Resumo de sociologia: Max weber e a sociologia compreensiva



Modernidade, racionalização e desencantamento

Max Weber, filósofo e sociólogo alemão, foi responsável por trabalhos que buscaram compreender diversos fenômenos sociológicos do mundo ocidental. Weber procurou entender as relações sociais em seus inúmeros e variados sentidos através da análise sócio-histórica, numa tentativa de elaborar modelos teóricos que auxiliassem a compreensão de diversos aspectos sociais da civilização de sua época. Por essa razão sua sociologia é dita compreensiva, na medida em que privilegia a interpretação ao invés da explicação. A racionalização mencionada weber está intrinsecamente relacionada às mudanças culturais, sociais e científicas que as sociedades modernas atravessaram ao longo do tempo. Essas transformações produziram grande impacto, como o gigantesco crescimento populacional nos meios urbanos e consolidação gradual do sistema capitalista, que se tornaram os alicerces para a organização das sociedades que predominam atualmente. Observando tais processos Weber concentrou-se em compreender como o desenvolvimento do pensamento racional ou racionalidade impactou instituições modernas como o Estado, os governos e todo o âmbito cultural e social dos indivíduos modernos. Paralelamente ao processo de racionalização, ocorre, de acordo com Weber, o desencadeamento do mundo, marcado pela decadência das explicações mágicas, míticas e religiosas, típico das sociedades anteriores, como tentativa de explicar o ordenamento da vida social, em consequência do progressivo desenvolvimento da ciência e valorização da razão como método de explicação e conhecimento.

Ação social

A ação social foi um conceito produzido pelo sociólogo alemão Max Weber como objeto de pesquisa da sociedade. Segundo Weber, a ação social é motivada dentro da sociedade pela comunicação e tem como objetivo elementar a interação entre os diferentes personagens do cenário social. Ocorrem quando os indivíduos produzem relações sociais com outros da sociedade, em um procedimento que implica ações e reações de ambos os envolvidos. De modo geral, é possível afirmar que a ação social é embasada em uma intencionalidade, ou seja, o indivíduo pratica uma ação e espera instintivamente uma resposta do outro. Weber classificou quatro formas de ação social: a tradicional, a afetiva, a racional com relação a valores e a racional com relação a fins. No primeiro caso, como o próprio nome sugere, as ações sociais são vinculadas a hábitos e costumes compartilhados por uma sociedade que mantém suas tradições ao longo do tempo. A segunda, também conhecida como “ação social emocional”, envolve sentimentos e emoções daquele a prática em relação àquele que a sofre. O sujeito que age ativamente tem a ação motivada por esperança, piedade, medo, raiva entre outros estímulos sentimentais. No terceiro caso, o princípio da ação está diretamente relacionado a valores sociais, subjetivos e religiosos de seu praticante. Assim, o indivíduo pode não usar tatuagens ou tomar bebidas alcoólicas por constituírem práticas contrárias a seus princípios morais, como na situação dos cristãos. No último caso, o importante é o fim que se deseja alcançar, dessa forma o agente da ação se propõe a praticar um ato usando meios racionais com objetivo de conseguir um resultado satisfatório. Nesse sentido, é o indivíduo que estuda por meios bons livros e ferramentas digitais com objetivo de obter boas notas no colégio ou vestibular.

O tipo ideal

Foi buscando desenvolver um método específico de análise social que Weber resolveu criar o “Tipo Ideal”, isto é, um dispositivo capaz de auxiliar na interpretação da sociedade como uma espécie de modelo metodológico de conhecimento. grosso modo, esse método permite ao investigador segregar e selecionar características do objeto em evidência com a intenção de formar um todo palpável e, assim, desenvolver um modelo ou tipo de estudo. A exemplo, quando pensamos em uma sociedade socialista somos capazes de reunir uma série de características de seu sistema político em nossa mente, o tipo ideal. Dessa forma, ao observarmos um outro sistema político somos aptos a compará-los a fim de classificá-lo como socialista ou não. Essa estrutura viabiliza ao pesquisador classificar com mais eficiência e qualidade os objetos de estudo. Com isso Weber pretendia criar um método comparativo, pelo qual o investigado conseguisse nortear suas pesquisas, tendo sempre como base ou protótipo o Tipo Ideal. Para ele, tal sistema é elaborado a partir da afirmação unilateral de um ou vários pontos de vista, e através do encadeamento de vários aspectos ou conceitos pelos quais se possa formar um quadro homogêneo de pensamento, ou seja, por meio dos quais seja possível elaborar um padrão ou modelo. Desse modo, a Tipo Ideal pode ser definido como uma construção mental do pesquisador, o qual ao estudar um tema singular seleciona tópicos específicos para análise do assunto ou fenômeno. A consequência de ser efeito da seleção de aspectos individualizados, é que os tipos são ideias e não propriamente corresponderam à realidade.

