Questão2014Português
(CEFET-RJ - 2014)
Turismo na favela: E os moradores?
gua morro abaixo, fogo morro acima e invaso de turistas em favelas pacificadas so difceis de conter. Algo precisa ser feito para que a positividade do momento no transforme esses lugares em comunidades s pra ingls ver. As favelas pacificadas tornaram-se alvo de uma volpia consumidora poucas vezes vista no Rio de Janeiro. O momento em que se instalaram as Unidades de Polcia Pacificadora em algumas favelas foi como se tivesse sido descoberto um novo sarcfago de Tutankamon, o fara egpcio: uma legio de turistas, pesquisadores, empresrios, comerciantes descobriram as favelas.
O Santa Marta, primeira favela a ter uma UPP ao longo dos seus quase 80 anos, sempre recebeu, na maioria das vezes de forma discreta, visitantes estrangeiros. E, em alguns casos, ilustres: Rainha Elizabeth, Senador Kennedy, Gilberto Gil. At mesmo Michael Jackson, quando gravou seu clipe na favela, no permitiu a presena da mdia. A partir de 2008, iniciou-se a era das celebridades e a exposio da favela para o mundo.
Algumas perguntas, porm, precisam ser feitas e respondidas no momento em que o poder pblico pensa em investir nesse filo: o que uma favela preparada para receber turistas? Que 1maquiagem precisa ser feita para que o turista se sinta bem? Que produtos os turistas querem encontrar ali? O comrcio local deve adaptar-se aos turistas ou servir aos moradores? Se o Morro no uma propriedade particular, se no tem um dono, todo e cada morador tem o direito de opinar sobre o que est se passando com o seu lugar de moradia.
Essas e outras questes devem pautar o debate entre moradores e gestores pblicos sobre o turismo nas favelas pacificadas. Se os moradores no se organizarem e se no assumirem o protagonismo das aes de turismo e de entretenimento no Santa Marta, vamos assistir aos nativos os de dentro servindo de testa de ferro para empreendimentos e iniciativas dos de fora, s custas de uma identidade local que aos poucos vai perdendo suas caractersticas.
Tomar os princpios do turismo comunitrio integridade das identidades locais, protagonismo e autonomia dos moradores talvez ajude-nos a encontrar estratgias para receber os de fora sem sucumbir s regras violentas de um turismo mercadolgico.
Itamar Silva Presidente do Grupo Eco Santa Marta e diretor do Instituto Brasileiro de Anlises Sociais e Econmicas (Ibase). Adaptado de: Jornal O Dia, 31/01/2013.
gua morro abaixo, fogo morro acima e invaso de turistas em favelas pacificadas so difceis de conter. Algo precisa ser feito para que a positividade do momento no transforme esses lugares em comunidades s pra ingls ver.
Embora os dois perodos acima no estejam ligados por meio de um conectivo, possvel identificar uma relao de sentido entre eles, atribuindo-se coerncia ao fragmento. Essa relao de sentido poderia ser explicitada pelo uso do seguinte elemento de coeso: