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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

ORIENTAO GERAL Escolha do tema: Escolha um dos trs

ORIENTAÇÃO GERAL

Escolha do tema: Escolha um dos três temas propostos para redação e assinale sua escolha no alto da página de resposta. Você deve desenvolver o tema conforme o tipo de texto indicado, segundo as instruções que se encontram na orientação dada ao tema escolhido.
Coletânea de textos: Os textos que acompanham cada tema foram tirados de fontes diversas e apresentam fatos, dados, opiniões e argumentos relacionados com o tema geral TRABALHO. São textos como aqueles a que você está exposto na sua vida diária de leitor de jornais, revistas ou livros, e que você deve saber ler e comentar.

Leia a coletânea e utilize-a segundo as instruções específicas dadas para o tema escolhido. Se quiser, pode valer-se também de informações que julgar importantes, mesmo que tenham sido incluídas nas propostas dos outros temas ou nos enunciados das questões desta prova.

 

TEMA C

ATENÇÃO: SE VOCÊ NÃO SEGUIR AS INSTRUÇÕES RELATIVAS A ESTE TEMA, SUA REDAÇÃO SERÁ ANULADA.

 

Considerando especialmente as informações contidas na matéria jornalística transcrita abaixo, escreva uma carta a um interlocutor de sua escolha (por exemplo, a um sindicalista, a um político, a um empresário) sugerindo que ele se empenhe na aprovação de um projeto de lei que acabe com as horas extras.

Nesta carta, você deverá, necessariamente, especificar os principais pontos do projeto de lei que gostaria de ver aprovado.

Lembre-se de que você deverá identificar claramente seu destinatário e organizar seus argumentos, a fim de convencê-lo a acatar sua sugestão.

¸ Não esqueça que você pode valer-se de informações da coletânea geral e dos enunciados das questões desta prova para escrever sua carta.
¸ Ao assinar a carta, use iniciais apenas, de forma a não se identificar.

 

SÃO PAULO. A recuperação da economia vem se sustentando em boa parte com o uso de horas extras no trabalho. Segundo pesquisa da Fundação Seade e do Dieese, 40,3% dos assalariados da Região Metropolitana de São Paulo trabalharam, em março, além da jornada de 44 horas semanais fixada na Constituição, contra 35,6% no mesmo mês de 2000. No comércio, foram nada menos do que 52,3%; e na indústria 40,9% prolongaram o expediente. No setor de serviços, o percentual foi de 36,2%.
                  O economista Mário Pochmann, secretário extraordinário do Trabalho de São Paulo, calcula que se a jornada fosse cumprida seriam criados imediatamente 4,9 milhões de postos de trabalho no país, mais do que o suficiente para acabar com o contingente de 1,02 milhão de desempregados das seis regiões metropolitanas pesquisadas pelo IBGE.

FIESP: contratar tem custo alto

                  Pochman utilizou dados da Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad), do IBGE, realizada em 1999. Esta indicou que cerca de 27 milhões de brasileiros, de um total de 70 milhões de ocupados à época, trabalhavam mais que a jornada legal.
                  – No Brasil, a exceção virou regra e comprometeu a criação de novos postos de trabalho – diz o Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício.
Essa cultura sobrevive tanto em tempos de economia aquecida quanto de recessão. Para as empresas, o recurso das horas extras evita o risco de contratações em momentos de incerteza, além de reduzir custos trabalhistas.
                  – Os custos de contratação e demissão são muito altos no Brasil – justifica o empresário Roberto Faldini, diretor da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
                  A legislação prevê que um trabalhador faça até duas horas adicionais por dia útil, além de oito no sábado e oito no domingo, num total de até 26 horas extras semanais. Mas a maioria dos trabalhadores encara esse expediente como forma de complementar renda e aceita propostas de aumento de jornada.

                  – Isso derruba qualquer tentativa dos sindicatos de desestimular a prática das horas extras – afirma o diretor-técnico do Dieese, Sérgio Mendonça.
                  Paulo Roberto Garcia Silva Júnior, de 20 anos, metalúrgico de São Paulo, é um exemplo dessa tendência. Há oito meses, foi contratado para trabalhar das 6h às 15h30m, por R$ 370,00 mensais. Hoje, no entanto, consegue quase o dobro fazendo horas extras diárias e folgando só um domingo por mês.
                  – Procuro fazer o máximo de horas extras para ganhar mais – diz o operário.
                  O excesso não é uma prática exclusiva dos empregadores. No fim do ano passado, o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, descobriu que os cerca de 700 funcionários do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo faziam mais de cinco mil horas extras por mês. Paulinho proibiu essa prática no Sindicato e a qualidade do atendimento, segundo ele, não diminuiu. Agora, o sindicalista quer propor ao ministro do Trabalho, Francisco Dornelles, que adote medidas restringindo o uso de horas extras pelas empresas.
                  Além de comprometer a geração de empregos, as horas extras também prejudicam a produtividade, aumentando os riscos de acidentes de trabalho. De acordo com o levantamento mais recente do Ministério da Previdência e Assistência Social, o número de mortes em acidentes de trabalho em 1999 foi de 3.923, representando um aumento de 3,6% em relação a 1998.

(Marcelo Rehder, O Globo, Caderno Economia, 8/5/2001, p.25.)