Resumo de portugues: Outras manifestações culturais contemporâneas



A arte depois da arte — o que é a arte no contemporâneo?

Nesta pílula, o aluno acompanha uma breve relação de teóricos que valorizaram o campo da arte. Parte-se do conceito de ‘contemporâneo’ elaborado por Giorgio Agamben, em “o que é o contemporâneo?”, no qual o filósofo italiano fala sobre o escuro enquanto imagem que problematiza a obra enquanto produto, favorecendo o encontro dos dias atuais com a ideia de processo e sensibilização da arte. Fala-se também da relação pressuposta pelo semiólogo Roland Barthes, em “o neutro” e “a morte do autor”, quando se é problematizada a questão da arte vista como um processo cheio de atravessamentos, colagens, montagens de referenciação. O artista não é mais tão valorizado como única voz verossímil a respeito de sua obra, mas sim as experiências dos espectadores tido como participante ativo das obras, bem como as múltiplas possibilidades de se discutir a obra a partir somente dela e não mais de tantos elementos biográficos vinculados à voz do artista em si. Por fim, retoma-se Walter Benjamin, com “a obra de arte na era da sua reprodutibilidade técnica”, texto em que o filósofo aborda a noção da aura e da força da obra mesmo após a chegada dos artifícios de reprodução estética, bem como discute a noção de obra prima e genialidade artística como elementos já ultrapassados diante do mercado da arte, já em 1960. A pílula recupera também o hibridismo das linguagens artísticas utilizadas para a composição disso que é ainda nomeado como contemporâneo. 
 

Panorama da arte contemporânea — novas (ou renovadas) formas de representação (instalação, multimidialidade, fotografia, cinema, performance, internet art…)

Nesta pílula, o aluno poderá acompanhar alguns artistas contemporâneos relevantes para a configuração das linguagens mais acessadas e desenvolvidas ao longo dos últimos anos nesse campo. São eles Chris Burden, artista norte americano que inaugura em 1960 o conceito de bodyart e instalação, trazendo as noções da importância do corpo do artista e do espectador para o funcionamento da arte, e ressignificando a noção de espaço e escultura com o conceito de instalação que ocupa para além das galerias e do cubo branco. Em seguida, a artista serva Marina Abramovic, que tem um trabalho expressivo acerca das performances artísticas, conceito pelo qual se redireciona a noção de teatro e ação, pois o vínculo é com o esgotamento do gesto do corpo do artista junto a objetos. Por fim, a artista brasileira, Rivane Neuenschwander que tem um trabalho experimental ligado à videoarte, relembrando que a arte contemporânea está muito vinculada às midialidades, ao uso da internet, bem como à elaboração de narrativas do campo do

sensível e do invisível, no seu trabalho é possível compreender a força das câmeras como um suporte interessante para a captação de imagens ligadas também ao ordinário como potência artística.

 

Arte contemporânea brasileira — o novo regional, o novo universal (no teatro, música, dança, artes plásticas…)

Nesta pílula, o aluno poderá acompanhar uma série de exemplificações juntamente a conceitos relacionados à dinamicidade e mestiçagem da produção artística brasileira. Misturando padrões internacionais a elementos típicos, tradicionais e peculiares da cultura brasileira, os artistas nacionais rompem padrões e ressignificam a órbita da construção de obras retomando aspectos tantos históricos, como também sensoriais, participativos, religiosos, tecnológicos. Para tanto, foram trazidos obras dos artistas: Marepe, baiano, que trabalha com a noção do ordinário,

do cotidiano, do capenga em suas obras para inclusive salientar a importância do espectador que torna a obra viva e também finita, pois passageiro; Ernesto Neto que recupera noção da sensorialidade em suas obras, retomando os sentidos, os olfato e o tato, sobretudo, como elementos que aguçam outras relações da obra com o corpo e o espaço; Adriana Varejão, outra artista que traz a construção de suas obras por meio dos azulejões de historiografia portuguesa, por ela repensados enquanto conceito de escultura e projeção dos resíduos coloniais do país. Fala-se também de outras linguagens artísticas, como o Grupo Galpão, de teatro em Belo Horizonte, o qual retoma muitos clássicos teatrais e os refaz com a linguagem popular e folclórica, alimentando uma potencialidade da arte naif e popular brasileiras, recupera-se também o último trabalho do grupo “éramos em bando” no qual o grupo faz um filme em meados da pandemia devido à covid-19, problematizando o lugar do público e do teatro em períodos de confinamento. Toma-se ainda como exemplo de linguagem musical a dupla O grivo (BH), em que a construção e composição musical é desgarrada dos instrumentos convencionais e se produz uma gambiarra, engenharia, que possa promover a discussão a respeito de melodia, som, música, harmonia, bem como o espaço de apresentação e a forma dos instrumentos que são reconhecíveis, porém deslocados de seus sentidos originais, retomando o próprio conceito das vanguardas surrealista e dadaísta. Ainda assim, fala-se também da dança promovida elaborada pelo Grupo Corpo (BH), enquanto problematização das noções de dança no Brasil e recuperação de elementos das danças populares e saberes populares para as construções coreográficas. Por fim, o artista mineiro Paulo Nazareth, que trabalha com a própria discussão acerca do que é o artista, a obra, a arte atualmente com performances e instalações que incomodam e transgridem as noções comuns acerca do que se produz (e não produz). A pílula finaliza deslocando a noção de regional e nacional diante da seleção de grande parte dos exemplos mineiros.

 

Arte urbana e popular: ressignificar e resistir — arte periférica, intervenções urbanas, slam, muralismo…

Nesta pílula, o aluno poderá acompanhar algumas técnicas e suportes usados para a produção de segmentos artísticos, são elas o stencil, os adesivos, os murais, arte viva (estátuas) e o lambelambe. Técnicas todas de correlação com baixo custo de matéria prima, realçando o caráter de que a obra é produzida e pensada para o espaço das urbanidades. A relação com o fato de serem expostas nas ruas, avenidas e viadutos também aciona essa dimensão de a cidade ser uma grande galeria, abolindo as espacialidades elitistas dos museus. Fala-se também dos artistas de rua reconhecidos há pouco pela crítica: o profeta Gentileza, que pinta poemas nos viadutos do Rio de Janeiro; as perfomances de Arthur Bispo do Rosário, que costura seus mantos questionando a qual elite eles vestiriam, e o projeto Cura, de Belo Horizonte, que expõe nas paredes externas dos prédios da região central da cidade murais elaborados por artistas de várias regiões do Brasil elaborando uma verdadeira galeria a céu aberto.