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O ENSINO NA BRUZUNDANGAJá vos falei na nobreza 1do

O ENSINO NA BRUZUNDANGA

Já vos falei na nobreza 1doutoral desse país; é lógico, portanto, que vos fale do ensino que é ministrado nas suas escolas, donde se origina essa nobreza. Há diversas espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos governos provinciais e por particulares. Estas últimas são chamadas livres e as outras oficiais, mas todas elas são equiparadas entre si e os seus diplomas se 2equivalem. Os meninos ou rapazes, que se destinam a elas, não têm medo absolutamente das dificuldades que o curso de qualquer delas possa apresentar. Do que eles têm medo, é dos exames preliminares.

Passando assim pelo que nós chamamos preparatórios, os futuros diretores da República dos Estados Unidos da Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e presunçosos do que quando para lá entraram. São esses tais que berram: "Sou formado! Está falando com um homem formado!".

Ou senão quando alguém lhes diz:

- "Fulano é inteligente, ilustrado...", acode o 3homenzinho logo:

- É formado?

- Não.

- Ahn!

Raciocina ele muito bem. Em tal terra, quem não arranja um título como ele obteve o seu, deve ser muito burro, naturalmente.

Apesar de não ser da Bruzundanga, eu me interesso muito por ela, pois lá passei uma grande parte da minha meninice e mocidade.

Meditei muito sobre os seus problemas e creio que achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou explicar-me sucintamente.

O Estado da Bruzundanga, de acordo com a sua carta constitucional, declararia livre o exercício de qualquer profissão, extinguindo todo e qualquer privilégio de diploma.

Quem quisesse estudar medicina, frequentaria as cadeiras necessárias à especialidade a que se destinasse, evitando as disciplinas que julgasse inúteis. Aquele que tivesse vocação para engenheiro de estrada de ferro, não precisava estar perdendo tempo estudando 4hidráulica. Cada qual organizaria o programa do seu curso, de acordo com a especialidade da profissão liberal que quisesse exercer, com toda a honestidade e sem as escoras de privilégio ou diploma todo poderoso.

Semelhante forma de ensino, evitando o diploma e os seus privilégios, extinguiria a nobreza doutoral; e daria aos jovens da Bruzundanga mais honestidade no estudo, mais segurança nas profissões que fossem exercer, com a força que vem da concorrência entre os homens de valor e inteligência nas carreiras que seguem.

(BARRETO, Lima. OS BRUZUNDANGAS. São Paulo, Ática, 1985. p. 49-51 - com adaptações.)

 

(Uerj 1997)  A palavra extraída do texto, cujo processo de formação está explicado corretamente, é:

A

doutoral (ref. 1) = é formada  por parassíntese

B

equivalem (ref. 2) = é composta por justaposição

C

homenzinho (ref. 3) = tem sufixo de valor irônico

D

hidráulica (ref. 4) = tem prefixo de origem latina