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Questões - IME 2021 | Gabarito e resoluções

Questão 16
2021Português

(IME - 2021/2022 - 2 FASE) Texto 3 Lima Barreto (1881-1922) viveu em um perodo de intensas transformaes sociais no Pas, marcado pela abolioda escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanizao crescente. Filho de pais negros (o pai era tipografo e a me,professora), Lima Barreto abordou principalmente os temas e os personagens tpicos dos subrbioscariocas, cruzando os limites da realidade e da fico. Nessa perspectiva, o conto A nova Califrnia, publicado em 1916, faz uma aluso Corrida do ouro, nos Estados Unidos, da primeira metade do sculo XIX, para condenar ironicamente a gannciae a busca do enriquecimento fcil. Sinopse do conto Raimundo Flamel, um qumico, chega a pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois, ele encontra uma frmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria profundamente a cidade, ate ento, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some misteriosamente. A partir da, o cemitrio profanado, ocorrendo vrios roubos de cadveres. A NOVA CALIFRNIA Ningum sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia aonome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondncia que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro l ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um mao alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em lnguas arrevesadas, livros, pacotes... Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de to extravagante construo: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrcio pde contar que vira bales de vidros, facas sem corte, copos como os da farmcia um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utenslios de uma bateria de cozinha em que o prprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso. Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a chiar, e olhava a chamin da sala de jantar a fumegar, no deixava de persignar-se e rezar um credo em voz baixa; e, no fora a interveno do farmacutico, o subdelegado teria ido dar um cerco casa daquele indivduo suspeito, que inquietava a imaginao de toda uma populao. Tomando em considerao as informaes de Fabrcio, o boticrio Bastos concluir que o desconhecido devia ser um sbio, um grande qumico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus trabalhos cientficos. Homem formado e respeitado na cidade, vereador, mdico tambm, porque o doutor Jernimo no gostava de receitar e se fizera scio da farmcia para mais em paz viver, a opinio de Bastos levou tranqilidade a todas as conscincias e fez com que a populao cercasse de uma silenciosa admirao a pessoa do grande qumico, que viera habitar a cidade. De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando perdidamente as guas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepsculo, todos se descobriam e no era raro que s boas noites acrescentassem doutor. E tocava muito o corao daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianas, a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer. Na verdade, era de ver-se, sob a doura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava aquelas crianas pretas, to lisas de pele e to tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e tambm as brancas, de pele baa, gretada e spera, vivendo amparadas na necessria caquexia dos trpicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razo de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda a sua ternura com Paulo e Virgnia e esquecer-se dos escravos que os cercavam... Em poucos dias a admirao pelo sbio era quase geral, e no o era unicamente porque havia algum que no tinha em grande conta os mritos do novo habitante. Capito Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, rgo local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sbio. Vocs ho de ver, dizia ele, quem esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladro fugido do Rio. A sua opinio em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival para a fama de sbio de que gozava. No que Pelino fosse qumico, longe disso; mas era sbio, era gramtico. Ningum escrevia em Tubiacanga que no levasse bordoada do Capito Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notvel l no Rio, ele no deixava de dizer: No h dvida! O homem tem talento, mas escreve:um outro, de resto... E contraa os lbios como se tivesse engolido alguma cousa amarga. Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glrias nacionais. Um sbio... Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero1, o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saa vagarosamente de casa, muito abotoado no seu palet de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar um modo de dizer, porque era Pelino avaro2de palavras, limitando-se to-somente a ouvir. Quando, porm, dos lbios de algum escapava a menor incorreo de linguagem, intervinha e emendava. Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... Por a, o mestre-escola intervinha com mansuetude evanglica: No diga asseguro Senhor Bernardes; em portugus garanto. E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sbio veio distra-lo um pouco da sua misso. Todo o seu esforo voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia to inopinadamente. Foram vs as suas palavras e a sua eloqncia: no s Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas, como era generoso pai da pobreza e o farmacutico vira numa revista de especficos seu nome citado como qumico de valor. BARRETO, Lima.A nova California e outros contos. SoPaulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado). Entre os recursos semnticos utilizados no texto 3 para a obteno de diferentes efeitos de sentidos, assinale a opo correta relacionada classificao da figura de linguagem encontrada no trecho abaixo: [...] Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero. (texto 3, ref. 1)

Questão 17
2021Português

(IME - 2021/2022 - 2 FASE) Texto 3 Lima Barreto (1881-1922) viveu em um perodo de intensas transformaes sociais no Pas, marcado pela abolioda escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanizao crescente. Filho de pais negros (o pai era tipografo e a me,professora), Lima Barreto abordou principalmente os temas e os personagens tpicos dos subrbioscariocas, cruzando os limites da realidade e da fico. Nessa perspectiva, o conto A nova Califrnia, publicado em 1916, faz uma aluso Corrida do ouro, nos Estados Unidos, da primeira metade do sculo XIX, para condenar ironicamente a gannciae a busca do enriquecimento fcil. Sinopse do conto Raimundo Flamel, um qumico, chega a pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois, ele encontra uma frmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria profundamente a cidade, ate ento, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some misteriosamente. A partir da, o cemitrio profanado, ocorrendo vrios roubos de cadveres. A NOVA CALIFRNIA Ningum sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia aonome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondncia que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro l ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um mao alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em lnguas arrevesadas, livros, pacotes... Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de to extravagante construo: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrcio pde contar que vira bales de vidros, facas sem corte, copos como os da farmcia um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utenslios de uma bateria de cozinha em que o prprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso. Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a chiar, e olhava a chamin da sala de jantar a fumegar, no deixava de persignar-se e rezar um credo em voz baixa; e, no fora a interveno do farmacutico, o subdelegado teria ido dar um cerco casa daquele indivduo suspeito, que inquietava a imaginao de toda uma populao. Tomando em considerao as informaes de Fabrcio, o boticrio Bastos concluir que o desconhecido devia ser um sbio, um grande qumico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus trabalhos cientficos. Homem formado e respeitado na cidade, vereador, mdico tambm, porque o doutor Jernimo no gostava de receitar e se fizera scio da farmcia para mais em paz viver, a opinio de Bastos levou tranqilidade a todas as conscincias e fez com que a populao cercasse de uma silenciosa admirao a pessoa do grande qumico, que viera habitar a cidade. De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando perdidamente as guas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepsculo, todos se descobriam e no era raro que s boas noites acrescentassem doutor. E tocava muito o corao daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianas, a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer. Na verdade, era de ver-se, sob a doura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava aquelas crianas pretas, to lisas de pele e to tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e tambm as brancas, de pele baa, gretada e spera, vivendo amparadas na necessria caquexia dos trpicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razo de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda a sua ternura com Paulo e Virgnia e esquecer-se dos escravos que os cercavam... Em poucos dias a admirao pelo sbio era quase geral, e no o era unicamente porque havia algum que no tinha em grande conta os mritos do novo habitante. Capito Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, rgo local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sbio. Vocs ho de ver, dizia ele, quem esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladro fugido do Rio. A sua opinio em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival para a fama de sbio de que gozava. No que Pelino fosse qumico, longe disso; mas era sbio, era gramtico. Ningum escrevia em Tubiacanga que no levasse bordoada do Capito Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notvel l no Rio, ele no deixava de dizer: No h dvida! O homem tem talento, mas escreve:um outro, de resto... E contraa os lbios como se tivesse engolido alguma cousa amarga. Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glrias nacionais. Um sbio... Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero1, o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saa vagarosamente de casa, muito abotoado no seu palet de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar um modo de dizer, porque era Pelino avaro2de palavras, limitando-se to-somente a ouvir. Quando, porm, dos lbios de algum escapava a menor incorreo de linguagem, intervinha e emendava. Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... Por a, o mestre-escola intervinha com mansuetude evanglica: No diga asseguro Senhor Bernardes; em portugus garanto. E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sbio veio distra-lo um pouco da sua misso. Todo o seu esforo voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia to inopinadamente. Foram vs as suas palavras e a sua eloqncia: no s Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas, como era generoso pai da pobreza e o farmacutico vira numa revista de especficos seu nome citado como qumico de valor. BARRETO, Lima.A nova California e outros contos. SoPaulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado). A palavra literria no um ponto, um sentido fixo, mas um cruzamento de superfcies textuais (KRISTEVA, Julia. Introduo Seminlise. So Paulo: Debates, 1969). A esse respeito, no texto 3, pode-se dizer que o procedimento intertextual empregado no uso da expresso de referncia religiosa bondade de Messias, relativa pessoa de Raimundo Flamel, serviu, do ponto de vista da construoda narrativa, para I. demonstrar a formao religiosa exemplar do forasteiro, que passou a ser reconhecida por todos, de acordo com o narrador. II. evidenciar o consenso favorvel construdo pelos habitantes de Tubiacanga sobre o sbio, depois de algum tempo, na perspectiva do narrador. III. marcar o confronto entre a mediocridade da cidade e a alta estatura moral de Raimundo Flamel, segundo o narrador. Est(o) correta(s) a(s) assertiva(s):

Questão 18
2021Português

(IME - 2021/2022 - 2 FASE) Texto 3 Lima Barreto (1881-1922) viveu em um perodo de intensas transformaes sociais no Pas, marcado pela abolioda escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanizao crescente. Filho de pais negros (o pai era tipografo e a me,professora), Lima Barreto abordou principalmente os temas e os personagens tpicos dos subrbioscariocas, cruzando os limites da realidade e da fico. Nessa perspectiva, o conto A nova Califrnia, publicado em 1916, faz uma aluso Corrida do ouro, nos Estados Unidos, da primeira metade do sculo XIX, para condenar ironicamente a gannciae a busca do enriquecimento fcil. Sinopse do conto Raimundo Flamel, um qumico, chega a pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois, ele encontra uma frmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria profundamente a cidade, ate ento, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some misteriosamente. A partir da, o cemitrio profanado, ocorrendo vrios roubos de cadveres. A NOVA CALIFRNIA Ningum sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia aonome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondncia que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro l ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um mao alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em lnguas arrevesadas, livros, pacotes... Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de to extravagante construo: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrcio pde contar que vira bales de vidros, facas sem corte, copos como os da farmcia um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utenslios de uma bateria de cozinha em que o prprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso. Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a chiar, e olhava a chamin da sala de jantar a fumegar, no deixava de persignar-se e rezar um credo em voz baixa; e, no fora a interveno do farmacutico, o subdelegado teria ido dar um cerco casa daquele indivduo suspeito, que inquietava a imaginao de toda uma populao. Tomando em considerao as informaes de Fabrcio, o boticrio Bastos concluir que o desconhecido devia ser um sbio, um grande qumico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus trabalhos cientficos. Homem formado e respeitado na cidade, vereador, mdico tambm, porque o doutor Jernimo no gostava de receitar e se fizera scio da farmcia para mais em paz viver, a opinio de Bastos levou tranqilidade a todas as conscincias e fez com que a populao cercasse de uma silenciosa admirao a pessoa do grande qumico, que viera habitar a cidade. De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando perdidamente as guas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepsculo, todos se descobriam e no era raro que s boas noites acrescentassem doutor. E tocava muito o corao daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianas, a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer. Na verdade, era de ver-se, sob a doura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava aquelas crianas pretas, to lisas de pele e to tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e tambm as brancas, de pele baa, gretada e spera, vivendo amparadas na necessria caquexia dos trpicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razo de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda a sua ternura com Paulo e Virgnia e esquecer-se dos escravos que os cercavam... Em poucos dias a admirao pelo sbio era quase geral, e no o era unicamente porque havia algum que no tinha em grande conta os mritos do novo habitante. Capito Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, rgo local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sbio. Vocs ho de ver, dizia ele, quem esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladro fugido do Rio. A sua opinio em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival para a fama de sbio de que gozava. No que Pelino fosse qumico, longe disso; mas era sbio, era gramtico. Ningum escrevia em Tubiacanga que no levasse bordoada do Capito Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notvel l no Rio, ele no deixava de dizer: No h dvida! O homem tem talento, mas escreve:um outro, de resto... E contraa os lbios como se tivesse engolido alguma cousa amarga. Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glrias nacionais. Um sbio... Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero1, o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saa vagarosamente de casa, muito abotoado no seu palet de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar um modo de dizer, porque era Pelino avaro2de palavras, limitando-se to-somente a ouvir. Quando, porm, dos lbios de algum escapava a menor incorreo de linguagem, intervinha e emendava. Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... Por a, o mestre-escola intervinha com mansuetude evanglica: No diga asseguro Senhor Bernardes; em portugus garanto. E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sbio veio distra-lo um pouco da sua misso. Todo o seu esforo voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia to inopinadamente. Foram vs as suas palavras e a sua eloqncia: no s Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas, como era generoso pai da pobreza e o farmacutico vira numa revista de especficos seu nome citado como qumico de valor. BARRETO, Lima.A nova California e outros contos. SoPaulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado). Conversar um modo de dizer, porque era Pelino avaro de palavras, limitando-se to somente a ouvir. (texto 3, ref. 2) Segundo os preceitos da gramtica normativa, a nica alternativa, dentre as citadas abaixo, em que todos os vocbulos possuem o acento prosdico diferente do encontrado na palavra em destaque avaro :

Questão 19
2021Português

(IME - 2021/2022 - 2 FASE) Texto 3 Lima Barreto (1881-1922) viveu em um perodo de intensas transformaes sociais no Pas, marcado pela abolioda escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanizao crescente. Filho de pais negros (o pai era tipografo e a me,professora), Lima Barreto abordou principalmente os temas e os personagens tpicos dos subrbioscariocas, cruzando os limites da realidade e da fico. Nessa perspectiva, o conto A nova Califrnia, publicado em 1916, faz uma aluso Corrida do ouro, nos Estados Unidos, da primeira metade do sculo XIX, para condenar ironicamente a gannciae a busca do enriquecimento fcil. Sinopse do conto Raimundo Flamel, um qumico, chega a pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois, ele encontra uma frmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria profundamente a cidade, ate ento, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some misteriosamente. A partir da, o cemitrio profanado, ocorrendo vrios roubos de cadveres. A NOVA CALIFRNIA Ningum sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia aonome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondncia que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro l ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um mao alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em lnguas arrevesadas, livros, pacotes... Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de to extravagante construo: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrcio pde contar que vira bales de vidros, facas sem corte, copos como os da farmcia um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utenslios de uma bateria de cozinha em que o prprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso. Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a chiar, e olhava a chamin da sala de jantar a fumegar, no deixava de persignar-se e rezar um credo em voz baixa; e, no fora a interveno do farmacutico, o subdelegado teria ido dar um cerco casa daquele indivduo suspeito, que inquietava a imaginao de toda uma populao. Tomando em considerao as informaes de Fabrcio, o boticrio Bastos concluir que o desconhecido devia ser um sbio, um grande qumico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus trabalhos cientficos. Homem formado e respeitado na cidade, vereador, mdico tambm, porque o doutor Jernimo no gostava de receitar e se fizera scio da farmcia para mais em paz viver, a opinio de Bastos levou tranqilidade a todas as conscincias e fez com que a populao cercasse de uma silenciosa admirao a pessoa do grande qumico, que viera habitar a cidade. De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando perdidamente as guas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepsculo, todos se descobriam e no era raro que s boas noites acrescentassem doutor. E tocava muito o corao daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianas, a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer. Na verdade, era de ver-se, sob a doura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava aquelas crianas pretas, to lisas de pele e to tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e tambm as brancas, de pele baa, gretada e spera, vivendo amparadas na necessria caquexia dos trpicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razo de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda a sua ternura com Paulo e Virgnia e esquecer-se dos escravos que os cercavam... Em poucos dias a admirao pelo sbio era quase geral, e no o era unicamente porque havia algum que no tinha em grande conta os mritos do novo habitante. Capito Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, rgo local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sbio. Vocs ho de ver, dizia ele, quem esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladro fugido do Rio. A sua opinio em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival para a fama de sbio de que gozava. No que Pelino fosse qumico, longe disso; mas era sbio, era gramtico. Ningum escrevia em Tubiacanga que no levasse bordoada do Capito Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notvel l no Rio, ele no deixava de dizer: No h dvida! O homem tem talento, mas escreve:um outro, de resto... E contraa os lbios como se tivesse engolido alguma cousa amarga. Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glrias nacionais. Um sbio... Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero1, o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saa vagarosamente de casa, muito abotoado no seu palet de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar um modo de dizer, porque era Pelino avaro2de palavras, limitando-se to-somente a ouvir. Quando, porm, dos lbios de algum escapava a menor incorreo de linguagem, intervinha e emendava. Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... Por a, o mestre-escola intervinha com mansuetude evanglica: No diga asseguro Senhor Bernardes; em portugus garanto. E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sbio veio distra-lo um pouco da sua misso. Todo o seu esforo voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia to inopinadamente. Foram vs as suas palavras e a sua eloqncia: no s Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas, como era generoso pai da pobreza e o farmacutico vira numa revista de especficos seu nome citado como qumico de valor. BARRETO, Lima.A nova California e outros contos. SoPaulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado). Leia atentamente o excerto do texto 3: Na verdade, era de ver-se, sob a doura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava aquelas crianas pretas, to lisas de pele e to tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e tambm as brancas, de pelebaa, gretada e spera, vivendo amparadas na necessria caquexia dos trpicos. No texto, a expresso caquexia dos trpicos, tpica de uma viso determinista e evolucionista,

Questão 20
2021Português

(IME - 2021/2022 - 2 FASE) Texto 1 ENGENHEIROS DA VITRIA Soluo de problemas na histria [...] Quando se fala na eficincia em conseguir equipamentos decombate e transferir combatentes de A paraB, os britnicos socampees; certamente isso no foi por causa de alguma inteligncia especial, mas pela ampla experincia em organizao e senso crtico depois de enfrentar chances adversas em 1940, juntamentecom a perspectiva de derrota. Aqui a necessidade foi a mae da inveno. Eles tinham que defender suas cidades, transportar tropas ato Egito, apoiar os gregos, proteger as fronteiras dandia, trazer os Estados Unidos paraguerra e depois levar aquele imenso potencial americano para a rea da Europa. Era mais um problema a serresolvido. Como foi possvel fazer com que 2 milhes de soldados americanos, depois de chegar s bases de Clyde, fossem para bases no sul da Inglaterra preparando-se para o ataque a Normandia, quando a maior parte das ferrovias9britnicas estava ocupada em transportar vages de carvopara as fbricas de ferro e ao queno podiam parar de produzir? Como se viu, uma organizao composta por pessoas que cresceram decorando os horrios da estrada de ferro de Bradshaw como passatempo pode fazer isso, enquanto os altos comandantes consideravam que tudo estava garantido porque confiavam na capacidade de seus administradores de nvel mdio. Churchill acreditava que o melhor era no se preocupar demais com os problemas, pois tudo se resolveria, isto , uma maneira haviade ser encontrada, passo a passo. Huma outra forma de pensar sobre essa histria de solues de problemas, e ela vem de um exemplobem contemporneo. Em novembro de 2011, enquanto o genial lder6da Apple, Steve Jobs, recebia inmeras homenagens pstumas, um artigo intrigante foi publicado na revistaNew Yorker. Nele o autor, Malcom Gladwell, argumentava que8Jobs nao era o inventor de uma mquina ou de uma ideia que mudou o mundo; poucos seres o so (exceto talvez Leonardo da Vinci e Thomas Edison). Na verdade, seu brilhantismo estava em adotar invenes alheias que no deram certo, a partir das quais construa, modificava e fazia aperfeioamentos constantes. Para usar uma linguagem atual, ele era umtweaker, e sua genialidade impulsionou como nunca o aumento de eficincia dos produtos de sua companhia. A histria do sucesso de Steve Jobs, contudo, no era nova. A chegada da Revoluo Industrial do sculoXVIII na Gr-Bretanha muito provavelmente a maior revoluopara explicar a ascenso do Ocidente ocorreu porque o pas possua uma imensa coleo detweakersem sua cultura que encorajaram o progresso [...] A histria da evoluo do tanque T-34 sovitico, de um grande pedaode metal mal projetado e fraco parauma arma de guerra mortfera, segura e de grande mobilidade, no foi uma histria contnua de tweaking? No foi esse tambm o caso do grande bombardeiro americano, o B-29, que no incio estava tomergulhado emdificuldades que chegou a se propor seu cancelamento atque as equipes da Boeing resolveram os problemas? Eas miraculosas histrias do P-51 Mustang, dos tanques de Percy Hobart e de um poderoso sistema de radar to pequeno que poderia ser inserido no nariz de um avio patrulha de longa distncia e virar a marna Batalha do Atlntico? Depois que se unem os diversos pedaos espalhados, tudo se encaixa. Mas todos esses projetos exigiram tempo e apoio. Na verdade1, os administradores de grandes companhias mundiais provavelmente se surpreendam diante, digamos2, do planejamento e orquestrao do almirante Ramsay nos cincos desembarques simultneos no Dia D e gostariam de poder realizar um dcimo do que ele fez. Em suma3, a vitria em grandes guerras sempre requer organizao superior, o que, por sua vez4, exige pessoas que possam dirigir essas organizaes, no com um interesse apenas moderado, mas5da maneira mais competente possvel e com estilo que permitirs pessoas de fora propor ideias novas na busca da vitria. Os chefes no podem fazer isso tudo sozinhos, por mais que sejam criativos e dotados de energia. necessrio haver um sistema de apoio, uma cultura de encorajamento, feedbacks eficientes, uma capacidade de aprender com os revezes, uma habilidade de fazer as coisas acontecerem. E tudo isto tem de ser feito de uma maneira que seja melhor do que aquela do inimigo. assim que as guerras so vencidas. [...] O mesmo