Resumo de historia: Colonização dos Estados Unidos da América



Colonização dos Estados Unidos da América

Figura 1 - Mapa das Colônias Britânicas na América do Norte (1763 - 1775)- William Robert Shepherd - c. 1911 - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f8/British_colonies_1763-76_shepherd1923.PNG

A colonização dos Estados Unidos ocorreu, de forma efetiva, a partir do século XVII, muito tempo depois da América Ibérica, porém, sabe-se que no século X, os vikings chegaram ao Canadá, ou seja, não foi uma excecionalidade de Portugal e Espanha. As diferenças entre os processos coloniais são fundamentais para entendermos a própria colonização da América e a formação das 13 colônias.

Enquanto os países ibéricos iniciavam o desenvolvimento tecnológico e descobriam novas rotas para as Índias, a Inglaterra saía da Guerra dos Cem Anos (1337-1453) e, logo após esse longo período, uma guerra civil se inicia, a Guerra das Duas Rosas (1455-1485). Isso demonstra a falta de estabilidade interna que o país vivia, com os problemas políticos e econômicos, já que manter tantos conflitos tinha altos custos. Sobretudo a disputa entre os York e os Lancaster, que deixava a sucessão dinástica em aberto. Apenas com o início da dinastia Tudor, em 1485, que a ilha passou a viver uma maior centralização política, era o início do absolutismo. Vários pontos foram importantes para que os Tudor conseguissem arrebanhar tanto poder num país acostumado a reviravoltas e mudanças políticas. As crises pós-guerra e a fome fizeram com que a população, sobretudo a burguesia nascente, oferecesse pouca resistência.

Após a Reforma Anglicana, em 1534, o poder de Henrique VIII aumentou consideravelmente, já que tirou as terras da Igreja Católica, as colocando nas mãos do reino. É no período Tudor que as primeiras expedições à América foram lançadas. John Cabot foi o primeiro a ter uma missão dada por Henrique VII, em 1497, e chegou à costa canadense. No final do século XVI, motivados pelos sucessos espanhol e português em encontrar ouro, prata e cultivar produtos altamente rentáveis, os ingleses enviaram várias missões para a América. O encarregado foi sir Walter Raleight, que comandou expedições em 1584, 1585 e 1587, que fracassaram. Apesar de ter nomeado a região que aportou de Virgínia, em homenagem à rainha Elizabeth I, a tentativa não teve retorno. O ataque dos indígenas e a falta de conhecimento sobre o local foram alguns dos problemas enfrentados, que levaram à fome e às doenças. Um exemplo: na Inglaterra, dificilmente as terras congelam e existem nevascas por causa da corrente marítima do Golfo. Já a região mais ao norte da costa leste americana tem um clima muito mais extremo no inverno. O despreparo dos ingleses ficou claro ao longo dos anos. Os indígenas, como citado, também dificultaram o estabelecimento europeu, já que destruíram vários assentamentos.

Figura 2 - Massacre de Jamestown pelos índios Powhatan (1622) - Matthäus Merian - 1628. - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/c/c8/1622_massacre_jamestown_de_Bry.jpg

A nova tentativa de colonização ocorreu com a dinastia Stuart, no século XVII, quando a estabilização política já era uma realidade. Assim como a antecessora, o Estado concedia à particulares o processo de conquista e estabelecimento nas novas terras para depois começarem o projeto colonial. Formaram-se, portanto, as companhias comerciais que ficaram responsáveis por toda iniciativa, como a Companhia de Londres, Plymouth, entre outros. Ainda não foi fácil, mas após várias tentativas, as 13 colônias foram formadas: - Virgínia: 1607; - Nova York: 1613; - New Hampshire: 1623; - Massachussetts: 1620-1630; - Maryland: 1634; - Connecticut: 1635; - Rhode Island: 1636; - Delaware: 1638; - Carolina do Norte: 1653; - Nova Jersey: 1664; - Carolina do Sul: 1670;  - Pensilvânia: 1681; - Geórgia: 1733.

