(UEPG - 2001) Delrio de voar Nos dez primeiros anos deste sculo havia uma mania pop em Paris - voar. As formas estranhas dos aeroplanos experimentais invadiam as pginas dos jornais. Cada proeza dos aviadores era narrada em detalhe. Os parisienses acompanhavam fascinados as audcias dos aviadores, uma elite extravagante de jovens brilhantes, cultos e elegantes, realada por vrios milionrios e pelo interesse das moas. Multides lotavam o campo de provas de Issy-les-Molincaux. Os pilotos e os inventores eram reconhecidos nas ruas e homenageados em restaurantes. Todo dia algum biruta apresentava uma nova mquina, anunciava um plano mirabolante e desafiava a gravidade e a prudncia. Paris virara a capital mundial da aviao desde a fundao do Aro-Club de France, em 1898. Depois da difuso dos grandes bales, em 1880, e dos dirigveis inflados a gs, em 1890 - os chamados mais leves que o ar, chegara a hora dos aparelhos voadores prticos, menores e controlveis - os mais pesados que o ar. Durante muito tempo eles foram descartados como impossveis, mas agora as pr-condies haviam mudado. A tecnologia da aerodinmica, da engenharia de estruturas, do desenho de motores e da qumica de combustveis havia chegado a um estgio de evoluo indito. Combinadas, permitiam projetar mquinas inimaginadas. Simultaneamente, por caminhos paralelos, a fotografia dera um salto com a inveno dos filmes flexveis, em 1889. Surgiram cmeras modernas, mais sensveis luz, mais velozes e fceis de manejar. Em consequncia, proliferaram os fotgrafos profissionais e amadores. Eles no s registraram cada passo da infncia da aviao como tambm popularizaram-na. Transportados pelos jornais, os feitos dos pioneiros estimularam a vocao de muitos jovens candidatos a aviador. A mdia glamourizou a ousadia de voar. Inventar avies era um ofcio diletante e nada rendoso - ainda. Exigia recursos financeiros para construir aparelhos, contratar mecnicos, oficinas e hangares. Dinheiro nunca faltou ao brasileiro Alberto Santos-Dumont, filho de um rico fazendeiro mineiro, ou ao engenheiro e nobre francs marqus dEcquevilley-Montjustin. Voar era um ideal delirante e dndi. Uma glria para homens extraordinrios. SUPERINTERESSANTE, junho/99, p.36 Quanto formao de vocbulos, certo que 01) o prefixo indica negao nos vocbulos impossveis e inimaginados. 02) o substantivo fundao formado por sufixao a partir do verbo fundar. 04) parisiense vocbulo composto formado por justaposio. 08) simultaneamente vocbulo formado por parassntese a partir de um adjetivo na forma feminina. 16) glamourizou forma de pretrito perfeito de um verbo criado por derivao sufixal a partir de um estrangeirismo.
(Uepg/2001) Broquéis, obra de Cruz e Sousa que inaugura histórica e esteticamente o Simbolismo no Brasil (1893), é marcante pela exploração das virtualidades da palavra. Um de seus poemas é Sinfonias do Ocaso: Musselinosas como brumas diurnas Descem do ocaso as sombras harmoniosas, Sombras veladas e musselinosas Para as profundas solidões noturnas. Sacrários virgens, sacrossantas urnas, Os céus resplendem de sidéreas rosas, Da Lua e das Estrelas majestosas Iluminando a escuridão das furnas. Ah! por estes sinfônicos ocasos A terra exala aromas de áureos vasos. Incensos de turíbulos divinos. Os plenilúnios mórbidos vaporam... E como que no Azul plangem e choram Cítaras, harpas, bandolins, violinos.... Neste poema, estão presentes aspectos recorrentes na estética simbolista, como 01) intuição, musicalidade e espiritualidade. 02) tentativa de superação no transcendental e no místico, e culto da imprecisão. 04) sondagem da realidade oculta das coisas, sugestão e harmonia. 08) emprego de palavras raras e expressivas, e exploração da musicalidade das palavras. 16) valorização do gosto burguês, nacionalismo e impressionismo na linguagem.