(Fatec-2002)
AS COUSAS DO MUNDO
Neste mundo é mais rico o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa;
Com sua língua, ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.
Mostra o patife da nobreza o mapa:
Quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa;
Quem menos falar pode, mais increpa:
Quem dinheiro tiver, pode ser Papa.
A flor baixa se inculca por tulipa;
Bengala hoje na mão, ontem garlopa,
Mais isento se mostra o que mais chupa.
Para a tropa do trapo vazo a tripa
E mais não digo, porque a Musa topa
Em apa, epa, ipa, opa, upa
(Gregório de Matos Guerra, Seleção de Obras Poéticas)
Devido quer aos hábitos linguísticos quer às preferências literárias de sua época, o autor vale-se de algumas palavras e expressões que poderiam ser “traduzidas” para uma forma contemporânea e mais corrente.
Assinale a alternativa em que aparece o equivalente de sentido adequado ao contexto:
“[...] ao nobre o vil decepa”= o nobre corta o mal pela raiz.
“[...] é mais rico o que mais rapa” = é tanto mais rico aquele que rouba mais.
“Quem mais limpo se faz, tem mais carepa” = quem mais se limpa, mais perde cabelos.
“O velhaco maior sempre tem capa” = idosos têm mais necessidade de agasalho.
“A flor baixa se inculca por tulipa” = a flor rasteira teima em crescer mais alto