(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 24) O melanismo industrial tem sido freqentemente citado como exemplo de seleo natural. Esse fenmeno foi observado em Manchester, na Inglaterra, onde, com a industrializao iniciada em 1850, o ar carregado de fuligem e outros poluentes provocou o desaparecimento dos liquens de cor esbranquiada que viviam no tronco das rvores. Antes da industrializao, esses liquens permitiam a camuflagem de mariposas da espcie Biston betularia de cor clara, que eram predominantes. Com o desaparecimento dos liquens e escurecimento dos troncos pela fuligem, as formas escuras das mariposas passaram a predominar. a) Por que esse fenmeno pode ser considerado um exemplo de seleo natural? b) Como a mudana ocorrida na populao seria explicada pela teoria de Lamarck?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 20) O Mar de Aral, nutrido pelas guas do Amu Darya e Syr Darya, apresenta hoje uma situao dramtica. Foi o quarto maior corpo de gua interno do mundo, mas comeou a secar nos anos 60, quando a ento Unio Sovitica decidiu alterar sua posio de importadora de algodo para auto-suficiente e exportadora desse produto. (Adaptado de Ulisses Capozoli, Universidade Livre da Mata Atlntica, www.wwiuma.org.br). a) De que forma a prtica da agricultura comprometeu a disponibilidade de gua no mar de Aral? b) Cite trs causas que interferem na potabilidade das guas superficiais. c) Aponte trs impactos ambientais provocados pela atividade agrcola em reas com baixo potencial hdrico.
(UNICAMP - 2004 - 1a fase) O tema geral da prova da primeira fase CIDADE. REDAO Proposta: Escolha uma das trs propostas para a redao (dissertao, narrao ou carta) e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instrues especficas. Coletnea: um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsdio para a sua redao. Sugerimos que voc leia toda a coletnea e selecione os elementos que julgar pertinentes para a realizao da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletnea no significa referncia a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam articulados com a sua experincia de leitura e reflexo. Se desejar, voc pode valer-se tambm de elementos presentes nos enunciados das questes da prova. ATENO: a coletnea nica e vlida para as trs propostas. ATENO Sua redao ser anulada se voc: a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletnea; c) no atender ao tipo de texto da proposta escolhida. APRESENTAO DA COLETNEA A cidade um lugar significativo da experincia humana. Ela tem sido objeto de reflexo de gegrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da sade, estudiosos da linguagem, filsofos, engenheiros, matemticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e to variadas atenes, a cidade mostra-se complexa e multifacetada. COLETNEA 1. No primeiro sinal verde aps o relgio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no cho, calaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestao poltica? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multido instantnea) brasileira. O fenmeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior nmero de pessoas no menor tempo possvel - por e-mail e celular - para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos j invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na verso brasileira, ficou decidido tirar o sapato e bat-lo no cho, como que para tirar areia de dentro. (Adaptado de Anglica Freitas, 40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a So Paulo, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003). 2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as esttuas da cidade, visando chamar a ateno das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manh seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: O que est dentro fica, o que est fora se expande. Em 1980, o grupo, em mais uma ao noturna, estendeu 100 metros de plstico vermelho pelos cruzamentos e entradas no anel virio da Avenida Paulista com rua Consolao. O Detran, porm, desmontava essa e outras aes do grupo, que realizou uma srie de 18 intervenes pela cidade at 1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, Graffiteiros passo a passo rumo virada do milnio, Revista do Patrimnio Histrico, 2, n. 3, 1995, p. 30). 3. O MAPA Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo ( nem que fosse o meu corpo.) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei. H tanta esquina esquisita, Tanta nuana de paredes, H tanta moa bonita, Nas ruas que no andei. (E h uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisvel, delicioso Que faz com que o teu ar Parea mais um olhar, Suave mistrio amoroso, Cidade de meu andar (Deste j to longo andar!) E talvez de meu repouso... (Mrio Quintana, Apontamentos de Histria Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL, 1976). 