Tipos de dominação e concepção de estado em Weber

Para o sociólogo alemão Max Weber a dominação é um fenômeno presente em todos os períodos históricos da humanidade, estilhaçada em diversas práticas e relações sociais. Weber, além de sociólogo, também contribuiu significativamente ao estudar a ciência política e seus estudos se tornaram referência para a compreensão política atual, além de nos deixar uma importante interpretação do Estado. Segundo ele, o Estado é uma relação de homens que dominam seus iguais, mantida pela violência considerada legítima. Em outros termos, o Estado é a força política e administrativa que mantém a dominação social em um determinado espaço territorial, através da monopolização do poder e naturalização da violência considerada legítima. Dessa forma, é aparente a relação entre poder e dominação, enquanto o primeiro é a força exercida sobre os indivíduos dominados, o segundo representa a “recepção” ou subordinação a esse poder. Weber classificou três formas de dominação legítima: a dominação tradicional, a dominação racional-legal e a dominação carismática. A primeira, relaciona-se intrinsecamente a tradição e sua forma mais comum de dominação provém do sistema patriarcal, no qual a figura do patriarca ou senhor é central, sendo aqueles submissos a seu poder considerados súditos ou servos. A exemplo, o sistema colonial no período do Brasil colônia, no qual os escravos eram submissos ao senhor. A segunda, é a forma mais comum e legítima da dominação na atualidade, pois ela é estabelecida através de uma convenção social. Os exemplos mais genuínos são os contratos sociais criados pelos contratualistas dos séculos XVII e XVIII. A terceira forma de dominação, acontece por meio da capacidade carismática que um determinado indivíduo possui de mobilizar as massas populares. A comunidade de Canudos formada pelo profeta nordestino Antônio Conselheiros contra o poder arbitrário dos coronéis, é um exemplo.

A ética protestante e o espírito capitalista

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo é um dos mais célebres textos publicados, em 1905, pelo sociólogo alemão Max Weber. Considerado um clássico da literatura sociológica, a obra apresenta uma secularização de conceitos religiosos e sociológicos referência para o estudo da sociedade. A partir dela, Weber analisa as doutrinas protestantes com base na influência do calvinismo para a economia, além de buscar estabelecer uma analogia entre a predestinação e o sucesso material, como indicativo da graça divina, com o progresso do sistema capitalista moderno para as sociedades do seu tempo. O foco de análise weberiana é a história dos Estados Unidos, a partir da tese de que a economia capitalista estadunidense teria se desenvolvido com fundamento na influência ética de base calvinista, doutrina religiosa criada por João Calvino na Suíça, logo após a reforma protestante, e que surgiu na América do norte depois das ondas de imigrantes puritanos provenientes da Grã-Bretanha, no início do século XVII. O calvinismo foi responsável por lançar uma nova interpretação dos princípios morais que norteavam as relações de trabalho, na medida que criava um novo significado para as atividades de produção humana, pautado não mais na antiga visão católica que postulava o lucro e o trabalho como fonte de pecado, mas na valorização do trabalho e acúmulo de capital. Essa nova perspectiva viabilizou o desenvolvimento e avanço capitalista em vários países como Grã-Bretanha, Estado Unidos e Alemanha. Desse modo, o lucro e a riqueza deixavam de ser fonte de pecado e passavam a representar sinônimo da graça divina. Embora os princípios éticos supracitados não sejam a causa do capitalismo nos Estados Unidos, devem, no entanto, ser analisados como uma das suas causas fundamentais.

Comparativo entre Durkheim e Weber

Entre Durkheim e Weber podemos citar algumas características distintas em virtude do posicionamento argumentativo e teórico. Veja o quadro abaixo.

 

DURKHEIM

WEBER

História

Evolucionista

Multilinear, inúmeras possibilidades de trajetória

Indivíduo

Condicionado pela consciência coletiva

As ações sociais, dos indivíduos interagindo concedem a dinâmica da vida social

Objetos de estudo da sociologia

Os fatos sociais

O sentido das ações sociais

Sociedade moderna

Passagem da sociedade mecânica para a sociedade orgânica

Processo de radicalização, avanço por todos os campos da vida social

Correntes sociológicas

Funcionalismo-positivismo

Sociologia compreensiva, interacionismo simbólico

Método de análise

Explicação

Interpretação