A divisão clássica entre as colônias foi Norte e Sul, sendo que o território foi aumentando ao longo do tempo. Vale ressaltar, que as colônias eram independentes entre si, cada uma desenvolvendo um tipo de organização comunitária e social, mesmo que sob o domínio inglês. Isso aconteceu porque a Inglaterra não tinha um projeto colonial tão bem definido quanto o espanhol ou inglês, e uma das causas era a familiaridade climática. Apesar das diferenças já citadas, o clima temperado das colônias do Norte oferecia pouca possibilidade em relação a matérias-primas. Já o Sul proporcionou mais opções aos colonizadores.

No Norte a agricultura era voltada para o consumo interno, em pequenas propriedades, a maioria da mão-de-obra era livre e a atividade comercial preponderante. Além disso, os estaleiros foram muito importantes no comércio triangular. Este ocorria entre as Antilhas, onde as matérias-primas eram coletadas por navios americanos, transformados em rum nas colônias do Norte e transportados para a África, onde seria trocado por escravos, levados às Antilhas e às colônias do Sul. Ou seja, mesmo com a mão-de-obra livre, o comércio de escravos era uma das atividades mais lucrativas na época. Essa triangulação ocorria também com a Europa, de onde vinham os produtos manufaturados, não existentes na América.

Já o Sul foi conhecido pelas plantations, de início do tabaco e depois do algodão, nos mesmos moldes dos grandes latifúndios hispânicos, isso porque na região esse tipo de produção era possível. O uso de mão-de-obra escrava foi fundamental não só no cultivo e colheita, mas também na configuração política que ganhará peso no processo de independência. Um dos pontos interessantes sobre a colonização americana é o tipo de população que viajou para lá. Normalmente, pensamos que ilustrados, burgueses e a elite inglesa teriam atravessado o Atlântico. Porém, pobres, camponeses fugindo do campo, marginais, órfãos, rebeldes foram a maioria que se deslocou. O imaginário, contudo, é alimentado pelos pais peregrinos, grupo de pessoas perseguidas na Inglaterra por causa da religião. Juntos no Mayflower, essa imigração foi alçada à categoria de formadora da nação branca e protestante, criadores do principal feriado americano, o Thanksgiving, ou o dia de Ação de Graças. Enquanto exaltavam os puritanos, pequenos grupos saíram da Europa, a religião no processo colonizador, outros grupos como negros e indígenas eram marginalizados.

O Norte, local onde a maioria puritana se estabeleceu, tinha mais autonomia em relação ao Sul e o desinteresse inglês pela região fez com que a prosperidade ali fosse maior. Isso começa a mudar a partir da segunda metade do século XVIII. Com a Revolução Industrial, a Inglaterra precisava de maior mercado consumidor e matéria-prima, além de recursos para financiar a industrialização. A busca por essas reservas estava clara: as colônias americanas. Foi o início de uma tentativa de centralização colonial feita pela metrópole, que acabou incomodando os colonos que passaram tanto tempo se autorregulando. Começa, assim, as revoltas que culminaram na independência americana, o que veremos num próximo post.

A formação das Treze Colônias britânicas na América, e como os ingleses conduziram a colonização, foi um dos pontos mais importantes para a Revolução Americana no século XVIII. Portanto, relacionem o projeto colonial inglês e as reivindicações dos americanos no processo de independência.

1. (Uece 2017)  Atente aos seguintes excertos sobre a formação dos Estados Unidos da América:

“[...] a forma pela qual foi feita a distribuição de terras ao Norte permitiu ao pequeno proprietário trabalhar em conjunto com sua família e diversificar progressivamente a sua produção. O excedente dessa produção era finalmente destinado aos mercados locais e regionais. Em alguns casos, madeiras, farinha de trigo e carne acabavam sendo exportadas para o Sul e para as ilhas do mar das caraíbas, contribuindo assim para o comércio triangular [...]”;

“No Sul, as raízes sociais eram menos profundas que no Norte. A própria distância entre as plantations espalhadas no território dificultava um convívio social intenso entre os colonos, [...]. Por isso, predominou no Sul um sistema de distribuição de terras administradas por grandes proprietários, que não eram portadores de privilégios especiais que lhes permitissem controlar a população de suas terras, no estilo de um grande senhor feudal. Mas, mesmo assim, o conceito de cidadania no Sul se associou ao poder absoluto de um só homem”.