4. As favelas se constituem atravs de um processo arquitetnico e urbanstico singular que compe uma esttica prpria, uma esttica das favelas. (...) Um barraco de favela construdo pelo prprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso. A construo cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela malevel e flexvel, o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos so quase sempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro uma experincia de percepo espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o prprio percurso impe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, Esttica das favelas, em www.anf.org.br). 5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formao social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idias), diversos em volume, intensidade, ritmo, durao e sentido. Alis, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos. (Milton Santos, Fixos e fluxos cenrio para a cidade sem medo, em O pas distorcido. O Brasil, a globalizao e a cidadania. So Paulo: Publifolha, 2002). 6. Cidades globais so aquelas que concentram percia e conhecimento em servios ligados globalizao, independente do tamanho de sua populao. (...) Megacidade outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades so reas urbanas com mais de 10 milhes de habitantes. (...) Algumas so megacidades e cidades globais, simultaneamente, como Nova York e So Paulo. (...) As cidades mdias so outra categoria de classificao das cidades, com populao entre 50 mil e 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil so as pequenas cidades, ideal utpico de moradia feliz no imaginrio de milhares de pessoas. (Maria da Glria Gohn, O futuro das cidades, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm). 7. Se, por hiptese absurda, pudssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experincia inconsciente de cada habitante e depois sobrepusssemos por transparncia todos esses grficos, obteramos uma imagem muito semelhante de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espcie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextrincvel de sinais, de traados aparentemente arbitrrios, de filamentos tortuosos, embaraados, que mil vezes se cruzam, se interrompem, recomeam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram. (Giulio Carlo Argan, Histria da arte como histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. So Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231). 8. A heterogeneidade de freqentadores dos shopping centers vem se ampliando e ntida numa cidade como So Paulo, uma vez que estes, outrora destinados somente a grupos com alto poder aquisitivo, vm abarcando, em sua expanso por outras regies, grupos que antes no faziam parte da clientela usual. A idia de um espao elitizado vai sendo substitudapela de um espao interclasses. Alm disso, uma centralidade ldica sobrepe-se centralidade do consumo, sobretudo na esfera do lazer: especialmente aos fins de semana, os shopping centers transformam-se em cenrios, onde ocorrem encontros, paqueras, derivas, cio, exibio, tdio, passeio, consumo simblico. Tornam-se uma espcie de praa interbairros que organiza a convivncia, nem sempre amena, de grupos e redes sociais, sobretudo jovens, de diversos locais da cidade. (Adaptado de Heitor Frgoli Jr., Os Shoppings de So Paulo e a trama do urbano: um olhar antropolgico, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frgoli Jr. (orgs.), Shopping Centers espao, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. So Paulo: Editora Unesp, s/d, p. 78). 9. O tombamento de espaos como terreiros de candombl, stios remanescentes de quilombos, vilas operrias, edificaes tpicas de migrantes e outros dessa ordem, isto , ligados ao modo de vida (moradia, trabalho, religio) de grupos sociais e/ou etnicamente diferenciados j no causa muita estranheza: apesar de ainda pouco comum, a incluso de itens como esses na lista do patrimnio cultural oficial mostra a presena de outros valores que ampliam os critrios tradicionais imperantes nos rgos de preservao. Em 1994 ocorreu, entretanto, um tombamento em So Paulo que de certa maneira se diferencia at mesmo dos acima citados: trata-se do Parque do Povo, uma rea de 150.000 m2 , localizada em regio nobre e das mais valorizadas da cidade. Dividida em vrios campos de futebol de terra, ocupada por times conhecidos como de vrzea. (Adaptado de Jos Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, Futebol de vrzea tambm patrimnio, Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, n. 24, 1996, p. 175). 