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Questões de Português - UNICAMP | Gabarito e resoluções

Questão 11
2012Português

(UNICAMP - 2012 - 2 FASE) Os trechos a seguir foram extrados de A cidade e as serras, de Ea de Queirs. Mas dentro, no peristilo, logo me surpreendeu um elevador instalado por Jacinto apesar do 202 ter somente dois andares, e ligados por uma escadaria to doce que nunca ofendera a asma da Sr. D. Angelina! Espaoso, tapetado, ele oferecia, para aquela jornada de sete segundos, confortos numerosos, um div, uma pele de urso, um roteiro das ruas de Paris, prateleiras gradeadas com charutos e livros. Na antecmera, onde desembarcamos, encontrei a temperatura macia e tpida duma tarde de Maio, em Guies. Um criado, mais atento ao termmetro que um piloto agulha, regulava destramente a boca dourada do calorfero. E perfumadores entre palmeiras, como num terrao santo de Benares, esparziam um vapor, aromatizando e salutarmente umedecendo aquele ar delicado e superfino. Eu murmurei, nas profundidades do meu assombrado ser: Eis a Civilizao! ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- Meus amigos, h uma desgraa... Dornan pulou na cadeira: Fogo? No, no era fogo. Fora o elevador dos pratos que inesperadamente, ao subir o peixe de S. Alteza, se desarranjara, e no se movia, encalhado! (...) O Gro-Duque l estava, debruado sobre o poo escuro do elevador, onde mergulhara uma vela que lhe avermelhava mais a face esbraseada. Espreitei, por sobre o seu ombro real. Em baixo, na treva, sobre uma larga prancha, o peixe precioso alvejava, deitado na travessa, ainda fumegando, entre rodelas de limo. Jacinto, branco como a gravata, torturava desesperadamente a mola complicada do ascensor. Depois foi o Gro-Duque que, com os pulsos cabeludos, atirou um empuxo tremendo aos cabos em que ele rolava. Debalde! O aparelho enrijara numa inrcia de bronze eterno. (Ea de Queirs, A cidade e as serras. So Paulo: Companhia Editora Nacional, 2006, p. 28, p. 63.) a) Levando em considerao os dois trechos, explique qual o significado do enguio do elevador. b) Como o desfecho do romance se relaciona com esse episdio?

Questão 12
2012Português

(UNICAMP - 2012 - 2 FASE) Os trechos abaixo foram extrados de Dom Casmurro, de Machado de Assis. Eu, leitor amigo, aceito a teoria do meu velho Marcolini, no s pela verossimilhana, que muita vez toda a verdade, mas porque a minha vida se casa bem definio. Cantei um duo ternssimo, depois um trio, depois um quatuor... ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Nada se emenda bem nos livros confusos, mas tudo se pode meter nos livros omissos. Eu, quando leio algum desta outra casta, no me aflijo nunca. O que fao, em chegando ao fim, cerrar os olhos e evocar todas as cousas que no achei nele. Quantas ideias finas me acodem ento! Que de reflexes profundas! Os rios, as montanhas, as igrejas que no vi nas folhas lidas, todos me aparecem agora com as suas guas, as suas rvores, os seus altares, e os generais sacam das espadas que tinham ficado na bainha, e os clarins soltam as notas que dormiam no metal, e tudo marcha com uma alma imprevista. que tudo se acha fora de um livro falho, leitor amigo. Assim preencho as lacunas alheias; assim podes tambm preencher as minhas. (Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateli Editorial, 2008, p. 213.) a) Como a narrativa de Bento Santiago pode ser relacionada com a afirmao de que a verossimilhana muita vez toda a verdade? b) Considerando essa relao, explicite o desafio que o segundo trecho prope ao leitor.