NARO, Nancy P. S. A formação dos Estados Unidos. 8. ed.
São Paulo: Atual, 1994, p.18.

O aspecto da formação dos Estados Unidos, abordado nos trechos acima, sobre o qual a historiadora americana Nancy Naro descreve sua concepção, diz respeito à

a) formação de uma cultura escravocrata e aristocrática nas colônias inglesas do Norte, o que levaria os sulistas, comerciantes mais libertários, a declarar-lhes guerra após a independência.   

b) diferenciação dos modelos de ocupação das colônias inglesas do Norte e do Sul da América do Norte, resultante, entre outros fatores, da forma como a terra foi distribuída entre os colonos.   

c) similaridade entre as estruturas de colonização do Norte e do Sul das colônias inglesas na América do Norte.    

d) pequena importância da atividade comercial, local e regional para o desenvolvimento das diferenças que se formaram entre o Norte e o Sul das colônias inglesas na América do Norte.   

2. (Espcex (Aman) 2016) Leia as afirmações abaixo referentes à colonização das Américas e assinale a única alternativa correta.

I. Os primeiros colonos tinham diversas origens e condições sociais: degredados, mulheres para serem leiloadas como esposas, órfãos, camponeses sem terra, grupos religiosos fugidos da perseguição de que eram vítimas na Europa.

II. O modelo de colonização consistia em conceder a um colono o direito de escravizar certo número de indígenas para fazê-los trabalhar na exploração de ouro, na agricultura ou em serviços domésticos.

III. Houve preferência, desde cedo, à produção agrícola de larga aceitação na Europa, como o fumo, o algodão e o anil, em grandes propriedades monocultoras e com utilização de mão de obra escrava.

IV. Era ideia entre boa parte dos colonos a visão de Calvino, para quem o ócio é pecado e enriquecer trabalhando é indício de que o indivíduo seria salvo.

V. Nos primeiros contatos, os astecas pensaram que os colonizadores eram deuses e os presentearam com ouro.

VI. Os colonos viam o trabalho como coisa para etnias consideradas inferiores.

Pode-se afirmar que

a) I, III e V referem-se à colonização inglesa na América do Norte.   

b) II caracteriza a colonização portuguesa na América do Sul e as de números IV e VI, a colonização inglesa na América do Norte.   

c) I caracteriza a diversidade de colonos que chegaram às 13 Colônias após o desembarque do navio Mayflower; a de número III, a colonização portuguesa no extremo sul do Brasil; e a de número V descreve a forma como foram recebidos os colonizadores espanhóis ao chegar ao Peru.   

d) II foi adotada pelos espanhóis nas Américas; a de número III era uma forma comum de produção nas colônias do Sul dos Estados Unidos; e a de número VI era a visão de boa parte dos colonizadores que chegaram ao Brasil a partir do Século XVI.   

e) I descreve claramente a variedade de colonos portugueses que aportaram no Brasil; a de número IV era a visão da maior parte dos colonizadores espanhóis nas Américas; e a de número V caracteriza a forma como foram recebidos os ingleses nas Antilhas.   

Gabarito: 

Questão 1: [B] – Deve-se entender a diferença entre as colônias do Sul e do Norte.

Questão 2: [D] – Nesta questão, deve-se observar as diferentes formas de colonização ocorridas entre o século XVI e XIX na América. Portanto, relacione seus conhecimentos sobre América Hispânica, Portuguesa e Britânica.

 

Colonização britânica na América – após a pacificação interna com a Dinastia Tudor, especificamente no reinado de Elizabeth I. Século XVII – as Treze Colônias foram formadas e, ao longo do tempo, sua divisão entre Norte e Sul.