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(UNESP - 2022 - 1 fase - DIA 2)Para responder s qu

(UNESP - 2022 - 1ª fase - DIA 2)

Para responder às questões de 11 a 14, leia o trecho do livro A solidão dos moribundos, do sociólogo alemão Norbert Elias.

Não mais consideramos um entretenimento de domingo assistir a enforcamentos, esquartejamentos e suplícios na roda. Assistimos ao futebol, e não aos gladiadores na arena. Se comparados aos da Antiguidade, nossa identificação com outras pessoas e nosso compartilhamento de seus sofrimentos e morte aumentaram. Assistir a tigres e leões famintos devorando pessoas vivas pedaço a pedaço, ou a gladiadores, por astúcia e engano, mutuamente se ferindo e matando, dificilmente constituiria uma diversão para a qual nos prepararíamos com o mesmo prazer que os senadores ou o povo romano. Tudo indica que nenhum sentimento de identidade unia esses espectadores àqueles que, na arena, lutavam por suas vidas. Como sabemos, os gladiadores saudavam o imperador ao entrar com as palavras “Morituri te salutant” (Os que vão morrer te saúdam). Alguns dos imperadores sem dúvida se acreditavam imortais. De todo modo, teria sido mais apropriado se os gladiadores dissessem “Morituri moriturum salutant” (Os que vão morrer saúdam aquele que vai morrer). Porém, numa sociedade em que tivesse sido possível dizer isso, provavelmente não haveria gladiadores ou imperadores. A possibilidade de se dizer isso aos dominadores — alguns dos quais mesmo hoje têm poder de vida e morte sobre um sem-número de seus semelhantes — requer uma desmitologização da morte mais ampla do que a que temos hoje, e uma consciência muito mais clara de que a espécie humana é uma comunidade de mortais e de que as pessoas necessitadas só podem esperar ajuda de outras pessoas. O problema social da morte é especialmente difícil de resolver porque os vivos acham difícil identificar-se com os moribundos.

A morte é um problema dos vivos. Os mortos não têm problemas. Entre as muitas criaturas que morrem na Terra, a morte constitui um problema só para os seres humanos. Embora compartilhem o nascimento, a doença, a juventude, a maturidade, a velhice e a morte com os animais, apenas eles, dentre todos os vivos, sabem que morrerão; apenas eles podem prever seu próprio fim, estando cientes de que pode ocorrer a qualquer momento e tomando precauções especiais — como indivíduos e como grupos — para proteger-se contra a ameaça da aniquilação.

(A solidão dos moribundos, 2001.)

No primeiro parágrafo, a impessoalidade da linguagem está bem exemplificada no trecho:

A

“Se comparados aos da Antiguidade, nossa identificação com outras pessoas e nosso compartilhamento de seus sofrimentos e morte aumentaram.”

B

“Como sabemos, os gladiadores saudavam o imperador ao entrar com as palavras ‘Morituri te salutant’ (Os que vão morrer te saúdam).”

C

“Assistimos ao futebol, e não aos gladiadores na arena.”

D

“Tudo indica que nenhum sentimento de identidade unia esses espectadores àqueles que, na arena, lutavam por suas vidas.”

E

“Não mais consideramos um entretenimento de domingo assistir a enforcamentos, esquartejamentos e suplícios na roda.”