Questão
2012Português

(UNICAMP - 2012 - 2 FASE) O excerto abaixo foi extrado do poema Balada Feroz, de Vincius de Moraes. (...) Lana o teu poema inocente sobre o rio venreo engolindo as cidades Sobre os casebres onde os escorpies se matam viso dos amores miserveis Deita a tua alma sobre a podrido das latrinas e das fossas Por onde passou a misria da condio dos escravos e dos gnios. (...) Amarra-te aos ps das garas e solta-as para que te levem E quando a decomposio dos campos de guerra te ferir as narinas, lana-te sobre a cidade morturia Cava a terra por entre as tumefaes e se encontrares um velho canho soterrado, volta E vem atirar sobre as borboletas cintilando cores que comem as fezes verdes das estradas. (...) Suga aos cnicos o cinismo, aos covardes o medo, aos avaros o ouro E para que apodream como porcos, injeta-os de pureza! E com todo esse pus, faz um poema puro E deixa-o ir, armado cavaleiro, pela vida E ri e canta dos que pasmados o abrigarem E dos que por medo dele te derem em troca a mulher e o po. Canta! canta, porque cantar a misso do poeta E dana, porque danar o destino da pureza Faz para os cemitrios e para os lares o teu grande gesto obsceno Carne morta ou carne viva toma! Agora falo eu que sou um! (Vincius de Moraes, Antologia Potica. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 51-53.) a) Como prprio do modernismo potico, os versos acima contrariam a linguagem mais depurada e as imagens mais elevadas da lrica tradicional. Como podemos definir as imagens predominantes em Balada feroz? A que se referem tais imagens? b) Qual o papel da poesia e do poeta diante da realidade representada?

Questão
2012Português

(UNICAMP - 2012 - 2 fase - Questo 9) Os excertos abaixo foram extrados do Auto da barca do inferno, de Gil Vicente. (...) FIDALGO: Que leixo na outra vida quem reze sempre por mi. DIABO: (...) E tu viveste a teu prazer, cuidando c guarecer por que rezem l por ti!...(...) ANJO: Que quers? FIDALGO: Que me digais, pois parti to sem aviso, se a barca do paraso esta em que navegais. ANJO: Esta ; que me demandais? FIDALGO: Que me leixs embarcar. s fidalgo de solar, bem que me recolhais. ANJO: No se embarca tirania neste batel divinal. FIDALGO: No sei por que haveis por mal Que entra minha senhoria. ANJO: Pera vossa fantesia mui estreita esta barca. FIDALGO: Pera senhor de tal marca nom h aqui mais cortesia? (...) ANJO: No vindes vs de maneira pera ir neste navio. Essoutro vai mais vazio: a cadeira entrar e o rabo caber e todo vosso senhorio. Vs irs mais espaoso com fumosa senhoria, cuidando na tirania do pobre povo queixoso; e porque, de generoso, desprezastes os pequenos, achar-vos-eis tanto menos quanto mais fostes fumoso. () SAPATEIRO: (...) E pera onde a viagem? DIABO: Pera o lago dos danados. SAPATEIRO: Os que morrem confessados, onde tm sua passagem? DIABO: Nom cures de mais linguagem! Esta a tua barca, esta! (...) E tu morreste excomungado: no o quiseste dizer. Esperavas de viver, calaste dous mil enganos... tu roubaste bem trintanos o povo com teu mester. (...) SAPATEIRO: Pois digo-te que no quero! DIABO: Que te ps, hs-de ir, si, si! SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi, no me ho elas de prestar? DIABO: Ouvir missa, ento roubar, caminho peraqui. (Gil Vicente, Auto da barca do inferno, em Cleonice Berardinelli (org.), Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova Fronteira; Braslia: INL, 1984, p. 57-59e 68-69.) a) Por que razo especfica o fidalgo condenado a seguir na barca do inferno? E o sapateiro? b) Alm das faltas especficas desses personagens, h uma outra, comum a ambos e bastante praticada poca, que Gil Vicente condena. Identifique essa falta e indique de que modo ela aparece em cada um dos personagens.

