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Questões de Português - EFOMM 2019 | Gabarito e resoluções

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Questão
2019Português

(EFOMM - 2019) Passeio Infncia Primeiro vamos l embaixo no crrego; pegaremos dois pequenos cars dourados. E como faz calor, veja, os lagostins saem da toca. Quer ir de batelo, na ilha, comer ings? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a gua rasa? No catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque urgente subir no morro; os sanhaos esto bicando os cajus maduros. janeiro, grande ms de janeiro! Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer escorregando no capim at a beira do aude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval no ms que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de mscaras. Ou ento vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um p de saboneteira. Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha, numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa infncia de uma terra longe. verdade que jamais comeu angu de fundo de panela? Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o canivete. Mas no consigo imagin-la assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto praia. Iremos catar conchas cor-de-rosa e bzios crespos, ou armar o alapo junto do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser trs horas da tarde, as galinhas l fora esto cacarejando de sono, voc gosta de fruta-po assada com manteiga? Eu lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez voc fosse como aquela menina rica, de fora, que achou horrvel nosso pobre doce de abbora e coco. Mas eu a levarei para a beira do ribeiro, na sombra fria do bambual; ali pescarei piaus. H rolinhas. Ou ento ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na correnteza, passando rente s pedras, como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar afora at no poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-peixe. Lembro-me que vi o ladro morrer afogado com os soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado do rio gritando. Mas como eu poderia, mulher estranha, convert-la em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas. Tinha uma que era para mim uma adorao. Ah, paixo da infncia, paixo que no amarga. Assim eu queria gostar de voc, mulher estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, voc estava distrada, meus olhos eram outra vez os encantados olhos daquele menino feio do segundo ano primrio que quase no tinha coragem de olhar a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco. Adorao de infncia. Ao menos voc conhece um passarinho chamado sara? E um passarinho mido: imagine uma sara grande que de sbito aparecesse a um menino que s tivesse visto coleiros e curis, ou pobres cambaxirras. Imagine um arco-ris visto na mais remota infncia, sobre os morros e o rio. O menino da roa que pela primeira vez v as algas do mar se balanando sob a onda clara, junto da pedra. Ardente da mais pura paixo de beleza a adorao da infncia. Na minha adolescncia voc seria uma tortura. Quero lev-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele no sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; so pequenas coisas do mato e da gua, so humildes coisas, e voc to bela e estranha! Inutilmente tento convert-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos ps. Linda como a areia que a onda ondeou. Sara grande! Na adolescncia me torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda assim s vezes como um bando de sanhaos bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avanando, saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com cigarras. Mas voc como se houvesse demasiadas cigarras cantando numa pobre tarde de homem. Julho, 1945 Crnica extrada do livro 200 crnicas escolhidas, de Rubem Braga. O adjetivo na essncia um termo modificador do substantivo e pode se antepor ou pospor a este. Assinale a opo em que se percebe mudana de sentido quanto posio do adjetivo.

Questão
2019Português

(EFOMM - 2019) Como Dizia Meu Pai J se tomou hbito meu, em meio a uma conversa, preceder algum comentrio por uma introduo: Como dizia meu pai... Nem sempre me reporto a algo que ele realmente dizia, sendo apenas uma maneira coloquial de dar nfase a alguma opinio. De uns tempos para c, porm, comecei a perceber que a opinio, sem ser de caso pensado, parece de fato corresponder a alguma coisa que Seu Domingos costumava dizer. Isso significar talvez Deus queira que insensivelmente vou me tomando com o correr dos anos cada vez mais parecido com ele. Ou, pelo menos, me identificando com a herana espiritual que dele recebi. No raro me surpreendo, antes de agir, tentando descobrir como ele agiria em semelhantes circunstncias, repetindo uma atitude sua, at mesmo esboando um gesto seu. Ao formular uma ideia, percebo que estou concebendo, para nortear meu pensamento, um princpio que, se no foi enunciado por ele, s pode ter sido inspirado por sua presena dentro de mim. No fim tudo d certo... Ainda ontem eu tranquilizava um de meus filhos com esta frase, sem reparar que repetia literalmente o que ele costumava dizer, sempre concluindo com olhar travesso: Se no deu certo, porque ainda no chegou no fim. Gosto de evocar a figura mansa de Seu Domingos, a quem chamvamos paizinho, a subir pausadamente a escada da varanda de nossa casa, todos os dias, ao cair da tarde, egresso do escritrio situado no poro. Ou depois do jantar, sentado com minha me no sof de palhinha da varanda, como namorados, trocando notcias do dia. Os filhos guardavam zelosa distncia, at que ela ia aos seus afazeres e ele se punha disposio de cada um, para ouvir nossos problemas e ajudar a resolv-los. Finda a ltima audincia, passava a mo no chapu e na bengala e saa para uma volta, um encontro eventual com algum amigo. Regressava religiosamente uma hora depois, e tendo descido a p at o centro, subia sempre de bonde. Se acaso ainda estvamos acordados, podamos contar com o saquinho de balas que o paizinho nunca deixava de trazer. Costumava se distrair realizando pequenos consertos domsticos: uma boia de descarga, a bucha de uma torneira, um fusvel queimado. Dispunha para isso da necessria habilidade e de uma preciosa caixa de ferramentas em que ningum mais podia tocar. Aprendi com ele como indispensvel, para a boa ordem da casa, ter mo pelo menos um alicate e uma chave de fenda. Durante algum tempo andou s voltas com o velho relgio de parede que fora de seu pai, hoje me pertence e amanh ser de meu filho: estava atrasando. Depois de remexer durante vrios dias em suas entranhas, deu por findo o trabalho, embora ao remont-lo houvessem sobrado umas pecinhas, que alegou no fazerem falta. O relgio passou a funcionar sem atrasos, e as batidas a soar em horas desencontradas. Como, alis, acontece at hoje. Tinha por hbito emitir um pequeno sopro de assovio, que tanto podia ser indcio de paz de esprito como do esforo para controlar a perturbao diante de algum aborrecimento. As coisas so como so e no como deviam ser. Ou como gostaramos que fossem. Este pronunciamento se fazia ouvir em geral quando diante de uma fatalidade a que no se poderia fugir. Queria dizer que devemos nos conformar com o fato de nossa vontade no poder prevalecer sobre a vontade de Deus - embora jamais fosse assim eloquente em suas concluses. Estas quase sempre eram, mesmo, eivadas de certo ceticismo preventivo ante as esperanas vs: O que no tem soluo, solucionado est. E tudo que acontece bom talvez no chegasse ao cmulo do otimismo de afirmar isso, como seu filho Gerson, mas no vacilava em sustentar que toda mudana para melhor: se mudou, porque no estava dando certo. E se quiser que mude, no podendo fazer nada para isso, espere, que mudar por si. [...] Tudo isso que de uns tempos para c me vem ocorrendo, s vezes inconscientemente, como legado de meu pai, teve seu coroamento h poucos dias, quando eu ia caminhando distrado pela praia. Revirava na cabea, no sei a que propsito, uma frase ouvida desde a infncia e que fazia parte de sua filosofia: no se deve aumentar a aflio dos aflitos. Esta mxima me conduziu a outra, enunciada por Carlos Drummond de Andrade no filme que fiz sobre ele, a qual certamente Seu Domingos perfilharia: no devemos exigir das pessoas mais do que elas podem dar. De repente fui fulminado poruma verdade to absoluta que tive de parar, completamente zonzo, fechando os olhos para entender melhor. No entanto era uma verdade evanglica, de clareza cintilante como um raio de sol, cheguei a fazer uma vnia de gratido a Seu Domingos por me hav-la enviado: S h um meio de resolver qualquer problema nosso: resolver primeiro o do outro. Com o tempo, a cidade foi tomando conhecimento do seu bom senso, da experincia adquirida ao longo de uma vida sem maiores ambies: Seu Domingos, alm de representante de umas firmas inglesas, era procurador de partes solene designao para uma atividade que hoje talvez fosse referida como a de um despachante. A princpio os amigos, conhecidos, e depois at desconhecidos passaram a procur-lo para ouvir um conselho ou receber dele uma orientao. Era de se ver a romaria no seu escritrio todas as manhs: um funcionrio que dera desfalque, uma mulher abandonada pelo marido, um pai agoniado com problemas do filho era gente assim que vinha buscar com ele alvio para a sua dvida, o seu medo, a sua aflio. O prprio Governador, que no o conhecia pessoalmente, certa vez o consultou atravs de um secretrio, sobre questo administrativa que o atormentava. No se falando nos filhos: mesmo depois de ter sado de casa, mais de uma vez tomei trem ou avio e fui colher uma palavra sua que hoje tanta falta me faz. Resta apenas evoc-la, como fao agora, para me servir de consolo nas horas ms. No momento, ele prprio est aqui a meu lado, com o seu sorriso bom. SABINO, Fernando. A volta por cima. In: Obra Reunida v. III. Rio de Janeiro: Ed. Nova Aguilar, 1996. (Texto adaptado) Com base no texto, responda questoque se segue. Assinale a opo em que a palavra sublinhada pertence a uma categoria diferente dos demais pronomes.

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