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(UNESP - 2018/2 - 1 FASE)Ricardo Reis , assim, o h

(UNESP - 2018/2 - 1ª FASE)

Ricardo Reis é, assim, o heterônimo clássico, ou melhor, neoclássico: sua visão da realidade deriva da Antiguidade greco-latina. Seus modelos de vida e de poesia, buscou-os na Grécia e em Roma.

(Massaud Moisés. “Introdução”. In: Fernando Pessoa. O guardador de rebanhos e outros poemas, 1997.)

 

Levando-se em consideração esse comentário, pertencem a Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa (1888-1935), os versos:

A

Nada perdeu a poesia. E agora há a mais as máquinas Com a sua poesia também, e todo o novo gênero de vida Comercial, mundana, intelectual, sentimental, Que a era das máquinas veio trazer para as almas.

B

Súbita mão de algum fantasma oculto Entre as dobras da noite e do meu sono Sacode-me e eu acordo, e no abandono Da noite não enxergo gesto ou vulto.

C

Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira do rio. Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas. (Enlacemos as mãos.)

D

À dolorosa luz das grandes lâmpadas elétricas da fábrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.

E

O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente.