Resumo de sociologia: Introdução à Sociologia e o paradigma da ciência



    Introdução à Sociologia e o paradigma da ciência

Figura 1 - Homem Vitruviano - Leonardo Da Vinci - c.1492 – símbolo do Antropocentrismo

A Sociologia é uma ciência que procura entender os fenômenos sociais. Surgida no século XIX, se desenvolveu a partir da necessidade que o ser humano teve de explicar o momento pelo qual passava. Portanto, entenderemos o que é essa ciência, por que é considerada como tal e como a sociologia se encaixa nesses princípios.

    A origem da ciência remonta ao Renascimento, desde os séculos XIII – XIV com a volta do comércio como uma atividade econômica viável. Além disso, no âmbito intelectual, desenvolveu-se o humanismo, com a retomada da cultura greco-romana. Antes de avançarmos, lembrem-se que o comércio não “morreu” na Idade Média, apenas deixou de ser uma atividade primordial para a economia dos países, assim como as obras da Antiguidade clássica não foram esquecidas. Na verdade, sobreviveram por causa dos monges copistas, e ficaram restritas aos ambientes eclesiásticos, sobretudo nas universidades.

Figura 2 - De revolutionibus orbium coelestium - Nicolau Copérnico - 1566 - Onde publicou a teoria heliocêntrica - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e9/De_revolutionibus_orbium_coelestium.jpg

    Uma das características do movimento renascentista foi o antropocentrismo, com o homem voltando a ser o centro de todas as coisas. Junto disso, nasce uma visão mais individual do mundo principalmente por uma classe que surge na época: o burguês. A burguesia mercantil incutiu novas formas de se organizar socialmente, de pensar a estrutura social e política. Nomes como Nicolau Copérnico (1473-1543), Nicolau Maquiavel (1469-1527), Thomas Morus (1478-1535), entre outros, apresentaram argumentos que refutavam formas de compreensão do mundo. A ciência surge no ato de desafiar o que era tido como certo. A partir do questionamento se desenvolvia uma linha de pensamento, baseada no empirismo, que responderia as diversas indagações. Copérnico, por exemplo, com a teoria do heliocentrismo desafiou o modo cristão – teocentrismo – de se enxergar o mundo através da sistematização do estudo.

Figura 3 - Sir Thomas More - Hans Holbein – 1527 - Frick Collection/Nova Iorque - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d2/Hans_Holbein%2C_the_Younger_-_Sir_Thomas_More_-_Google_Art_Project.jpg

    O inglês Thomas Morus, por sua vez, com sua obra A Utopia de 1516, cria a sociedade ideal orquestrada com os elementos que acredita serem os mais corretos, como a justiça, paz, igualdade, fraternidade, etc. A etimologia do nome vem do grego e significa o não-lugar, que seria o oposto à realidade encontrada na Inglaterra do Henrique VIII. A ilha retratada deveria ser governada por uma Monarquia Constitucional, o que se contrapõe ao Absolutismo existente na época. Além disso, descrevia uma sociedade mais livre, com maior mobilidade entre as classes, ou seja, diferente da estratificação encontrada no Antigo Regime.

Figura 4 - Retrato de Nicolau Maquiavel - Santi di Tito - c. século XVII - Palazzo Vecchio – Florença/Itália - https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e2/Portrait_of_Niccol%C3%B2_Machiavelli_by_Santi_di_Tito.jpg

     Outro pensador da política foi Maquiavel, que também discutiu a questão do poder na sociedade. Escreveu O Príncipe em 1513 que é, praticamente, um manual da prática política. Nascido em Florença e patrocinado por Lourenço de Médici, o autor defendia ideia de um príncipe que aprendesse a unificar o poder em si. A centralização de poder seria fundamental para a manutenção da soberania regional. Não era uma obra idealizada como a de Morus, pois trazia elementos para serem utilizados por meio de conceitos bem estabelecidos como a virtú – que era a habilidade do príncipe em controlar seu território – e a fortuna – circunstâncias que abalam a política, a sorte ou a crise. O príncipe deveria ter a virtú para conseguir governar com a fortuna, que o desafiaria de uma forma ou de outra. Assim, Maquiavel desvincula a política da ética, pois dissocia a ideia de Bem e Mal trazido pelo viés cristão. Outros como Hobbes e Rousseau também foram importantes para o desenvolvimento da ciência política, contudo serão trabalhados mais especificamente em outros textos. Percebemos, então, que o pensamento científico foi progredindo ao longo do tempo, até chegar aos séculos XVIII e XIX. A visão científica do mundo se tornou a primeira matriz explicativa para todos os aspectos possíveis. O que não se configurava ciência era visto como mito ou errado e isso aconteceu por causa da ideologia que remetia à imparcialidade, pois o paradigma científico tendia à neutralidade. Ou seja, o cientista deve despir-se das opiniões pessoais. No caso das exatas ou biológicas a observação prática da realidade auxiliava para que essa ideia fosse corroborada. Contudo, as ciências denominadas humanas (História, Sociologia, Antropologia, etc) lidam com as ações humanas que uma pessoa deve analisar sem imprimir parcialidade. Aí reside a complexidade dessas disciplinas. No século XIX, porém, isso não era uma questão. A neutralidade era vista como obrigação e claramente possível de ser alcançada. A Sociologia, como dito acima, surgiu nos oitocentos com o objetivo de entender os fenômenos sociais. A reflexão e discussão sobre os modelos de sociedade existem desde a Antiguidade, com Sócrates, Platão e Aristóteles, por exemplo, mas eles eram filósofos sociais e não cientistas no sentido moderno da palavra. E por que? O que diferencia a ciência da reflexão é que aquela precisa de método e rigor para analisar um objeto bem definido, e traria uma resolução, que eram as classificações dos tipos sociais. É nesse momento que surgem a Antropologia, a Arqueologia, além da História se tornar ciência.