10. Na Rocinha no h quem no respeite o Doutor (cirurgio aposentado Waldir Jazbik, 75 anos). Morador h 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro, ele sabe que pode caminhar pelas ruas de l sem medo, mesmo morando em uma habitao fora dos padres locais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno com mais de 10.000 m2 . (...) Meus amigos da high society diziam que eu era maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomnio fechado aqui perto, mas preferi vir para c. (...) S vim para c porque quero viver a vida que eu mereo viver. (Adaptado de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, Mdico busca vida tranqila na Rocinha, Folha de S.Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4). PROPOSTA B Trabalhe sua narrativa a partir do seguinte recorte temtico: Hoje, mais do que nunca, podemos afirmar que a cidade no dorme. Alm de freqentarem bares, clubes, cinemas e bailes, h um crescente nmero de pessoas que circulam noite pela cidade, fsica ou virtualmente, trabalhando, consumindo, estudando, divertindo-se. Instrues: Imagine a histria de um(a) personagem que encontre um grupo que vivencia a noite e, identificando-se com ele, passe a ver a cidade a partir de uma nova perspectiva; Narre o encontro, o processo de descoberta e a transformao que o(a) personagem experimentou; Sua histria pode ser narrada em primeira ou em terceira pessoa.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 19) Nas recentes polticas de transportes traadas pelo Governo Federal prioridade a explorao do transporte hidrovirio, uma vez que o pas possui cerca de 42.000 quilmetros de vias navegveis. a) Cite duas hidrovias dentre as que vm sendo priorizadas pelo Governo Federal. b) Por que o transporte hidrovirio passou a ser valorizado recentemente no Brasil? c) Aponte uma facilidade e uma dificuldade de carter fsico-natural ou econmico para a implantao de hidrovias no Brasil.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 12) Considere o seguinte poema de Hilda Hilst: Passar Tem passado Passa com a sua fina faca. Tem nome de ningum. No faz rudo. No fala. Mas passa com a sua fina faca. Fecha feridas, ungento. Mas pode abrir a tua mgoa Com a sua fina faca. Estanca ventura e voz Silncio e desventura. Imvel Garrote Algoz No corpo da tua gua passar Tem passado Passa com a sua fina faca. (Hilda Hilst, Da morte. Odes mnimas. So Paulo: Globo, 2003, p. 72). a) Tendo em vista que esse poema faz parte de uma srie intitulada Tempo-morte, indique de que maneira a primeira estrofe exprime certo sentido de absoluto associado ao ttulo. b) Nesse poema h pronomes de segunda e terceira pessoas. Transcreva uma estrofe em que constem ambas as pessoas pronominais e diga a que se referem.
(UNICAMP - 2004 - 1a fase) O tema geral da prova da primeira fase CIDADE. REDAO Proposta: Escolha uma das trs propostas para a redao (dissertao, narrao ou carta) e assinale sua escolha no alto da pgina de resposta. Cada proposta faz um recorte do tema geral da prova (CIDADE), que deve ser trabalhado de acordo com as instrues especficas. Coletnea: um conjunto de textos de natureza diversa que serve de subsdio para a sua redao. Sugerimos que voc leia toda a coletnea e selecione os elementos que julgar pertinentes para a realizao da proposta escolhida. Um bom aproveitamento da coletnea no significa referncia a todos os textos. Esperamos, isso sim, que os elementos selecionados sejam articulados com a sua experincia de leitura e reflexo. Se desejar, voc pode valer-se tambm de elementos presentes nos enunciados das questes da prova. ATENO: a coletnea nica e vlida para as trs propostas. ATENO Sua redao ser anulada se voc: a) fugir ao recorte do tema na proposta escolhida; b) desconsiderar a coletnea; c) no atender ao tipo de texto da proposta escolhida. APRESENTAO DA COLETNEA A cidade um lugar significativo da experincia humana. Ela tem sido objeto de reflexo de gegrafos, urbanistas, historiadores, profissionais da sade, estudiosos da linguagem, filsofos, engenheiros, matemticos, artistas, enfim, de muitos profissionais que procuram entender seu funcionamento. Ao atrair tantas e to variadas atenes, a cidade mostra-se complexa e multifacetada. COLETNEA 1. No primeiro sinal verde aps o relgio do canteiro central marcar 12h40min, cerca de cem pessoas atravessaram a Avenida Paulista, na altura da Rua Augusta. De repente, tiraram um sapato, bateram com o solado repetidas vezes no cho, calaram-no novamente e seguiram seu caminho. Um novo tipo de manifestao poltica? Longe disso. O que a Paulista viu foi a primeira flash mob (multido instantnea) brasileira. O fenmeno, mania na Europa e nos Estados Unidos, consiste em reunir o maior nmero de pessoas no menor tempo possvel - por e-mail e celular - para fazer alguma coisa estranha simultaneamente. Os nova-iorquinos j invadiram uma loja e gritaram em frente a um dinossauro de brinquedo. Na verso brasileira, ficou decidido tirar o sapato e bat-lo no cho, como que para tirar areia de dentro. (Adaptado de Anglica Freitas, 40 segundos de frenesi na Paulista. Flash Mob chega a So Paulo, Estado de S.Paulo, 14 de agosto de 2003). 2. No produtivo ano de 1979, o grupo encapuzou, com sacos de lixo, as esttuas da cidade, visando chamar a ateno das pessoas que nunca, ou quase nunca, reparavam em seu dia-a-dia as obras de arte em nossa cidade. Na manh seguinte, a imprensa registrou o fato. No mesmo ano vedaram as portas das principais galerias [de lojas] com um X em fita crepe, deixando um bilhete em cada uma: O que est dentro fica, o que est fora se expande. Em 1980, o grupo, em mais uma ao noturna, estendeu 100 metros de plstico vermelho pelos cruzamentos e entradas no anel virio da Avenida Paulista com rua Consolao. O Detran, porm, desmontava essa e outras aes do grupo, que realizou uma srie de 18 intervenes pela cidade at 1982, quando dissolveu-se. (Adaptado de Celso Gitahy, Graffiteiros passo a passo rumo virada do milnio, Revista do Patrimnio Histrico, 2, n. 3, 1995, p. 30). 3. O MAPA Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo ( nem que fosse o meu corpo.) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei. H tanta esquina esquisita, Tanta nuana de paredes, H tanta moa bonita, Nas ruas que no andei. (E h uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisvel, delicioso Que faz com que o teu ar Parea mais um olhar, Suave mistrio amoroso, Cidade de meu andar (Deste j to longo andar!) E talvez de meu repouso... (Mrio Quintana, Apontamentos de Histria Sobrenatural. Porto Alegre: Globo, IEL, 1976). 4. As favelas se constituem atravs de um processo arquitetnico e urbanstico singular que compe uma esttica prpria, uma esttica das favelas. (...) Um barraco de favela construdo pelo prprio morador, inicialmente, a partir de fragmentos de materiais encontrados por acaso. A construo cotidiana e continuamente inacabada. (...) O tecido urbano da favela malevel e flexvel, o percurso que determina os caminhos. (...) As ruelas e becos so quase sempre extremamente estreitos e intrincados. Subir o morro uma experincia de percepo espacial singular, a partir das primeiras quebradas se descobre um ritmo de andar que o prprio percurso impe. (Adaptado de Paola Berenstein Jacques, Esttica das favelas, em www.anf.org.br). 5. O dia-a-dia das sociedades gira em torno dos objetos fixos, naturais ou criados, aos quais se aplica o trabalho. Fixos e fluxos combinados caracterizam o modo de vida de cada formao social. Fixos e fluxos influem-se mutuamente. A grande cidade um fixo enorme, cruzado por fluxos enormes (homens, produtos, mercadorias, ordens, idias), diversos em volume, intensidade, ritmo, durao e sentido. Alis, as cidades se distinguem umas das outras por esses fixos e fluxos. (Milton Santos, Fixos e fluxos cenrio para a cidade sem medo, em O pas distorcido. O Brasil, a globalizao e a cidadania. So Paulo: Publifolha, 2002). 6. Cidades globais so aquelas que concentram percia e conhecimento em servios ligados globalizao, independente do tamanho de sua populao. (...) Megacidade outra categoria dos estudos urbanos. As megacidades so reas urbanas com mais de 10 milhes de habitantes. (...) Algumas so megacidades e cidades globais, simultaneamente, como Nova York e So Paulo. (...) As cidades mdias so outra categoria de classificao das cidades, com populao entre 50 mil e 800 mil habitantes. Abaixo de 50 mil so as pequenas cidades, ideal utpico de moradia feliz no imaginrio de milhares de pessoas. (Maria da Glria Gohn, O futuro das cidades, em www.lite.fae.unicamp.br/revista/art03.htm). 7. Se, por hiptese absurda, pudssemos levantar e traduzir graficamente o sentido da cidade resultante da experincia inconsciente de cada habitante e depois sobrepusssemos por transparncia todos esses grficos, obteramos uma imagem muito semelhante de uma pintura de Jackson Pollock, por volta de 1950: uma espcie de mapa imenso, formado de linhas e pontos coloridos, um emaranhado inextrincvel de sinais, de traados aparentemente arbitrrios, de filamentos tortuosos, embaraados, que mil vezes se cruzam, se interrompem, recomeam e, depois de estranhas voltas, retornam ao ponto de onde partiram. (Giulio Carlo Argan, Histria da arte como histria da cidade. Trad. Pier Luigi Cabra. So Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 231). 