reconhecimento merecem, por certo, os militares de nvel mdio que mudaram a Segunda Guerra Mundial, transformando as agressoes do Eixo em 1942 em avanos irreversveis dos Aliados em 1943-44, e finalmente destruindo a Alemanha e o Japo. verdade, alguns desses indivduos, armamentos e organizaes so reconhecidos, mas em geral de uma forma fragmentada e popularizada. raro que esses fios isolados sejam tecidos em conjunto para mostrar como os avanos afetaram as muitas campanhas, fazendo a balana pender para o lado dos Aliados durante o conflito global. Mais raro ainda e a compreenso de como o trabalho desses vrios solucionadores de problemas tambm precisa ser includo7numa importante cultura do encorajamento para garantir que simples declaraes e intenes estratgicas de grandes lderes se tornem realidade e no murchem nas tempestades da guerra. Se isso o que acontece, ento vivemos com uma grande lacuna em nossa compreenso de como a Segunda Guerra Mundial foi vencida em seus anos cruciais. KENNEDY, Paul.Engenheiros da Vitria:Os responsveis pela reviravolta na Segunda Guerra Mundial. 1 ed. So Paulo: Companhia das Letras, 2014, p. 407- 428 (texto adaptado). Texto 2 Fernando Pessoa (1888-1935) foi um dos mais importantes poetas da literatura portuguesa. Criou uma obra de natureza filosfica sobre a conscincia e as suas mais profundas inquietaes existenciais. Expressou uma personalidade esttica multifacetada por meio dos heternimos, os quais consistiam em vrias identidades que detinhambiografia e caractersticas psicolgicas distintas: Alberto Caeiro, Ricardo Reis, Bernardo Soares e lvaro de Campos, um engenheiro naval, a quem se deve a Ode triunfal. Esse heternimo apresenta uma personalidade esttica marcada pelas concepes futuristas e pela inteno de assimilar ao eu lrico a realidade exterior, considerada em suas manifestaes mais prosaicas, ao mesmo tempo em que aquele se projeta no mundo. ODE TRIUNFAL 1 dolorosa luz das grandes lmpadas elctricas da fbrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos. 5 rodas, engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno! Forte espasmo retido dos maquinismos em fria! Em fria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora, Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto! 10 Tenho os lbios secos, grandes rudos modernos, De vos ouvir demasiadamente de perto, E arde-me a cabeade vos querer cantar com um excesso De expresso de todas as minhas sensaes, Com um excesso contemporneo de vs, mquinas! 15 Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical Grandes trpicos humanos de ferro e fogo e fora Canto, e canto o presente, e tambm o passado e o futuro, Porque o presente todo o passado e todo o futuro haPlato o e Virglio dentro das mquinas e das luzes elctricas 20 Sporque houve outrora e foram humanosVirglio e Plato, Epedaos do Alexandre Magno do sculo talvez cinquenta, tomos que ho-de ir ter febre para o crebro do squilo do sculo cem, Andam por estas correias de transmisso e por estes mbolos e por estes volantes, Rugindo, rangendo, ciciando, estrugindo, ferreando, 25 Fazendo-me um acesso de carcias ao corpo numa scarcia alma. Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime! Ser completo como uma mquina! Poder ir na vida triunfante como um automvel ltimo-modelo! Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto, 30 Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento A todos os perfumes de leos e calores e carves Desta flora estupenda, negra, artificial e insacivel! Fraternidade com todas as dinmicas! Promscua fria de ser parte-agente 35 Do rodar frreo e cosmopolita Dos comboios estrnuos, Da faina transportadora-de-cargas dos navios, Do giro lbrico e lento dos guindastes, Do tumulto disciplinado das fbricas, 40 E do quase-silncio ciciante e montono das correias de transmisso! Horas europeias, produtoras, entaladas Entre maquinismos e afazeres teis! Grandes cidades paradas nos cafs, Nos cafs osis de inutilidades ruidosas 45 Onde se cristalizam e se precipitam Os rumores e os gestos do til E as rodas, e as rodas-dentadas e as chumaceiras do Progressivo! Nova Minerva sem-alma dos cais e das gares! Novos entusiasmos de estatura do Momento! PESSOA, Fernando.Poesias de lvaro de Campos. Lisboa: Atica, 1944 (imp. 1993), p. 144 (texto adaptado). Texto 3 Lima Barreto (1881-1922) viveu em um perodo de intensas transformaes sociais no Pas, marcado pela abolioda escravatura (1888), advento da ordem republicana (1889) e urbanizao crescente. Filho de pais negros (o pai era tipografo e a me,professora), Lima Barreto abordou principalmente os temas e os personagens tpicos dos subrbioscariocas, cruzando os limites da realidade e da fico. Nessa perspectiva, o conto A nova Califrnia, publicado em 1916, faz uma aluso Corrida do ouro, nos Estados Unidos, da primeira metade do sculo XIX, para condenar ironicamente a gannciae a busca do enriquecimento fcil. Sinopse do conto Raimundo Flamel, um qumico, chega a pequena cidade de Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Anos depois, ele encontra uma frmula secreta capaz de transformar ossos humanos em ouro, o que transformaria profundamente a cidade, ate ento, ordeira e tranquila. Depois de revelar a sua descoberta, Flamel some misteriosamente. A partir da, o cemitrio profanado, ocorrendo vrios roubos de cadveres. A NOVA CALIFRNIA Ningum sabia donde viera aquele homem. O agente do Correio pudera apenas informar que acudia aonome de Raimundo Flamel, pois assim era subscrita a correspondncia que recebia. E era grande. Quase diariamente, o carteiro l ia a um dos extremos da cidade, onde morava o desconhecido, sopesando um mao alentado de cartas vindas do mundo inteiro, grossas revistas em lnguas arrevesadas, livros, pacotes... Quando Fabrcio, o pedreiro, voltou de um servio em casa do novo habitante, todos na venda perguntaram-lhe que trabalho lhe tinha sido determinado. Vou fazer um forno, disse o preto, na sala de jantar. Imaginem o espanto da pequena cidade de Tubiacanga, ao saber de to extravagante construo: um forno na sala de jantar! E, pelos dias seguintes, Fabrcio pde contar que vira bales de vidros, facas sem corte, copos como os da farmcia um rol de coisas esquisitas a se mostrarem pelas mesas e prateleiras como utenslios de uma bateria de cozinha em que o prprio diabo cozinhasse. O alarme se fez na vila. Para uns, os mais adiantados, era um fabricante de moeda falsa; para outros, os crentes e simples, um tipo que tinha parte com o tinhoso. Chico da Tirana, o carreiro, quando passava em frente da casa do homem misterioso, ao lado do carro a chiar, e olhava a chamin da sala de jantar a fumegar, no deixava de persignar-se e rezar um credo em voz baixa; e, no fora a interveno do farmacutico, o subdelegado teria ido dar um cerco casa daquele indivduo suspeito, que inquietava a imaginao de toda uma populao. Tomando em considerao as informaes de Fabrcio, o boticrio Bastos concluir que o desconhecido devia ser um sbio, um grande qumico, refugiado ali para mais sossegadamente levar avante os seus trabalhos cientficos. Homem formado e respeitado na cidade, vereador, mdico