    É fundamental destacar que nós no Brasil partimos do referencial ocidental, como no restante das Américas e da Europa, porque a Sociologia surge como uma ciência conectada às transformações históricas da modernidade. Desde a Revolução Industrial, em 1760, o Velho Continente sofreu mudanças estruturais em todos os aspectos. A política do Antigo Regime foi desestabilizada e encontrou seu fim com os movimentos revolucionários. A burguesia, classe social que ascendia com mais força a partir daquele momento, reivindicava seu espaço político exigindo maior poder. Nas aulas de História sobre o Iluminismo e as Revoluções do século XVIII, vocês podem conferir com detalhes os processos ocorridos na Inglaterra, na França e nos Estados Unidos com a declaração de independência em 1776. No século XIX, a industrialização trouxe novas formas de se organizar socialmente. Junto disso, as mudanças econômicas foram profunda, levando a um grande deslocamento de pessoas ao redor das fábricas criando novos centros urbanos. É a partir dessas transformações que a Sociologia surgiu. Seu objeto de estudo é o homem na interação social e como aquela sociedade moderna se comportava, o porquê daquilo acontecer.

    SOCIO/LOGIA – Vem do latim socius que significa associação ou associações humanas; e do grego logos que é conhecimento ou estudo. Ou seja, é uma sistematização do conhecimento das ações humanas em sociedade, é a interpretação de nós mesmos, os movimentos e razoes pelas quais as coisas estão acontecendo. Como o estudo é feito a partir de objetos bem definidos para análise a partir do método, são necessários conceitos para a construção das respostas. Alguns exemplos são:- Instituição social: é um mecanismo que estrutura os indivíduos em um determinado grupo que regula e compartilha o comportamento desde o nascimento. Ex: família, escola, Estado, entre outros; - Ideologia: ideias que conduzem as ações de uma pessoa ou grupo. A etimologia da palavra significa “estudo de ideias”, ou seja, todos possuem um ponto de vista; - Sociedade: conjunto de pessoas associadas a partir de características próprias. Os membros da sociedade compartilham várias maneiras de viver, compreender o espaço, língua, cultura, etc. A ciência, portanto, é fundamental para entendermos a Sociologia e esta tem como definição o estudo da formação dos fenômenos sociais que atingiram a sociedade ocidental pós-Revoluções. Nos próximos textos veremos os fundadores dessa ciência, seus métodos e como influenciaram o mundo nos seus tempos.

   Como o texto diz, Sociologia é a ciência que estuda a sociedade, ou seja, sem ela nós não entenderíamos os nossos próprios problemas. Os vestibulares, sabendo disso, cobram a aplicação dos principais conceitos da disciplina por meio da interpretação das citações. Os grandes sociólogos, tanto estrangeiros quanto brasileiros, também aparecem com frequência nas questões. A multidisciplinaridade é recorrente, então alie seus conhecimentos em História, Filosofia, Literatura e Geografia para responderem as questões.

 

1. (Enem 2013) 

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações.

Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para

a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.   

b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.   

c) provocar a reflexão sobre essa realidade.   

d) propor alternativas para solucionar esse problema.   

e) retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.   

2. (Unioeste 2014)  Os fenômenos sociais são objeto de investigação desde o surgimento da filosofia, na Grécia Antiga, por volta dos séculos VII e VI a.C.; mas a constituição de uma ciência específica da sociedade remonta apenas ao século XIX. Considerando-se o enunciado acima, assinale a alternativa que apresenta as principais causas que contribuíram para o nascimento da Sociologia na Europa do século XIX.

a) As modificações no modo vigente de compreender os povos tribais na Europa do século XIX possibilitaram a constituição da Sociologia.   

b) As alterações na mentalidade religiosa na Europa do século XIX condicionaram o surgimento da Sociologia.   

c) As mudanças econômicas, políticas e sociais que moldaram as sociedades europeias do século XIX geraram perguntas ('questão social') que demandaram a constituição da Sociologia.   

d) As mutações ocorridas na filosofia e na moral das sociedades europeias do século XVI contribuíram para o surgimento da Sociologia.   

e) As transformações na sensibilidade estética das sociedades europeias do século XIX favoreceram o processo de formação da Sociologia.   

Gabarito

Questão 1 - [C] – Interpretação de textos e imagens são primordiais para qualquer vestibulando, e isso serve para todas as disciplinas. Na ilustração, observa-se as diferenças entre as duas crianças, suas ações e necessidades. A partir daí você consegue entender a ideia de classe social.

Questão 2 - [C] – Aqui, utilize seus conhecimentos históricos para entender as mudanças que ocorreram no mundo entre os séculos XVIII e XIX para que a Sociologia fosse criada.

 

SOCIO/LOGIA –latim socius: associação/ grego logos que é conhecimento. Ciência que busca a compreensão das ações humanas. Início: século XIX. Transformações políticas, econômicas e sociais. Criação de um método de análise, com conceitos, hipóteses e resultados.