Resumo de redacao: Repertório sociocultural do tema “O aumento do número de jovens nem-nem: a geração que não trabalha nem estuda”



Quem liga para os “nem-nem”?

Com milhões de jovens que não estudam e nem trabalham, os nem-nem, lideranças e empresas precisam criar oportunidades, experiências e estímulos para uma geração paralisada e sem perspectiva de futuro próximo. O ano começou com mais de 12 milhões de jovens que não estudam nem trabalham, segundo a consultoria IDados. Muito além da ineficiência para o Estado, esse dado evoca desesperança.

No final do ano passado, o publicitário e criador da N Ideas, Nizan Guanaes, publicou um texto sobre a crise de esperança em que vivemos e como ele desejava uma desesperança e um "desassossego" a todos nós. O artigo provoca ainda mais quando coloca a indignação como um combustível, uma energia que nos mantém vivos e dispostos a querer mudar pela falta da esperança de quem alguém o faça. Um dos principais motivos do aumento dessa geração paralisada, segundo o levantamento da consultoria, é que a empregabilidade está atrelada à experiência prévia e, sem esta, os “nem- nem” continuam sem oportunidades.

Seja por falta de abrir novas chances para o ganho de experiência, seja por não oferecer o combustível necessário para promover uma “indignação” que convoque ao primeiro passo: o que falta para que uma faísca de vontade de trabalhar e/ou estudar surja em uma juventude que possa estar indignada? Existe uma inércia que precisa ser quebrada e ela passa pelas lideranças das empresas. Como explica o autor americano de best-sellers Simon Sinek, exercer a liderança é sobre enxergar um futuro possível e construir o caminho necessário e possível para atingi-lo.

https://www.revistahsm.com.br/post/quem-liga-para-os-nem-nem (Adaptado)

 

No Brasil, 12 milhões de jovens não estudam nem trabalham

O sonho de Gabriela Novazzi, de 27 anos, é conseguir um emprego para dar uma vida melhor ao filho, de 3 anos. Ela nunca teve um trabalho fixo, com carteira assinada, apenas bicos que consegue em eventos. Desde 2016, quando foi obrigada a abandonar a faculdade de educação física por questões financeiras, Gabriela não estuda nem trabalha. "Era minha mãe que me ajudava nos estudos, mas ela ficou sem trabalho e parou de pagar a universidade", diz. Sem experiência, ela está à procura de qualquer oportunidade de entrar no mercado de trabalho, mas a busca não tem sido fácil. "A maioria das empresas exige uma experiência anterior. É uma dificuldade", diz. Além de dar estabilidade ao filho, Gabriela também sonha em terminar a faculdade. "Nunca é tarde para recomeçar."

Ela faz parte de um contingente de jovens de até 29 anos que cresceu muito nos últimos tempos. São os chamados "nem-nem", ou seja, pessoas que nem estudam nem trabalham. O número de nem-nem teve um salto durante a pandemia, em 2020. Em 2021, os números recuaram um pouco, mas continuam acima do nível pré-covid 19. São quase 800.000 pessoas a mais ante o primeiro semestre de 2019 — quando o grupo representava 27,9% dos jovens até 29 anos. O problema é que desde 2012 o número está em crescimento. Naquela época, os nem-nem eram 25% da faixa etária (ou 10 milhões). "Isso representa uma ineficiência enorme para o Estado, já que muitas dessas pessoas tiveram um investimento público por trás", diz a pesquisadora da consultoria, Ana Tereza Pires, responsável pelo levantamento. Além da questão econômica, há também o lado individual de cada um dos jovens, sem experiência. A cada ano, diz ela, novos estudantes se formam e não conseguem ser absorvidos no mercado, o que cria um bolsão de nem-nem. Sem emprego nem renda, eles não conseguem estudar e muitos param no meio do caminho, como no caso de Gabriela. Segundo Ana Tereza, terminar a faculdade numa fase de recessão pode ter reflexos para toda a vida profissional. Os que conseguem emprego podem ter salários mais achatados comparados a quem se forma durante a expansão econômica.

Mesmo para quem já conseguiu emprego, a crise é um problema, porque pune primeiro os mais jovens, que têm menos experiência e recebem menos. As empresas preferem garantir a permanência dos profissionais especializados e de difícil contratação, sem contar que os mais jovens representam um custo menor na rescisão.

