(FAMERP - 2017) H em Berlim uma casa que nunca fecha. Aquela noite que no termina jamais pode de fato comear a qualquer momento do dia, s sete da manh ou ainda s dez. L todos os tempos se estendem e noite e dia se transformam em outra coisa. Naquela imensa boate que pretende expandir o seu plano de existncia, seu tempo infinito, sobre a vida e a cidade, construda em uma antiga fbrica uma antiga usina de energia nazista , todo tipo de figura da noite se encontra, em uma festa fantstica alucinada que deseja no terminar jamais. luz da vida 1tecno avanada, as ideias tradicionais de dia e de noite se revelam mais frgeis, bem mais inslitas do que a vida cotidiana sob o regime da produo nos leva a crer. Para alguns, o mundo do dia se tornar definitivamente vazio e apenas a noite excitada e veloz vai concentrar em si o valor do que vivo. Naquela boate, como em muitas outras, tudo se encerra apenas quando o efeito prolongado e sistemtico da droga se encerra. Como uma pausa para respirar, s vezes tendo passado muitos dias entre uma jornada de diverso e sua suspenso momentnea. Para muitos, apenas pelo tempo mnimo da reposio das foras at a prxima jornada, extenuante, sem fim, pela poltica imaginria da noite. E, ainda mais. Para outros tantos, o prprio efeito da droga sob a pulsao infinita da msica eletrnica, experincia programtica e enfeitiada, no deveria se encerrar jamais: estes estariam destinados ao projeto de dissoluo na pulsao sem eu da msica tecno, seja a dissoluo do esprito, em uma infantilizao sem fim para os embates materiais da vida, seja a dissoluo do corpo, ambos igualmente reais. De fato, aps uma noite de vida tecno, forte a experincia radical de vazio que se torna o esprito do dia. A energia foi imensamente gasta noite. Foi devastada, tornando o dia vazio de objeto, porm vivo. Vivo no vazio, muito bem articulado busca pelo excedente absoluto de mais tarde, noite. A msica do tempo infinito, 2012. Adaptado. 1tecno: estilo de msica eletrnica. H em Berlim uma casa que nunca fecha. (1 pargrafo) No perodo em que est inserida, a orao destacada tem valor e funo, respectivamente, de
(Famerp 2017) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o trecho do romance O cortiço, de Aluísio Azevedo, para responder à(s) questão(ões) a seguir. Junto dela pôs-se a trabalhar a Leocádia, mulher de um ferreiro chamado Bruno, portuguesa pequena e socada, de carnes duras, com uma fama terrível de leviana entre suas vizinhas. Seguia-se a Paula, uma cabocla velha, meio idiota, a quem respeitavam todos pelas virtudes de que só ela dispunha para benzer erisipelas e cortar febres por meio de rezas e feitiçarias. Era extremamente feia, grossa, triste, com olhos desvairados, dentes cortados à navalha, formando ponta, como dentes de cão, cabelos lisos, escorridos e ainda retintos apesar da idade. Chamavam-lhe Bruxa. Depois seguiam-se a Marciana e mais a sua filha Florinda. A primeira, mulata antiga, muito séria e asseada em exagero: a sua casa estava sempre úmida das consecutivas lavagens. Em lhe apanhando o mau humor punha-se logo a espanar, a varrer febrilmente, e, quando a raiva era grande, corria a buscar um balde de água e descarregava-o com fúria pelo chão da sala. A filha tinha quinze anos, a pele de um moreno quente, beiços sensuais, bonitos dentes, olhos luxuriosos de macaca. Toda ela estava a pedir homem, mas sustentava ainda a sua virgindade e não cedia, nem à mão de Deus Padre, aos rogos de João Romão, que a desejava apanhar a troco de pequenas concessões na medida e no peso das compras que Florinda fazia diariamente à venda. O cortiço, 2007. Uma relação correta entre o trecho apresentado e o movimento literário em que O cortiço está inserido é: