(VUNESP - 2006) Efetivamente, ocorriam casamentos mesmo entre os escravos. É preciso lembrar que a Igreja incumbia os senhores de manter seus cativos na religião católica, responsabilizando-os pelo acesso aos sacramentos e ritos de culto. Dessa forma, o casamento era não só forma de aculturação, mas também de estabilidade nos plantéis, desestimulando fugas e mesmo as alforrias, revertendo sempre no interesse do próprio senhor.
Como exemplo, no Serro Frio, Francisca da Silva de Oliveira, a conhecida Chica da Silva, casava sistematicamente seus escravos. Em 30 de julho de 1765, na matriz de Santo Antônio do Tejuco, casaram-se seus escravos Joaquim Pardo e Gertrudes Crioula.
(Júnia Ferreira Furtado, Cultura e sociedade no Brasil colônia.)
Assim, para os senhores de escravos, permitir e incentivar o casamento dos seus escravos significava
se contrapor aos interesses da Igreja Católica, que defendia os rituais religiosos apenas aos homens livres.
ampliar, de maneira substancial, as ocorrências de alforrias das crianças nascidas desses casamentos.
resgatar as tradições culturais e religiosas dos povos africanos, garantindo o casamento entre pessoas da mesma etnia.
ter escravos disciplinados para o trabalho e menos propensos aos atos de rebeldia contra a escravidão.
evitar as uniões entre africanos e colonizadores brancos, em nome do projeto de “embranquecimento” do Brasil.