Na avaliação do presidente da Trevisan Escola de Negócios, Vandyck Silveira, a situação dos jovens é resultado de uma série de questões. A primeira está associada à educação. "Temos uma escola de ensino fundamental e médio de péssima qualidade, que não prepara o estudante para nada." O problema, para ele, não é por falta de investimento. Mas por investimento errado. Soma-se a isso o baixo crescimento da economia. Desde 2013, o país não consegue encontrar o caminho da retomada consistente. Entre 2017 e 2019, o produto interno bruto (PIB) cresceu uma média de 1,4% ao ano — resultado muito abaixo da capacidade. "Para empregar todos os jovens que entram no mercado de trabalho, o Brasil precisaria crescer, pelo menos, 3% ao ano", diz Silveira. "Estamos ficando definitivamente para trás."

Para especialistas, o crescimento dos nem-nem significa perda de produtividade e de capital humano. Para Marcelo Neri, diretor do FGV Social, o Brasil teve na pandemia o maior contingente da história de jovens nem-nem. Mas esse porcentual deve cair pela metade até o final do século, resultado da demografia. Na avaliação dele, essa geração está sacrificando o presente e o futuro. "Logo, o futuro do país está comprometido pela falta de quantidade e pelo tratamento de baixa qualidade dado à juventude." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

https://exame.com/brasil/no-brasil-12-milhoes-de-jovens-nao-estudam-nem-trabalham/ (Adaptado)

 

Jovens “nem-nem”: nem estudam e nem trabalham. De quem é a culpa?

Se você tem entre 15 e 24 anos, não estuda e nem trabalha, saiba que agora faz parte das estatísticas, 23% (2 a cada 10) dos jovens brasileiros não exercem nenhuma das funções citadas. A maior parte desse grupo é formada por mulheres de baixa renda. O número coloca o Brasil como um dos países com maior incidência de jovens "nem-nem", como são popularmente chamados, ficando atrás apenas do México, com 25%, e do El-Salvador, com 24%. Os dados são do estudo "Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou estudar?" realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, em dezembro de 2018.

A palavra “millennials” faz referência à geração nascida após os anos 2000 em que se encontram a maioria dos mais de 15 mil jovens entrevistados. A pesquisa aponta como principais motivos da situação problemas com habilidades cognitivas e socioemocionais, incluindo a capacidade de liderança, autoconfiança e trabalho em equipe, falta de políticas públicas, além de obrigações com a família. Mesmo com os conflitos apontados, demonstra-se que os jovens nem-nem não estão completamente ociosos, 31% deles estão procurando trabalho, principalmente os homens, e 64% se dedicam a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres.

Diante desses dados, seria o mercado de trabalho que, ao exigir cada vez mais habilidades, impede que os jovens estejam inseridos? Ou o governo que não oferece políticas públicas as quais oportunizem os adolescentes se capacitarem de forma correta? O desemprego no Brasil chegou a 11,9% no ano passado, a educação é listada com um dos piores índices do mundo, ocupando o 53º lugar entre 65 países avaliados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), fatos que estão diretamente ligados.

Políticas públicas de incentivo, que se antecipem aos principais problemas enfrentados pelos jovens, como falta de experiência e gravidez/paternidade precoce, são necessárias e urgentes para que essa realidade, que atinge 17% da população do país, não continue aumentando e até comprometendo outros índices no futuro, como taxa de população ativa, que atualmente ainda é maior que a de dependentes. A melhoria na educação, para que os professores tenham mais chance de ensinar e os alunos mais motivação para aprender, diminuindo, assim, a evasão escolar, medidas para reduzir a taxa de gravidez na adolescência além uma maior oferta de creches, possibilitando às mulheres uma chance de conciliar trabalho e estudo, são algumas alternativas que podem diminuir as estatísticas em curto prazo. Ao se tratar da oportunidade de se familiarizar com uma profissão e de obter experiência profissional, programas como o PRONATEC

- Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego - precisam ser fortalecidos e incentivados pelo poder público como também a maior adesão do Programa Jovem Aprendiz pelo setor privado, que de 2012 a 2015 teve a participação de 1.3 milhões de jovens quando, na verdade, esse é o número previsto para apenas um ano. Tudo isso constata que, apesar de haver oportunidades, elas ainda estão longe de atingir a todos os jovens, e, além de desigualdade social, educacional e econômica, a situação causa privação de melhorias para todo o país, mas principalmente na vida de cada um deles. Mesmo que a falta de políticas públicas seja a maior responsável pelo quadro, em alguns casos, também é necessário que pais, escolas e lideranças comunitárias se esforcem, dentro de suas possibilidades, para ajudar a reverter essa realidade.

https://www.blogdajuliska.com.br/jovens-nem-nem-nem-estudam-e-nem-trabalham-de-quem-e-a-culpa (Adaptado)
https://desidades.ufrj.br/featured_topic/jovens-nem-nem-brasileiros-as-entre-desconhecimento-das-experiencias-espetacularizacao-e-intervencoes/