ENEM

ITA

IME

FUVEST

UNICAMP

UNESP

UNIFESP

UFPR

UFRGS

UNB

VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(UNESP - 2014 - 1 FASE) Para responder questo, lei

(UNESP - 2014 - 1ª FASE) Para responder à questão, leia o fragmento de um texto publicado em 1867 no seminário Cabrião.

 

São Paulo, 10 de março de 1867.
 

Estamos em plena quaresma.


A população paulista azafama-se a preparar-se para a lavagem geral das consciências nas águas lustrais do confessionário e do jejum.
 

A cambuquira* e o bacalhau afidalgam-se no mercado.
 

A carne, mísera condenada pelos santos concílios, fica reduzida aos pouquíssimos dentes acatólicos da população, e desce quase a zero na pauta dos preços.


O que não sobe nem desce na escala dos fatos normais é a vilania, a usura, o egoísmo, a estatística dos crimes e o montão de fatos vergonhosos, perversos, ruins e feios que precedem todas as contrições oficiais do confessionário, e que depois delas continuam com imperturbável regularidade.


É o caso de desejar-se mais obras e menos palavras. E se não, de que é que serve o jejum, as macerações, o arrependimento, a contrição e quejandas religiosidades?

 

O que é a religião sem o aperfeiçoamento moral da consciência?
 

O que vale a perturbação das funções gastronômicas do estômago sem consciência livre, ilustrada, honesta e virtuosa?
 

Seja como for, o fato é que a quaresma toma as rédeas do governo social, e tudo entristece, e tudo esfria com o exercício de seus místicos preceitos de silêncio e meditação.


De que é que vale a meditação por ofício, a meditação hipócrita e obrigada, que consiste unicamente na aparência?


Pois o que é que constitui a virtude? É a forma ou é o fundo? É a intenção do ato, ou sua feição ostensiva?
 

Neste sentido, aconselhamos aos bons leitores que comutem sem o menor escrúpulo os jejuns, as confissões e rezas em boas e santas ações, em esmolas aos pobres.
 

(Ângelo Agostini, Américo de Campos e Antônio Manoel dos Reis. Cabrião, 10.03.1867. Adaptado.)
 

* Iguaria constituída de brotos de abóbora guisados, geralmente servida como acompanhamento de assados.

 

A cambuquira e o bacalhau afidalgam-se no mercado.

Ao empregar o verbo “afidalgar-se” (tornar-se fidalgo, enobrecer; assumir ares de fidalgo, tornar-se distinto), os autores do texto sugerem, com bom humor, que a cambuquira e o bacalhau

A

são muito pouco encontrados no comércio para compra.

B

são alimentos venerados e honrados por sua reconhecida fidalguia.

C

tornam-se no período produtos de grande procura e preços elevados.

D

não podem ser consumidos pela população plebeia.

E

são considerados iguarias que agradam ao imperador e à nobreza.