(IFSP/2017)
Leia as estrofes abaixo, que se referem a uma peça teatral de Gil Vicente.
[...]
Renego deste lavrar
E do primeiro que o usou;
Ó diabo que o eu dou,
Que tão mau é d’aturar.
Oh Jesus! Que enfadamento,
E que raiva e que tormento,
Que cegueira, e que canseira!
Eu hei de buscar maneira
D’algum outro aviamento.
Coitada, assi hei de estar
Encerrada nesta casa
Como panela sem asa,
Que sempre está num lugar?
E assi hão de ser logrados
Dous dias amargurados,
Que eu possa durar viva?
E assim hei de estar cativa
Em poder de desfiados?
[...]
Assinale a alternativa correta acerca da obra a que estas estrofes pertencem.
As estrofes apresentadas referem-se à peça teatral Auto da Barca do Purgatório, em que a personagem principal é encarregada de conduzir as almas ao destino apropriado, após a morte. Pode-se observar que, nesta obra, a característica do Humanismo predominante é o antropocentrismo.
As estrofes apresentadas referem-se à peça teatral Auto da Barca do Inferno; as cenas ocorrem à margem de um rio, onde estão ancorados dois barcos: um é dirigido por um anjo e o outro é dirigido pelo diabo. Pode-se depreender que esta obra apresenta uma característica bem marcante do Humanismo: as decisões do homem prevalecem e o indivíduo possui em vida livre-arbítrio.
Farsa de Inês Pereira é o título dado à peça, cujas estrofes foram apresentadas. Esta peça, considerada a mais humanista de Gil Vicente, retrata o comportamento amoral da degradante sociedade da época; os versos correspondem às falas de Inês, uma moça insatisfeita ao se ocupar das prendas domésticas.
O nome da peça cujas estrofes foram apresentadas é Breve sumário da história de Deus, obra em que Gil Vicente reafirma a certeza quanto à existência do inferno e ressalta uma importante característica do Humanismo: a demonstração da figura humana e suas expressões.
As estrofes apresentadas foram extraídas da seguinte obra de Gil Vicente: O velho da horta, peça de enredo, na qual se desenvolve uma ação contínua e encadeada em torno de um episódio extraído da vida real, em que a individualidade, característica do Humanismo, é valorizada.