tambm, porque o doutor Jernimo no gostava de receitar e se fizera scio da farmcia para mais em paz viver, a opinio de Bastos levou tranqilidade a todas as conscincias e fez com que a populao cercasse de uma silenciosa admirao a pessoa do grande qumico, que viera habitar a cidade. De tarde, se o viam a passear pela margem do Tubiacanga, sentando-se aqui e ali, olhando perdidamente as guas claras do riacho, cismando diante da penetrante melancolia do crepsculo, todos se descobriam e no era raro que s boas noites acrescentassem doutor. E tocava muito o corao daquela gente a profunda simpatia com que ele tratava as crianas, a maneira pela qual as contemplava, parecendo apiedar-se de que elas tivessem nascido para sofrer e morrer. Na verdade, era de ver-se, sob a doura suave da tarde, a bondade de Messias com que ele afagava aquelas crianas pretas, to lisas de pele e to tristes de modos, mergulhadas no seu cativeiro moral, e tambm as brancas, de pele baa, gretada e spera, vivendo amparadas na necessria caquexia dos trpicos. Por vezes, vinha-lhe vontade de pensar qual a razo de ter Bernardin de Saint-Pierre gasto toda a sua ternura com Paulo e Virgnia e esquecer-se dos escravos que os cercavam... Em poucos dias a admirao pelo sbio era quase geral, e no o era unicamente porque havia algum que no tinha em grande conta os mritos do novo habitante. Capito Pelino, mestre-escola e redator da Gazeta de Tubiacanga, rgo local e filiado ao partido situacionista, embirrava com o sbio. Vocs ho de ver, dizia ele, quem esse tipo... Um caloteiro, um aventureiro ou talvez um ladro fugido do Rio. A sua opinio em nada se baseava, ou antes, baseava-se no seu oculto despeito vendo na terra um rival para a fama de sbio de que gozava. No que Pelino fosse qumico, longe disso; mas era sbio, era gramtico. Ningum escrevia em Tubiacanga que no levasse bordoada do Capito Pelino, e mesmo quando se falava em algum homem notvel l no Rio, ele no deixava de dizer: No h dvida! O homem tem talento, mas escreve:um outro, de resto... E contraa os lbios como se tivesse engolido alguma cousa amarga. Toda a vila de Tubiacanga acostumou-se a respeitar o solene Pelino, que corrigia e emendava as maiores glrias nacionais. Um sbio... Ao entardecer, depois de ler um pouco o Sotero1, o Candido de Figueiredo ou o Castro Lopes, e de ter passado mais uma vez a tintura nos cabelos, o velho mestre-escola saa vagarosamente de casa, muito abotoado no seu palet de brim mineiro, e encaminhava-se para a botica do Bastos a dar dous dedos de prosa. Conversar um modo de dizer, porque era Pelino avaro2de palavras, limitando-se to-somente a ouvir. Quando, porm, dos lbios de algum escapava a menor incorreo de linguagem, intervinha e emendava. Eu asseguro, dizia o agente do Correio, que... Por a, o mestre-escola intervinha com mansuetude evanglica: No diga asseguro Senhor Bernardes; em portugus garanto. E a conversa continuava depois da emenda, para ser de novo interrompida por uma outra. Por essas e outras, houve muitos palestradores que se afastaram, mas Pelino, indiferente, seguro dos seus deveres, continuava o seu apostolado de vernaculismo. A chegada do sbio veio distra-lo um pouco da sua misso. Todo o seu esforo voltava-se agora para combater aquele rival, que surgia to inopinadamente. Foram vs as suas palavras e a sua eloqncia: no s Raimundo Flamel pagava em dia as suas contas, como era generoso pai da pobreza e o farmacutico vira numa revista de especficos seu nome citado como qumico de valor. BARRETO, Lima.A nova California e outros contos. SoPaulo: Unesp, 2012, p. 11-23 (texto adaptado). Quanto aos textos 1, 2 e 3, considere as seguintes afirmaes: I. O texto 1 e o texto 3 abordam, de forma direta ou indireta, o tema da cincia e da tecnologia como um sistema de cultura e pensamento. II. O texto 2 e o texto 3 realizam um trabalho similar no campo da linguagem, caracterizado pelo uso de formas lingusticas inspiradas na oralidade e pela derrubada das regras e sistemas da gramtica normativa. III. Uma interpretaopertinente do texto 2 reaa a expresso de um arrebatamento esttico em face do industrialismo enquanto o texto 1 realiza uma abordagem comparativa que relaciona a guerra ao empreendedorismo. Est(o) correta(s) a(s) assertiva(s):

Questão 21
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (21) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary (21) into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He (22) twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an (23) water wheela technology that (24) a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main (25) of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant, (26) eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel (27) festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film (28) visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 22
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (22). THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 23
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (23) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 24
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (24) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 25
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (25) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 26
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(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (26) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 27
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (27) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 28
2021Inglês

(IME - 2021/2022 - 2 fase) Considere o texto a seguir e escolha a alternativa que completa a lacuna (28) THE PROMISE OF MR TRASH WHEEL Carolyn Kormann John Kellett, the former director of Baltimores Maritime Museum, used to cross a footbridge over Jones Falls, the largest tributary(21)into Baltimores Inner Harbor, every day on his way to work. When it rained, there was a river of trash flowing down, he told me. He(22)twenty years working on the harbor, primarily in environmental education and shipbuilding, and had a deep knowledge of its hydrodynamics and history. City officials, he told me, said they were open to ideas, so I started sketching. He drew plans for a machine powered by an(23)water wheela technology that(24)a staple throughout the citydesigned to intercept trash at the mouth of Jones Falls, which is the main(25)of harbor pollution. A prototype was installed in 2008. By 2014, Kelletts invention was reborn as Mr. Trash Wheela fifty-foot-long machine, weighing nearly a hundred thousand pounds, which resembles a friendly mollusk, with giant,(26)eyes and its own Twitter account. Years later, Mr. Trash Wheel has spawned three replicas around BaltimoreProfessor Trash Wheel, Captain Trash Wheel, and another that was announced last week but has yet to be named or installed in the water. Three local beers are named in their honor, and the city has both a trash-wheel(27)festival and a society dedicated to promoting environmental awareness known as the Order of the Wheel. As plastic pollution in the worlds oceans has become a growing crisis, the trash wheels have gained an international following. Over the last few years, Ive been getting calls and e-mails from all over the world, Kellett said. A Japanese film(28)visited last week. Im still kind of in shock about how much attention it has garnered, he went on. Never in my wildest dreams would I ever have thought that this idea I sketched on a napkin would lead to all this. Adapted from: The New Yorker inhttps://www.newyorker.com/tech/annals-of-technology/the-promise-of-mr-trash-wheel [Accessed on 7th April 2021]

