(IFAL - 2018)
O texto que segue é para a próxima questão: .
Deda, meu amigo, estou aqui. Podes me ouvir? Já faz algum tempo que não conversamos. Poderíamos arrancar a malvada saudade de nosso peito, o que achas então? Teu rosto está envelhecido. Tua carne, envilecida. Teu corpo treme. Tuas débeis mãos fremem. O que terá acontecido contigo, meu velho? Ah, já não és mais bravo e guerreiro, moço e vigoroso: és, sim, pó espectral. Logo te ajuntarás ao barro da terra. Logo a terra abrirá a fecunda e profunda boa para te tragar. Oleiro. Logo, meu velho. Logo. Lembras-te que eras tão bom na pontaria, que não erravas uma formiga na mira da tua espingarda, que ficavas a escorar-te em qualquer pilastra por onde pousavas e passavas, em varandas de casebres e casas grandes? Lembras-te, meu velho, que eras tão bom na composição de versos, nos improvisos de belos repentes? Tuas pernas já não suportam o peso de teu corpo, mesmo que tu queiras: magro, seco feito imbaúba. Triste é sofrer. O tempo passou devagar, voraz, amigo. O tempo não espera que o acompanhemos. Segue sozinho os caminhos da vida e vai a todos os lugares e direções: atalhos.
(LOURENÇO, Rosival. Pelos engenhos. Maceió: Edufal, 2011, p. 12)
Considerando as relações de coerência e coesão, bem como as relações sintáticas de concordância do português, assinale a alternativa que apresenta uma afirmação errada quanto ao trecho a que se refere.
“Já faz algum tempo que não conversamos” / se o sujeito do primeiro verbo fosse plural, a forma verbal deveria permanecer no singular, de acordo com o português culto.
“Tuas débeis mãos fremem” / as concordâncias nominal e verbal obedecem à norma padrão do português escrito.
“eras tão bom na composição de versos, nos improvisos de belos repentes” / os adjetivos concordam adequadamente com os nomes a que se ligam, observando-se o padrão da língua portuguesa.
“Segue sozinho os caminhos da vida e vai a todos os lugares e direções” / os dois verbos não estão adequados na sua flexão número-pessoal, pois deveriam flexionar-se na segunda pessoa do singular.
“Tuas pernas já não suportam o peso de teu corpo, mesmo que tu queiras” / no português padrão, o último verbo não deve ser flexionado na terceira pessoa do singular, embora isso seja aceito em situação de coloquialidade.