aristocracia apoiava Beatriz de Castela, a burguesia ascendente e o povo resistiam ao possível domínio espanhol e defendiam João de Avis. As principais cidades viviam embates constantes e Lisboa, por pouco, não foi invadida pelo exército castelhano. Após meses de batalhas, membros da nobreza decidiram aclamar a Ordem de Avis, em Coimbra, na tentativa de acabar com o sofrimento geral. Lembrem-se que a peste também os castigava, deixando a situação cada vez mais insustentável. Os reis de Castela não reconheceram a medida, investindo com mais força contra Portugal.

Figura 4 - Batalha de Aljubarrota - Jean d'Wavrin - c. 1479/80 - Jean d'Wavrin (Chronique d;Angleterre) [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Batalha_de_Aljubarrota_02.jpg">via Wikimedia Commons</a>

Em 14 de agosto de 1385 aconteceu a Batalha de Aljubarrota, liderada por D. João e o nobre, e guerreiro, D. Nuno Pereira Álvares. Com a ajuda de cavaleiros ingleses, conseguiram elaborar estratégias militares contra os castelhanos, que acabaram derrotados. A partir desse momento, a Dinastia de Avis foi alçada ao poder, com a coroação de D. João I foi consolidada a monarquia absoluta portuguesa, e o país estreitou as relações com a Inglaterra ao acertarem o casamento do rei com Philippa da Dinastia Lancaster. Essa parceria durou séculos e também surtiu efeitos no processo colonial.

A formação da monarquia espanhola ocorreu apenas a partir do século XV, mas esteve igualmente conectada à expulsão dos mouros. Apesar da força que o absolutismo espanhol conquistou ao longo do século XVI, seu alicerce político era extremamente frágil. Formada pelos reinos de Castela, Aragão, Leão e Navarra, a unificação se deu com mais veemência no âmbito econômico do que político, pois as divergências internas eram muito grandes.

Em 1469 se casaram Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão, unindo as duas principais casas reais da região. O processo de reestruturação do Reino da Espanha foi paulatino, pois sabiam que não poderiam impor medidas muito restritas de imediato sem causar conflito. Castela foi escolhida como sede devido ao tamanho – concentrava a maior população dos reinos – e à influência direta que exercia nos outros territórios. Aragão, por sua vez, possuía estruturas políticas mais rígidas, porém bem alicerçadas e mexer nelas causaria problemas desnecessários.

Figura 5 - A capitulação de Granada - Francisco Pradilla Ortiz – 1882- Francisco Pradilla Ortiz [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:La_Rendici%C3%B3n_de_Granada_-_Pradilla.jpg">via Wikimedia Commons</a>

A relação dos reis com a Igreja foi fundamental no processo de unificação, que ganhou maior profundidade após a expulsão dos mouros, em 1492, finalizando a Guerra de Reconquista. A monarquia era católica e apoiou todas as ações contra os infiéis, como a Inquisição que foi longa e severa no país. A aliança era tão estreita que os monarcas ficaram conhecidos como Reis Católicos, e o combate aos hereges foi prática sustentada pelo Estado.

Além disso, iniciaram o processo de conquista territorial tanto na Europa, com a tomada de Nápoles, Sardenha e Sicília; e no Atlântico, buscando novas rotas que competiriam com os portugueses. Tanto Isabel quando Fernando abriram espaço para a legitimação do Império Espanhol feita por Carlos V (1500-1558) a partir de 1519, que elevou a influência espanhola tanto em solo europeu quanto nas colônias americanas.

 

A Formação das Monarquias Nacionais fez parte do processo de desintegração do feudalismo e surgimento do absolutismo. Cada país teve uma forma de unificação real, e isso é importante para entendermos o que foi o início da Idade Moderna. No caso do Brasil, aprender sobre Portugal também é entender o momento da expansão marítima e da chegada dos lusos aqui.

1. (Espcex (Aman) 2019) Portugal foi um dos primeiros países europeus a pôr em prática uma eficiente centralização político-administrativa. Em 1383, para solucionar problemas relacionados a sua sucessão dinástica e, também, para evitar a sua anexação pelo reino de Castela, deflagrou-se um movimento que ficou conhecido como Revolução de Avis. Esta levou ao poder Dom

a) Manuel.   

b) João.    

c) Afonso Henriques.    

d) Dinis.   

e) Fernando.   

2. (Fgv 2018) Aproveitando-se do reforço populacional e espiritual, os reinos cristãos acentuaram sua ofensiva contra os domínios muçulmanos. Em 1492, concluía-se a conquista da península, com a incorporação de Granada.

A reconquista representou, para os ibéricos, uma primeira expansão feudal. Caracterizou-se pela incorporação de novas terras, pelo crescimento demográfico, pelo desenvolvimento das cidades, das atividades mercantis e pela expansão cristã. No entanto, 1492 não se encerra em Granada. Meses depois, em outubro, Colombo daria continuidade à conquista material e espiritual. Do outro lado do Atlântico.

(Flavio de Campos. Folha de S. Paulo, 17.10.2000. Adaptado)

A Reconquista Ibérica

a) remonta aos meados do século IX, momento no qual os cristãos ibéricos, refugiados no norte da península, constituíram-se em pequenos reinos independentes e, a despeito das suas diferenças étnicas e das rivalidades, edificaram uma identidade cultural e política, porque objetivavam vencer militarmente os muçulmanos.   

b) contrapõe-se ao movimento das Cruzadas porque a luta e as ofensivas contra o poder mulçumano não foram realizadas como uma conquista militar, mas por meio de lenta e progressiva incorporação de novas terras, obtidas com as relações de vassalagem, em especial a partir do século XII.   

c) significou uma recomposição das forças cristãs ocidentais e parte das orientais, a partir do início do século XIV, unificadas pelo Concílio de Trento, que estabeleceu uma nova mística em torno da figura de Jesus Cristo, que passou a ser tratado como tendo essência divina e não humana.   

d) constitui-se em um processo que tem as suas origens localizadas após a formação das nações ibéricas, Portugal e Espanha, em fins do século XIV, porque a expulsão dos invasores mouros dependia de uma enorme ação militar que apenas Estados unificados podiam organizar e arcar com os custos.   

e) dependeu menos da ação das forças cristãs ibéricas e muito mais da progressiva fragilização dos domínios mouros nessa região, condição do califado de Granada, no século XIII, que foi obrigado a mandar forças militares para conter uma série de invasões aos seus domínios no Norte da África.   

Gabarito: 

Questão 1 - [B] – A questão aborda a Dinastia de Avis, sobretudo D. João I, o Mestre de Avis, que, ao ascender ao trono, unificou Portugal. Ele foi coroado em 1385 e ficou no poder até 1433.

Questão 2 - [A] – Já esta pergunta destaca a Guerra de Reconquista ocorrida na Península Ibérica contra os mouros que expandiram seus domínios desde o século VIII. A Igreja Católica foi importante nesse processo.

 

Formação da Monarquia Nacional Portuguesa

- Época da Reconquista na Península Ibérica

- Condado Portucalense – 1095

- 1139 – Dinastia Borgonha – Afonso Henriques – independência de Portugal

- 1383-1385 – Revolução de Avis

- D. João I – Mestre de Avis – população e burguesia apoiou a iniciativa

Formação da Monarquia Nacional Espanhola

- Guerra de Reconquista

- União de Castela e Aragão – Casamento entre Fernando e Isabel

- 1492 – Expulsão dos mouros.