Questão 29
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(IME - 2021/2022 - 2 fase) Chariot Rodrigo Quijada Plubins Definition The chariot was a light vehicle, usually on two wheels, drawn by one or more horses, often carrying two standing persons, a driver and a fighter using bow-and-arrow or javelins. The chariot was the supreme military weapon in Eurasia roughly from 1700 BCE to 500 BCE but was also used for hunting purposes and in sporting contests such as the Olympic Games and in the Roman Circus Maximus. Horses were not used for transport, ploughing, warfare or any other practical human activity until quite late in history, and the chariot was the first such application. Donkeys and other animals were preferred in early civilizations. The Horse The horses main ecological niche was the Eurasian steppe; a very wide (4,800 km) and narrow (800 km on average) strip of grassland running roughly from Hungary to China, encompassing parts of what today is Ukrania, southern Russia, Kazakhstan, Uzbekistan, Turkmenistan, Kyrgyzstan, Tajikistan and Mongolia. For most of ancient history, the steppe - which means wasteland in Russian - was the home of nomadic societies whose economy was based on herding, complemented by hunting and, to a much lesser degree, sporadic, itinerant agriculture. No cities or settled communities existed in the steppe, save a very few spots. Steppe dwellers domesticated the horse for the purpose of breeding it for food like sheep and other animals already domesticated. That process is unfortunately poorly understood, and it occurred sometime before 2500 BCE. The wheel, an invention imported from the Middle East, had arrived in the steppe around 3100 BCE. The invention of the chariot in the steppe - perhaps originally meant as an improved tool for hunting - occurred roughly by 2000 BCE, probably in the area just east of the southern Ural mountains, where the oldest chariots have been unearthed. The word for horse appears just around this date for the first time in Mesopotamia, when an increase in north-south trade through Iran is attested. Invention of the Chariot The chariot then became a moving platform from which soldiers could shoot at enemies. Arrows and javelins were the main weapons used by the fighter on board, while a second person drove the chariot. The tactic was to move constantly, in and out of the battle, shooting from a distance. There is no clear explanation as to why humans invented the chariot first, before riding the horse directly, which seems more straightforward to us. A chariot was obviously more expensive than the horse alone, and chariots could not enter or properly manoeuver in landscapes where a mounted horse can, such as hills, marshes or forests. We know people tried mounting horses very early, as we have found drawings depicting it, but those seem rare experiments that did not seem to work. The most common scholarly suggestion is that horses at that time were weaker than in the present, unsuitable for supporting a man and only after a very long period of constant, selective breeding, did a stronger horse come into being. Horses started consistently to be mounted roughly a millennium and a half after the chariot was invented. The compound bow, invented sometime during the second millennium BCE, was the final ingredient for the rise of a deadly ensemble. Bow and arrow were much older, and the innovation of the compound bow was the use of two types of materials, inside and outside the bow, which gave it considerably more power. Compound bows were able to accurately hit a target 300 m away, and penetrate an armour 100 m away. It was the preferred weapon of charioteers and later horseback riding societies. Its power is reflected in the fact that these bows were last used in war as recently as the 19th century CE by the Chinese, well into the age of firearms. We have scarce knowledge of what happened with the communities in the steppe once the chariot was invented. We can assume that war intensified - and some evidence about it does exist -, and those who first or better graspedthe new invention stormed their neighbours, sizing valuable hunting and pasturing land rights. We truly understand the impact of the chariot only when this new form of warfare came out of the steppes and into the settled, agricultural lands. Charioteers Warfare The first reference to charioteers comes from Syria around 1800 BCE. Over the course of the next four centuries, chariots advanced into civilization, either by direct migration of steppe people or by diffusion, and it quickly came to be the preferred elite weapon. (...) Everywhere, in Europe, the Middle East, India, and China, all rulers, from petty chiefs to great pharaohs, took the chariot as their master weapon. They started depicting themselves riding chariots, waging wars in chariots, including chariots and horses in their tombs as symbols of power, and so on. Their surrounding aristocracy, of course, followed suit, so the elite forces in every polity came to be charioteers. The horse came to be a valuable military asset, no longer a food source. Horse breeding became key for these states, and all powerful kings aspired to have the proper stables to supply their armies with chariots; imports from the steppes, though, long remained their major source. The most famous chariot battle was that of Kadesh (1294 BCE), fought between the two superpowers of the time, Egypt and Hatti (Hittites), where some 50 chariots are presumed to have participated for each side. The small number of chariots compared to infantry troops is a good indicator of how effective the chariot was: in China, the ratio was up to 25 infantry soldiers per chariot. Decline in Use The use of the chariot declined very slowly, starting around 500 BCE (and yet, in some parts of Europe the technology was just arriving at that time). First and probably foremost, because horseback riding was developed in the steppes, and slowly but surely replaced the need for chariots. The first known forces mounting horses were those of the Scythians, steppe people who in the 7th century BCE attacked the Assyrian empire on horseback. Second, because infantry, formerly helpless against chariots, became more sophisticated due to the expanding use of iron weapons (from c. 1200 BCE onwards), and to new tactics in the form of phalanx formations. Fighting the invading Romans, the Celts were probably the last people who used chariots extensively, until around the 4th century CE. Adapted from: Chariot. World History Encyclopedia. Available at:https://www.worldhistory.org/chariot/ [Accessed on 5th March 2021]. VOCABULARY: BCE Before Common Era (or BC, Before Christ) CE Common Era (or AD, Anno Domini) Choose the correct option