Questão 1
2011Português

(UNICAMP - 2011)A comunidade do Orkut Eu tenho medo do Mesmo foi criada em funo do aviso bastante conhecido dos usurios de elevadores: Antes de entrar no elevador, verifique se o mesmo encontra-se parado neste andar. a) Explique o que torna possvel o jogo de palavras Mesmo, o manaco dos elevadores usado pelos membros dessa comunidade. b) Reescreva o aviso de forma que essa leitura no seja mais possvel.

Questão 2
2011Português

(UNICAMP - 2011) Quando vitaminas atrapalham Consumir suplementos de vitaminas depois de praticar exerccios fsicos pode reduzir a sensibilidade insulina, o hormnio que conduz a glicose s clulas de todo o corpo. Temporariamente, um pouco de estresse oxidativo processo combatido por algumas vitaminas e que danifica as clulas ajuda a evitar o diabetes tipo 2, causado pela resistncia insulina, concluram pesquisadores das universidades de Jena, na Alemanha, e Harvard, nos Estados Unidos. Desse estudo, publicado em maio na PNAS, participaram 40 pessoas, metade delas com treinamento fsico prvio, metade sem. Os dois grupos foram divididos em subgrupos que tomaram ou no uma combinao de vitaminas C e E.Todos os subgrupos praticaram exerccios durante quatro semanas e passaram por exames de avaliao de sensibilidade da glicose insulina antes e aps esse perodo. Apenas exerccios fsicos, sem doses adicionais de vitaminas, promovem a longevidade e reduzem o diabetes tipo 2. Ao contrrio do que se pensava, os resultados negam que o estresse oxidativo seja um efeito colateral indesejado da atividade fsica vigorosa: ele na verdade parte do mecanismo pelo qual quem se exercita mais saudvel. A concluso clara: nada de antioxidantes depois de correr. (Adaptado de Quando vitaminas atrapalham. Revista Pesquisa FAPESP 160, p.40, junho de 2009.) a) Por se tratar de um texto de divulgao cientfica, apresenta recursos lingusticos prprios a esse gnero. Quais so eles? Transcreva dois trechos em que esses recursos esto presentes. b) O experimento em questo concluiu que as vitaminas atrapalham. Explique como os pesquisadores chegaram a essa concluso.

Questão 3
2011Português

(UNICAMP - 2011) os dicionrios de meu pai Pouco antes de morrer, meu pai me chamou ao escritrio e me entregou um livro de capa preta que eu nunca havia visto. Era o dicionrio analgico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Ficava quase escondido, perto dos cinco grandes volumes do dicionrio Caldas Aulete, entre outros livros de consulta que papai mantinha ao alcance da mo numa estante giratria. Isso pode te servir, foi mais ou menos o que ele ento me disse, no seu falar meio grunhido. E por um bom tempo aquele livro me ajudou no acabamento de romances e letras de canes, sem falar das horas que eu o folheava toa. Palavra puxa palavra e escarafunchar o dicionrio analgico foi virando para mim um passatempo (desenfado, espairecimento, entretm, solaz, recreio, filistria). O resultado que o livro, herdado j em estado precrio, comeou a se esfarelar nos meus dedos. Encostei-o na estante das relquias ao descobrir, num sebo atrs da Sala Ceclia Meireles, o mesmo dicionrio em encadernao de percalina. Com esse livro escrevi novas canes e romances, decifrei enigmas, fechei muitas palavras cruzadas. E ao v-lo dar sinais de fadiga, sa de sebo em sebo pelo Rio de Janeiro para me garantir um dicionrio analgico de reserva. Encontrei dois, mas no me dei por satisfeito, fiquei viciado no negcio. Dei de vasculhar livrarias pas afora, s em So Paulo adquiri meia dzia de exemplares, e ainda rematei o ltimo venda na Amazon.com antes que algum aventureiro o fizesse. Eu j imaginava deter o monoplio (aambarcamento, exclusividade, hegemonia, senhorio, imprio) de dicionrios analgicos da lngua portuguesa, no fosse pelo senhor Joo Ubaldo Ribeiro, que ao que me consta tambm tem um, qui carcomido pelas traas (brocas, carunchos, busanos, cupins, trmitas, cries, lagartas-rosadas, gafanhotos, bichos-carpinteiros). Hoje sou surpreendido pelo anncio dessa nova edio do dicionrio analgico de Francisco Ferreira dos Santos Azevedo. Sinto como se invadissem minha propriedade, revirassem meus bas, espalhassem aos ventos meu tesouro. Trata-se para mim de uma terrvel (funesta, nefasta, macabra, atroz, abominvel, dilacerante, miseranda) notcia. (Adaptado de Francisco Buarque de Hollanda, em Francisco F. dos S. Azevedo, Dicionrio Analgico da Lngua Portuguesa: ideias afins/thesaurus. 2 edio atualizada e revista, Rio de Janeiro: Lexikon, 2010.) a) A partir do texto de Chico Buarque que introduz o dicionrio analgico recentemente reeditado, proponha uma definio para esse tipo de dicionrio. b) Mostre a partir de que pistas do texto sua definio foi elaborada.

Questão 4
2011Português

(UNICAMP - 2011) a) Nessa tira de Laerte a graa produzida por um deslizamento de sentido. Qual ele? b) Descreva esse deslizamento quadro a quadro, mostrando a relao das imagens com o que dito.

Questão 5
2011Português

(UNICAMP - 2011) Gramtica Composio de Sandra Peres e Luiz Tatit (Palavra Cantada) O substantivo o substituto do contedo O adjetivo a nossa impresso sobre quase tudo O diminutivo o que aperta o mundo E deixa mido O imperativo o que aperta os outros e deixa mudo Um homem de letras Dizendo ideias Sempre se inflama Um homem de ideias Nem usa letras Faz ideograma Se altera as letras E esconde o nome Faz anagrama Mas se mostro o nome Com poucas letras um telegrama Nosso verbo ser uma identidade Mas sem projeto E se temos verbo Com objeto bem mais direto No entanto falta Ter um sujeito Pra ter afeto Mas se um sujeito Que se sujeita Ainda objeto Todo barbarismo o portugus Que se repeliu O neologismo uma palavra Que no se ouviu J o idiotismo tudo que a lngua No traduziu Mas tem idiotismo Tambm na fala De um imbecil a) Nessa letra de msica so atribudos sentidos s classificaes gramaticais. Escolha duas delas e explique o sentido explorado, justificando sua pertinncia ou no. b) Nas duas ltimas estrofes, h um deslocamento no uso de idiotismo. Explique-o.

Questão 6
2011Português

(UNICAMP - 2011) Entre Luz e Fusco Entre luz e fusco, tudo h de ser breve como esse instante. Nem durou muito a nossa despedida, foi o mais que pde, em casa dela, na sala de visitas, antes do acender das velas; a que nos despedimos de uma vez. Juramos novamente que havamos de casar um com o outro, e no foi s o aperto de mo que selou o contrato, como no quintal, foi a conjuno das nossas bocas amorosas... talvez risque isso na impresso, se at l no pensar de outra maneira; se pensar, fica. E desde j fica, porque, em verdade, a nossa defesa. O que o mandamento divino quer que no juremos em vo pelo santo nome de Deus. Eu no ia mentir ao seminrio, uma vez que levava um contrato feito no prprio cartrio do cu. Quanto ao selo, Deus, como fez as mos limpas, assim fez os lbios limpos, e a malcia est antes na tua cabea perversa que na daquele casal de adolescentes... oh! minha doce companheira da meninice, eu era puro, e puro fiquei, e puro entrei na aula de S. Jos, a buscar de aparncia a investidura sacerdotal, e antes dela a vocao. Mas a vocao eras tu, a investidura eras tu. (Machado de Assis, Dom Casmurro. Cotia: Ateli Editorial, 2008, p. 195-196.) a) Em que medida a imagem presente no ttulo desse captulo de Dom Casmurro define a natureza da narrativa do romance? b) No emprego da segunda pessoa, no h coincidncia do interlocutor. Indique duas marcas lingusticas que evidenciam essa no coincidncia, explicitando qual o interlocutor em cada caso.

