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(FUVEST - 2020 - 1 fase)Cantiga de enganar(...)O m

Português | Literatura | modernismo no Brasil | autores da 2a fase modernista na poesia | Carlos Drummond de Andrade
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(FUVEST - 2020 - 1ª fase)

Cantiga de enganar

(...)

O mundo não tem sentido.

O mundo e suas canções

de timbre mais comovido

estão calados, e a fala

que de uma para outra sala

ouvimos em certo instante

é silêncio que faz eco

e que volta a ser silêncio

no negrume circundante.

Silêncio: que quer dizer?

Que diz a boca do mundo?

Meu bem, o mundo é fechado,

se não for antes vazio.

O mundo é talvez: e é só.

Talvez nem seja talvez.

O mundo não vale a pena,

mas a pena não existe.

Meu bem, façamos de conta.

De sofrer e de olvidar,

de lembrar e de fruir,

de escolher nossas lembranças

e revertê‐las, acaso

se lembrem demais em nós.

Façamos, meu bem, de conta

– mas a conta não existe –

que é tudo como se fosse,

ou que, se fora, não era.

(...)

Carlos Drummond de Andrade, Claro Enigma

 

Em Claro Enigma, a ideia de engano surge sob a perspectiva do sujeito maduro, já afastado das ilusões, como se lê no verso‐síntese “Tu não me enganas, mundo, e não te engano a ti.” (“Legado”). O excerto de “Cantiga de enganar” apresenta a relação do eu com o mundo mediada

A

 pela música, que ressoa em canções líricas.

B

 pela cor, brilhante na claridade solar.

C

 pela afirmação de valores sólidos.

D

 pela memória, que corre fluida no tempo.

E

 pelo despropósito de um faz‐de‐conta.