Questão 30
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(IME - 2021/2022 - 2 fase) Chariot Rodrigo Quijada Plubins Definition The chariot was a light vehicle, usually on two wheels, drawn by one or more horses, often carrying two standing persons, a driver and a fighter using bow-and-arrow or javelins. The chariot was the supreme military weapon in Eurasia roughly from 1700 BCE to 500 BCE but was also used for hunting purposes and in sporting contests such as the Olympic Games and in the Roman Circus Maximus. Horses were not used for transport, ploughing, warfare or any other practical human activity until quite late in history, and the chariot was the first such application. Donkeys and other animals were preferred in early civilizations. The Horse The horses main ecological niche was the Eurasian steppe; a very wide (4,800 km) and narrow (800 km on average) strip of grassland running roughly from Hungary to China, encompassing parts of what today is Ukrania, southern Russia, Kazakhstan, Uzbekistan, Turkmenistan, Kyrgyzstan, Tajikistan and Mongolia. For most of ancient history, the steppe - which means wasteland in Russian - was the home of nomadic societies whose economy was based on herding, complemented by hunting and, to a much lesser degree, sporadic, itinerant agriculture. No cities or settled communities existed in the steppe, save a very few spots. Steppe dwellers domesticated the horse for the purpose of breeding it for food like sheep and other animals already domesticated. That process is unfortunately poorly understood, and it occurred sometime before 2500 BCE. The wheel, an invention imported from the Middle East, had arrived in the steppe around 3100 BCE. The invention of the chariot in the steppe - perhaps originally meant as an improved tool for hunting - occurred roughly by 2000 BCE, probably in the area just east of the southern Ural mountains, where the oldest chariots have been unearthed. The word for horse appears just around this date for the first time in Mesopotamia, when an increase in north-south trade through Iran is attested. Invention of the Chariot The chariot then became a moving platform from which soldiers could shoot at enemies. Arrows and javelins were the main weapons used by the fighter on board, while a second person drove the chariot. The tactic was to move constantly, in and out of the battle, shooting from a distance. There is no clear explanation as to why humans invented the chariot first, before riding the horse directly, which seems more straightforward to us. A chariot was obviously more expensive than the horse alone, and chariots could not enter or properly manoeuver in landscapes where a mounted horse can, such as hills, marshes or forests. We know people tried mounting horses very early, as we have found drawings depicting it, but those seem rare experiments that did not seem to work. The most common scholarly suggestion is that horses at that time were weaker than in the present, unsuitable for supporting a man and only after a very long period of constant, selective breeding, did a stronger horse come into being. Horses started consistently to be mounted roughly a millennium and a half after the chariot was invented. The compound bow, invented sometime during the second millennium BCE, was the final ingredient for the rise of a deadly ensemble. Bow and arrow were much older, and the innovation of the compound bow was the use of two types of materials, inside and outside the bow, which gave it considerably more power. Compound bows were able to accurately hit a target 300 m away, and penetrate an armour 100 m away. It was the preferred weapon of charioteers and later horseback riding societies. Its power is reflected in the fact that these bows were last used in war as recently as the 19th century CE by the Chinese, well into the age of firearms. We have scarce knowledge of what happened with the communities in the steppe once the chariot was invented. We can assume that war intensified - and some evidence about it does exist -, and those who first or better graspedthe new invention stormed their neighbours, sizing valuable hunting and pasturing land rights. We truly understand the impact of the chariot only when this new form of warfare came out of the steppes and into the settled, agricultural lands. Charioteers Warfare The first reference to charioteers comes from Syria around 1800 BCE. Over the course of the next four centuries, chariots advanced into civilization, either by direct migration of steppe people or by diffusion, and it quickly came to be the preferred elite weapon. (...) Everywhere, in Europe, the Middle East, India, and China, all rulers, from petty chiefs to great pharaohs, took the chariot as their master weapon. They started depicting themselves riding chariots, waging wars in chariots, including chariots and horses in their tombs as symbols of power, and so on. Their surrounding aristocracy, of course, followed suit, so the elite forces in every polity came to be charioteers. The horse came to be a valuable military asset, no longer a food source. Horse breeding became key for these states, and all powerful kings aspired to have the proper stables to supply their armies with chariots; imports from the steppes, though, long remained their major source. The most famous chariot battle was that of Kadesh (1294 BCE), fought between the two superpowers of the time, Egypt and Hatti (Hittites), where some 50 chariots are presumed to have participated for each side. The small number of chariots compared to infantry troops is a good indicator of how effective the chariot was: in China, the ratio was up to 25 infantry soldiers per chariot. Decline in Use The use of the chariot declined very slowly, starting around 500 BCE (and yet, in some parts of Europe the technology was just arriving at that time). First and probably foremost, because horseback riding was developed in the steppes, and slowly but surely replaced the need for chariots. The first known forces mounting horses were those of the Scythians, steppe people who in the 7th century BCE attacked the Assyrian empire on horseback. Second, because infantry, formerly helpless against chariots, became more sophisticated due to the expanding use of iron weapons (from c. 1200 BCE onwards), and to new tactics in the form of phalanx formations. Fighting the invading Romans, the Celts were probably the last people who used chariots extensively, until around the 4th century CE. Adapted from: Chariot. World History Encyclopedia. Available at:https://www.worldhistory.org/chariot/ [Accessed on 5th March 2021]. VOCABULARY: BCE Before Common Era (or BC, Before Christ) CE Common Era (or AD, Anno Domini) Choose the correct option