Questão 7
2011Português

(UNICAMP - 2011) Potica I De manh, escureo De dia, tardo De tarde anoiteo De noite ardo A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este meu norte. Outros que contem Passo por passo Eu morro ontem Naso amanh Ando onde h espao -- Meu tempo quando. Nova York, 1950 (Vinicius de Moraes, Antologia potica. So Paulo: Companhia das Letras, 2009, p.272.) a) A poesia um lugar privilegiado para constatarmos que a lngua muito mais produtiva do que preveem as normas gramaticais. Isso particularmente visvel no modo como o poema explora os marcadores temporais e espaciais. Comente dois exemplos presentes no poema que confirmem essa afirmao. b) As duas ltimas estrofes apresentam uma oposio entre o eu lrico e os outros. Explique o sentido dessa oposio.

Questão 8
2011Português

(UNICAMP - 2011)Leia os seguintes trechos de O cortio e Vidas secas: O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; j se no destacavam vozes dispersas, mas um s rudo compacto que enchia todo o cortio. (...). Sentia-se naquela fermentao sangunea, naquela gula viosa de plantas rasteiras que mergulhavam os ps vigorosos na lama preta e nutriente da vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfao de respirar sobre a terra. (Alusio Azevedo, O cortio. Fico completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 2005, p. 462.) Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a famlia morrendo de fome, comendo razes. Cara no fim do ptio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado camarinha escura, pareciam ratos e a lembrana dos sofrimentos passados esmorecera. (...) - Fabiano, voc um homem, exclamou em voz alta. Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar s. E, pensando bem, ele no era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presena dos brancos e julgava-se cabra. Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, algum tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando: - Voc um bicho, Fabiano. Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades. Chegara naquela situao medonha e ali estava, forte, at gordo, fumando seu cigarro de palha. - Um bicho, Fabiano. (...) Agora Fabiano era vaqueiro, e ningum o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara razes, estava plantado. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Editora Record, 2007, p.18-19.) a) Ambos os trechos so narrados em terceira pessoa. Apesar disso, h uma diferena de pontos de vista na aproximao das personagens com o mundo animal e vegetal. Que diferena essa? b) Explique como essa diferena se associa viso de mundo expressa em cada romance.

Questão 9
2011Português

(UNICAMP - 2011) Leia a passagem seguinte, de Capites da areia: Pedro Bala olhou mais uma vez os homens que nas docas carregavam fardos para o navio holands. Nas largas costas negras e mestias brilhavam gotas de suor. Os pescoos musculosos iam curvados sob os fardos. E os guindastes rodavam ruidosamente. Um dia iria fazer uma greve como seu pai... Lutar pelo direito... Um dia um homem assim como Joo de Ado poderia contar a outros meninos na porta das docas a sua histria, como contavam a de seu pai. Seus olhos tinham um intenso brilho na noite recm-chegada. (Jorge Amado, Capites da areia. So Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 88.) a) Que consequncias a descoberta de sua verdadeira origem tem para a personagem de Pedro Bala? b) Em que medida o trecho acima pode definir o contexto literrio em que foi escrito o romance de Jorge Amado?

