Resumo de sociologia: Estratificação social



Estratificação social

Figura 1 - Crítica ao capitalismo - Ilustração "Pirâmide do Sistema Capitalista" no Jornal Industrial Worker, 1911, do Industrial Workers of the World. - 1911 - Artist not credited. Published by International Pub. Co., Cleveland, Ohio. [Public domain], <a href="

Até agora definimos a História da Sociologia, como o texto sobre Comte e o Positivismo, e seu surgimento e os principais nomes, como Durkheim, Marx e Weber. Contudo, para se interpretar a sociedade é necessário conceitos e ideias, que são desenvolvidas por autores, para que a análise tenha viés crítico e não só de opinião. No texto de hoje, falaremos sobre a Estratificação Social, e como é utilizada na sociologia, com a Sociedade de castas, estamental e de classes.

A palavra “Estratificação” vem do latim stratificatĭo que significa estrato, ou seja, camadas. A ideia de estratificação social é, portanto, a divisão da sociedade em estratos a partir do ponto de vista econômico, religioso, político, entre tantos outros. Em Sociologia, as definições são as mesmas, mas ganham outras cores dependendo de cada caso, o que não é diferente aqui. Apesar de pontos correlatos, há distinções importantes na aplicação desses conceitos no espaço e no tempo.

Existem 3 definições clássicas de estratificação social:

- Sociedade de castas – tem como maior exemplo a Índia e é baseada na religião. As castas são, de modo geral, definições dadas ao sujeito a partir da crença. No caso indiano, acredita-se que sua vida na Terra deva se basear nas ações proferidas em outras vidas. É o conceito de karma e reciprocidade, ou seja, se você realizou atos condenáveis em outros momentos, precisa passar por uma provação para que o ciclo se complete. Ou seja, a partir do ideal religioso, que influencia diretamente a sociedade, sua posição social é definida ao nascer e você não tem mobilidade nenhuma de ascensão entre os estratos. As principais castas indianas são, em ordem hierárquica da mais importante para a menos: Brâmanes, Xátrias, Vaicias, Sudras, Párias ou dalits. Dessa forma, mesmo que um pária consiga muito dinheiro, por exemplo, sua posição social não muda. Essa definição era adotada como política de Estado, o que ajudou a perpetuar a desigualdade social na Índia. Depois da Segunda Guerra Mundial, os processos de descolonização se tornaram frequentes na Ásia e África, sendo a Índia um deles. Além disso, com a criação da ONU e da Comissão de Direitos Humanos, diversas práticas foram analisadas e condenadas, se necessário, por não satisfazerem os critérios de direitos que um ser humano deveria possuir. Em 1947, com a independência indiana, o sistema de castas foi desvinculado da política, ampliando o conceito de cidadania no país. Porém, costumes seculares não terminam rapidamente, e a população manteve a divisão por castas por muito tempo.

- Sociedade Estamental – foi aquela encontrada na sociedade medieval e, também, moderna até as Revoluções Liberais, contudo é mais relacionada ao medievo. A divisão aqui obedece ao caráter sanguíneo e familiar, ou seja, se você nasce camponês, muito provavelmente morrerá camponês. Isso porque existia, em teoria, algum tipo de mobilidade social dentro dos estamentos, mas para alcançá-la era muito difícil. Seguindo a mesma ordem da anterior, a divisão se dava entre três estratos: Clero, Nobreza e Campesinato, na Idade Média; Primeiro, Segundo e Terceiro Estado, na Idade Moderna. Não havia justificativa religiosa, mas a desigualdade permanecia. Na sociedade medieval a Igreja ocupava um lugar privilegiado por ser a instituição mais estável da época, remanescente do Império Romano, e que ganhara prestígio ao longo do tempo. Sua influência política e econômica era latente, desde a nomeação de reis e nobres para cargos de importância nas monarquias europeias, até a posse de muitos alqueires de terra.

Apesar da constância, a Igreja sofreu abalos na Idade Média e início da Modernidade, e, mesmo assim, manteve sua importância, o que demonstra suas raízes profundas no costume popular. Na modernidade, o rei se tornara figura onipresente e valorosa, mas tanto clero quanto nobreza mantiveram a singularidade. Porém, nos interessa o Terceiro Estado, extremamente complexo e variado. Dentre eles ficam os burgueses, categoria nascida no final da Idade Média com a reinstalação do comércio como atividade econômica relevante. Como vimos nos textos sobre Absolutismo, a aliança com os reis foi primordial para a centralização política no período.

Os estamentos acabaram com as Revoluções Liberais, desde a inglesa no século XVII até a francesa no século XVIII. A partir desse momento surgiu a sociedade de classes

- Sociedade de classes – que só foi possível devido à consolidação do capitalismo, processo paulatino que começou no início da Idade Moderna, com a centralização política, o monopólio, a mudança econômica vivida pela sociedade e o nascimento da burguesia. Na divisão entre classes, portanto, o fato economia que é o fiel da balança, junto dos burgueses que desenvolveram uma nova forma de lidar com riqueza e dinheiro quebrando com a divisão estamental. A estratificação, nesse caso, ocorre entre Burguesia, que nos termos marxistas são aqueles que detém os meios de produção, e os operários ou trabalhadores, os que são a mão-de-obra. Esse tipo de divisão marcou a sociedade ocidental no século XIX, quando a economia se tornou a grande chave classificatória de tudo. Além disso, as mudanças drásticas ocorridas na organização urbana e social, como vimos em Introdução à Sociologia e o paradigma da ciência, alimentaram a necessidade do homem de classificar-se para se compreender.

Com o tempo, essa polarização ganhou outros contornos, com mais autores, como Max Weber e Pierre Bourdieu, que criaram mais definições que abarcassem a complexidade social. Os conceitos de classe A, B, C etc. vão além de uma classificação estanque, pois levam em consideração a mobilidade, o poder aquisitivo e de acesso, isto é, critérios que complementam a renda, por exemplo.

A partir desses conceitos, os sociólogos conseguiram compreender a sociedade do momento, por categorizá-la nesses estratos. Contudo, vale ressaltar que são conceitos mutáveis junto do social, que também se transforma.

Tenha em mente a ideia por trás da criação desses conceitos e como eles auxiliam na compreensão da sociedade, pois, assim, você conseguirá interpretar qualquer texto inserido na questão. Geralmente, há um gráfico ou imagem para analisar, e ter esses aparatos teóricos em mente são o diferencial para o aluno que quer acertar a questão.

1. (Upe-ssa 3 2017) Leia o texto a seguir:

Ao estudarmos a estratificação, temos que considerar não apenas as diferenças entre posições econômicas ou ocupações mas também o que acontece com os indivíduos que as ocupam. O termo mobilidade social refere-se ao movimento de indivíduos e grupos entre diferentes posições socioeconômicas.

GIDDENS, Anthony. Sociologia. 6. ed. Porto Alegre: Penso, 2012, p. 332.

Com base nesse conceito sociológico, qual dos estratos sociais a seguir NÃO permite a mobilidade social?

a) Estamento   

b) Estado   

c) Classe social   

d) Castas   

e) Proletariado   

2. (Upe 2015) Observe a figura a seguir:

A sociedade se organiza em camadas ou estratos. Estes permitem que os membros do grupo tenham desiguais oportunidades sociais e recompensas. A figura apresenta uma maneira de organização dos grupos por camadas ou estratos.

Sobre esta, é CORRETO afirmar que

a) a sociedade brasileira se organiza segundo esses critérios com a ressalva de que as oportunidades sociais e recompensas são igualitárias.   

b) os indivíduos que formam o grupo da figura pertencem às castas sociais, pois há uma rígida organização das posições das pessoas pelo nascimento.   

c) a divisão social é uma forma de estamento, pois é regulada por normas, de modo que a vida particular, com condições irracionais de consumo, impede a formação livre do mercado.   

d) a figura apresenta uma estrutura social formada por classes em que a classe média é composta pelas pessoas que estão na base da organização e estão sustentando os demais indivíduos do grupo.   

e) há uma desigualdade social provocada pela maneira desigual de distribuição das riquezas circulantes no grupo social, no qual aqueles que estão mais acima são sustentados pelos que estão na base do grupo.   

Gabarito: 

Questão 1 - [D] – a questão exige conhecimento sobre o sistema de castas indiano, que não dá nenhuma mobilidade social ao indivíduo.

Questão 4 - [E] – a imagem sugere que dentre as classes sociais, as mais baixas sustentam as mais altas e mesmo que, na teoria, exista a possibilidade de mobilidade, ela não ocorre de fato com a maioria, nem mesmo no capitalismo.

Estratificação Socialstratificatĭo - camadas

Existem 3 definições clássicas

- Sociedade de castas - Índia

ideal religioso

não tem mobilidade

Brâmanes, Xátrias, Vaicias, Sudras, Párias ou dalits

1947: o sistema de castas foi desvinculado da política

- Sociedade Estamental – Idade Média

caráter sanguíneo e familiar

pouca mobilidade – praticamente nenhuma

Clero, Nobreza e Campesinato

- Sociedade de classes – século XIX

consolidação do capitalismo

economia

burgueses e trabalhadores/ A, B, C etc.