Resumo de sociologia: Trabalhos e modos de produção ontem e hoje



Trabalhos e modos de produção ontem e hoje

Figura 1 - Exemplo do sistema Fordista - Imagem publicada em Literary Digest - Entrevista com Henry Ford - 7 de janeiro de 1928 - Literary Digest 1928-01-07 Henry Ford Interview / Photographer unknown [Public domain], <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/F

Até agora, o foco dos textos de Sociologia residiu nos autores e seus contextos, como nas análises sobre Karl Marx, Max Weber e Émile Durkheim, no surgimento da Sociologia também, em Introdução à Sociologia e o paradigma da ciência. Aqui, abordaremos o Trabalho, um tema muito estudado pela disciplina, seus conceitos e como é analisado nos dias de hoje. Portanto, você perceberá o eco dos principais autores estudados na conceitualização do termo, e isso é a base para se desenvolver o método sociológico.

A palavra trabalho vem do latim tripalium, que era uma ferramenta utilizada para imobilizar equinos e gado para serem ferrados. Além disso, também ficou associada com a tortura. A definição de trabalho é complexa, pois seu significado variou por muito tempo na História. outro ponto é que está intrínseco ao homem, o que torna a construção do conceito ainda mais difícil. A Sociologia, hoje em dia, define genericamente que o trabalho é uma atividade realizada pelo homem com uma finalidade especifica, seja produzir algo para troca e/ou consumo próprio, ou prestar um serviço para outro, por exemplo.

Na História, o ato de trabalhar nem sempre foi visto de forma positiva. Se hoje se relaciona diretamente a dinheiro ou finanças, o trabalho já foi designado como uma ação sem lucro material, apenas social. Na Grécia Antiga, por exemplo, os políticos trabalhavam em prol da sociedade, a vida pública – práxis – não tinha o sentido de ganho pessoal como o que temos hoje. Quem trabalhava para sobreviver eram as classes mais baixas tanto economicamente quanto no sentido intelectual.

Hoje, nossa visão foi moldada a partir das transformações ocorridas com a Revolução Industrial, em 1760. Trabalhar obteve o sentido de fonte de riqueza e de qualificação do sujeito. Isto é, o ofício passa a ser um definidor do indivíduo, pois determina sua classe. Tudo ficou interligado: ganho econômico e posição social. Esse ponto de vista surge com o capitalismo e o próprio Marxismo, teoria de Karl Marx, junto das ideias de Émile Durkheim também, que escreveu a Divisão Social do Trabalho.

Apesar de adjetivarem de forma diferente, ambos observam a transformação do trabalho na sociedade e atestam que, deste momento em diante, o que importava era o fim, o ganho, e não mais o sentido daquilo. Perdeu-se, quando falamos da maioria, a ideia de ofício de entender as etapas da criação de um produto. Para Marx, isso é a alienação do trabalhador. Para Durkheim, cria e traz a solidariedade entre eles, mas os dois concordam que existiu uma mudança significativamente. Para Max Weber, por sua vez, essa divisão nova do trabalho dá status ao homem, o define de uma forma que não ocorria anteriormente, isto é, uma nova maneira de enxergar a situação do período.

Marx pautou sua teoria sociológica nas relações de trabalho. Para ele, a sociedade se transformou ao longo dos séculos por causa do trabalho. Quando desenvolveu o conceito de modos de produção, ele demonstrou como analisava o ciclo histórico a partir do labor. A luta de classes que era a força motriz da sociedade, significa que havia a tensão entre quem detinha a mão-de-obra e aqueles que possuíam os meios de produção. Todos esses autores, apesar de divergirem em vários pontos, direcionaram seus olhares à condição do trabalho no século XIX, por perceberem as modificações estruturais causadas na sociedade.

A partir do século XX, surgiram sistemas de produção em massa como o Fordismo e, posteriormente, o Taylorismo e, por sua vez, as jornadas de trabalham foram modificadas e, por consequência, uma reunião e organização dos trabalhadores. Em suma, a sociedade também passou a reivindicar seus direitos e deveres a partir das relações de trabalho. O trabalhador não tinha mais o controle do que produzia, seu tempo era destinado ao ganhar pão e mediar suas vidas e necessidades com as do empregador, que são diferentes.

No caso do Brasil, particularmente, durante séculos da época colonial e do Império, o trabalho escravo era a principal força motriz. Existia mão-de-obra livre, sobretudo na produção para o mercado interno, mas o sistema agrário-exportador era totalmente comandado pelos escravos. A partir de 1850, com a proibição do tráfico, a configuração do trabalho começou a mudar. Contudo, a exploração ainda era o modus operandi comum. Os imigrantes que chegaram ao país não tinham o mesmo regime, mas viveram condições de trabalho muito ruins, seja no campo quanto na cidade. Apesar disso, não havia grandes atuações das organizações de trabalhadores.

No século XX, a situação mudou. Houve a manutenção do sistema agrário-exportador, mas a urbanização crescia junto do investimento industrial. Os problemas relacionados à jornada de trabalho, salário, direitos, que os europeus viveram no século XIX, o Brasil passava naquele momento. Na década de 1910, as organizações sindicais passaram a se manifestar mais acintosamente, o que culminou na greve de 1917, uma carta cristalina das reivindicações dos trabalhadores.

O país, contudo, só regulamentou as leis trabalhistas no Estado Novo de Getúlio Vargas. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) ocorreu a partir do decreto-lei nº 5452 de 1º de maio de 1943, muito tempo depois da adoção da mão-de-obra livre. O salário-mínimo, por exemplo, só foi introduzido em 1940. Até então, quem decidia os valores que deveriam ser pagos era o patrão. A CLT foi uma das grandes medidas legislativas do Brasil republicano, pois regulamentou uma atividade que por séculos foi escravista. Contudo, devem entender que o trabalho exploratório ainda faz parte da realidade brasileira e a sociedade se mobiliza para tentar neutralizar a desigualdade causada pelo sistema.

Entender o conceito de trabalho é importante para conseguir interpretar os textos que possam discutir as condições do presente e do passado. Mesmo que não caia uma questão específica sobre os significados desse conceito, saber analisá-lo é fundamental.

1. (Ufu 2015) Nas últimas décadas, o Brasil experimentou mudanças demográficas, sociais, culturais, econômicas e políticas significativas. A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho e na política, a melhoria de seu nível educacional, a redução da fecundidade, a postergação da maternidade, a redução da resistência a novos atributos para os papeis feminino e masculino são algumas delas. No entanto, os ritmos de tais mudanças parecem seguir descompassados.

PICANÇO, Felícia Silva. Amélia e a mulher de verdade: representações dos papéis da mulher e do homem em relação ao trabalho e à vida familiar. Em: ARAÚJO, C. & SCALON, C. (org.). Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

De acordo com o trecho acima, as desigualdades de gênero na inserção no mercado de trabalho persistiriam devido à

a) maior participação dos membros masculinos nas tarefas concernentes ao trabalho doméstico.   

b) representação de que não cabe apenas ao homem, enquanto chefe de família, o papel de provedor do grupo doméstico.   

c) crença no fato de que o ingresso feminino no mercado de trabalho gera um prejuízo à família.   

d) crítica à representação da mulher como naturalmente disposta a assumir os papéis de esposa e mãe.   

2. (Enem PPL 2015) Uma dimensão da flexibilização do tempo de trabalho é a sutileza cada vez maior das fronteiras que separam o espaço de trabalho e o do lar, o tempo de trabalho e o de não trabalho. Os mecanismos modernos de comunicação permitem que, no horário de descanso, os trabalhadores permaneçam ligados à empresa. Mesmo não exercendo diretamente suas atividades profissionais, o trabalhador fica à disposição da empresa ou leva problemas para refletir em casa. É muito comum o trabalhador estar de plantão, para o caso de a empresa ligar para o seu celular ou pager.

A remuneração para esse estado de alerta é irrisória ou inexistente.

KREIN, J. D. Mudanças e tendências recentes na regulação do trabalho. In: DEDECCA,

C. S.; PRONI, M. W. (Org.). Políticas públicas e trabalho: textos para estudo dirigido.

Campinas: IE/Unicamp; Brasília: MTE, 2006 (adaptado).

A relação entre mudanças tecnológicas e tempo de trabalho apresentada pelo texto implica o

a) prolongamento da jornada de trabalho com a intensificação da exploração.   

b) aumento da fragmentação da produção com a racionalização do trabalho.   

c) privilégio de funcionários familiarizados com equipamentos eletrônicos.   

d) crescimento da contratação de mão de obra pouco qualificada.   

e) declínio dos salários pagos aos empregados mais idosos.   

Gabarito

Questão 1 - [C] – a questão discute as mudanças ocorridas no Brasil para que a presença das mulheres no mercado de trabalho aumentasse. Utilize seus conhecimentos sobre a história das mulheres e do feminismo para interpretar o enunciado.

Questão 2 - [A] – aqui temos um texto que discute a jornada de trabalho, prolongamento das horas do trabalhador devido a vários motivos, o que aumenta a exploração do trabalho.

Palavra: trabalho - latim tripalium: Ferramenta para colocar ferradura nos animais; tortura

Definição de trabalho é complexa

Karl Marxalienação, modos de produção, luta de classes

Émile Durkheim - Divisão Social do Trabalho - solidariedade

Max Weber – dá status ao homem

Século XX – Fordismo e Taylorismo

- Brasil

trabalho escravo

A partir de 1850 - mão-de-obra livre, porém manutenção do sistema agrário-exportador

Século XX - urbanização crescia junto do investimento industrial

greve de 1917

CLT - decreto-lei nº 5452 de 1º de maio de 1943.