Questão 10
2011Português

(UNICAMP - 2011)Leia os seguintes trechos de Memrias de um sargento de milcias e Vidas secas, que descrevem o estado de nimo das personagens ao final de uma festa: Acabado o fogo, tudo se ps em andamento, levantaram-se as esteiras, espalhou-se o povo. D. Maria e sua gente puseram-se tambm em marcha para casa, guardando a mesma disposio com que tinham vindo. Desta vez porm Luisinha e Leonardo, no dizer que vieram de brao, como este ltimo tinha querido quando foram para o Campo, foram mais adiante do que isso, vieram de mos dadas muito familiar e ingenuamente. Este ingenuamente no sabemos se se poder com razo aplicar ao Leonardo. Conversaram por todo o caminho como se fossem dois conhecidos muito antigos, dois irmos de infncia, e to distrados iam que passaram porta da casa sem parar, e j estavam muito adiante quando os sios de D. Maria os fizeram voltar. A despedida foi alegre para todos e tristssima para os dois. (Manuel Antonio de Almeida, Memria de um sargento de milcias. So Paulo: tica, 2004, Captulo XX - O fogo no Campo, p. 71.) Baleia cochilava, de quando em quando balanava a cabea e franzia o focinho. A cidade se enchera de suores que a desconcertavam. Sinha Vitria enxergava, atravs das barracas, a cama de seu Toms da bolandeira, uma cama de verdade. Fabiano roncava de papo para cima, as abas do chapu cobrindo-lhe os olhos, o quengo sobre as botinas de vaqueta. Sonhava, agoniado, e Baleia percebia nele um cheiro que o tornava irreconhecvel. Fabiano se agitava, soprando. Muitos soldados amarelos tinham aparecido, pisavam-lhe os ps com enormes reinas e ameaavam-no com faces terrveis. (Graciliano Ramos, Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 82-83.) a) Explique as diferenas do estado de nimo das personagens ao final dos dois episdios. b) A partir dessa diferena, explique o significado que as duas festas tm em cada um dos romances.

Questão 11
2011Português

(UNICAMP - 2011)Os trechos abaixo, do Auto da barca do inferno e das Memrias de um sargento de milcias, tratam, de maneira cmica, dos pecados de duas personagens que, cada uma a seu modo, representam uma autoridade. Leia-os com ateno e responda s questes propostas em seguida. Frade Ah, Corpo de Deus consagrado! Pela f de Jesus Cristo, queu no posso entender isto! Eu hei-de ser condenado? Um padre to namorado e tanto dado virtude! Assi Deus me d sade que eu estou maravilhado! Diabo No faamos mais detena. Embarcai e partiremos: tomareis um par de remos. Frade No ficou isso navena! Diabo Pois dada est j a sentena! Frade Par Deus! Essa seriela! No vai em tal caravela minha senhora Florena. Como? Por ser namorado e folgar com ua mulher se h um frade de se perder, com tanto salmo rezado? Diabo Ora ests bem aviado! Frade Mas ests bem corregido! Diabo Devoto padre marido, haveis de ser c pingado... (Gil Vicente, Auto da barca do inferno. So Paulo: tica, 2006, p. 35-36.) Os leitores esto j curiosos por saber quem ela, e tm razo; vamos j satisfaz-los. O major era pecador antigo, e no seu tempo fora daqueles de quem se diz que no deram o seu quinho ao vigrio: restava-lhe ainda hoje alguma coisa que s vezes lhe recordava o passado: essa alguma coisa era a Maria-Regalada que morava na Prainha. Maria-Regalada fora no seu tempo uma mocetona de truz, como vulgarmente se diz: era de um gnio sobremaneira folgazo, vivia em contnua alegria, ria-se de tudo, e de cada vez que se ria faziao por muito tempo e com muito gosto: da que vinha o apelido regalada que haviam juntado ao seu nome. (Manuel Antonio de Almeida, Memria de um sargento de milcias. So Paulo: tica, 2004, Captulo XLV - Empenhos, p. 142.) a) O que h de comum na caracterizao da conduta do Frade, na pea, e do major Vidigal, no romance? b) Que diferena entre as obras faz com que essas personagens tenham destinos distintos?