(UFF - 2006) Antes do golpe de 64, o Centro Popular de Cultura (CPC), órgão da União Nacional dos Estudantes (UNE), catalisou a proposta de deselitizar a arte e a cultura, levando-as ao povo e revitalizando - quando necessário - expressões da cultura popular como o teatro mambembe e a literatura de cordel.
Sobre essa nova concepção de cultura, desenvolvida nos anos cinquenta do século passado, pode-se afirmar que:
o golpe de 64 e a censura foram responsáveis pelo fim da proposta de manifestações culturais críticas e engajadas. A saída foi a produção de texto em metáforas direcionadas à atuação dos grupos de esquerda, como o CPC;
no cinema, seu maior expoente foi Nelson Pereira dos Santos, responsável pela consagração do Cinema Novo, com os filmes "Terra emTranse" e "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro";
foi a partir de uma determinada visão de povo que a intelectualidade de esquerda pensou intervir no social, rompendo o estigma e a própria realidade do subdesenvolvimento;
a literatura de Cordel tornou-se a expressão mais acabada da alienação e ignorância do povo brasileiro;
nos anos cinquenta a cultura foi pensada em sua relação com as elites intelectuais do país. Revelou ainda o apego aos valores patrióticos, sintetizados na frase: "Brasil, ame-o ou deixe-o".