8. A heterogeneidade de freqentadores dos shopping centers vem se ampliando e ntida numa cidade como So Paulo, uma vez que estes, outrora destinados somente a grupos com alto poder aquisitivo, vm abarcando, em sua expanso por outras regies, grupos que antes no faziam parte da clientela usual. A idia de um espao elitizado vai sendo substitudapela de um espao interclasses. Alm disso, uma centralidade ldica sobrepe-se centralidade do consumo, sobretudo na esfera do lazer: especialmente aos fins de semana, os shopping centers transformam-se em cenrios, onde ocorrem encontros, paqueras, derivas, cio, exibio, tdio, passeio, consumo simblico. Tornam-se uma espcie de praa interbairros que organiza a convivncia, nem sempre amena, de grupos e redes sociais, sobretudo jovens, de diversos locais da cidade. (Adaptado de Heitor Frgoli Jr., Os Shoppings de So Paulo e a trama do urbano: um olhar antropolgico, em Silvana Maria Pitaudi e Heitor Frgoli Jr. (orgs.), Shopping Centers espao, cultura e modernidade nas cidades brasileiras. So Paulo: Editora Unesp, s/d, p. 78). 9. O tombamento de espaos como terreiros de candombl, stios remanescentes de quilombos, vilas operrias, edificaes tpicas de migrantes e outros dessa ordem, isto , ligados ao modo de vida (moradia, trabalho, religio) de grupos sociais e/ou etnicamente diferenciados j no causa muita estranheza: apesar de ainda pouco comum, a incluso de itens como esses na lista do patrimnio cultural oficial mostra a presena de outros valores que ampliam os critrios tradicionais imperantes nos rgos de preservao. Em 1994 ocorreu, entretanto, um tombamento em So Paulo que de certa maneira se diferencia at mesmo dos acima citados: trata-se do Parque do Povo, uma rea de 150.000 m2 , localizada em regio nobre e das mais valorizadas da cidade. Dividida em vrios campos de futebol de terra, ocupada por times conhecidos como de vrzea. (Adaptado de Jos Guilherme Cantor Magnani e Naira Morgado, Futebol de vrzea tambm patrimnio, Revista do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional, n. 24, 1996, p. 175). 10. Na Rocinha no h quem no respeite o Doutor (cirurgio aposentado Waldir Jazbik, 75 anos). Morador h 19 anos da maior favela da zona sul do Rio de Janeiro, ele sabe que pode caminhar pelas ruas de l sem medo, mesmo morando em uma habitao fora dos padres locais. Sua casa, em estilo colonial, fica num terreno com mais de 10.000 m2 . (...) Meus amigos da high society diziam que eu era maluco. Eu poderia ter escolhido uma casa num condomnio fechado aqui perto, mas preferi vir para c. (...) S vim para c porque quero viver a vida que eu mereo viver. (Adaptado de Antonio Gois e Gabriela Wolthers, Mdico busca vida tranqila na Rocinha, Folha de S.Paulo, 17 de agosto de 2003, p. C4). PROPOSTA C Trabalhe sua carta a partir do seguinte recorte temtico: As definies do que patrimnio histrico tm mudado, incorporando mbitos e aspectos que ampliam o alcance do conceito e, com isso, o raio de ao da legislao. Fala-se em patrimnio edificado, mas tambm em patrimnio afetivo. Tudo o que relevante para determinada comunidade pode ser considerado patrimnio. Instrues: Escolha um bem urbano, material ou no, que voc considere relevante para ser preservado em sua cidade; Argumente em favor da preservao desse bem; Dirija a carta a uma pessoa que, na sua opinio, pode vir a se tornar um aliado na luta pelo tombamento desse bem.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 22) Qual o objetivo da fundao Stichting Lezen e o que ela faz para atingi-lo?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 17) . Apesar de importantes diferenciaes, o crescimento das atividades de turismo, recreao e lazer nas ltimas dcadas tem sido muito intenso em todo o mundo, com indicadores de que esse dinamismo ir continuar e se acentuar ainda mais nos prximos anos. Cada vez mais existe uma relao direta entre o turismo, recreao e lazer e outros setores econmico-sociais, como a agropecuria, a indstria e os servios em escalas diferenciadas. (Adaptado de Adyr Balastreri Rodrigues, Apresentao, em Adyr Balastreri Rodrigues, Turismo, Modernidade, Globalizao. 2ed., So Paulo: HUCITEC, 2000, p. 163). a) Quais as principais razes que explicam um crescente contingente de turistas no mundo? b) O fenmeno do turismo influencia os lugares, s vezes, com pequenas transformaes, outras vezes, redefine sua dinmica de maneira intensa e irreversvel. Aponte duas modificaes espaciais produzidas pelo turismo urbano. c) Indique trs atividades do setor tercirio que se ampliam com a dinamizao do turismo urbano.
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 11) Leia a seguinte passagem do Conto de escola, de Machado de Assis. (...) E l fora, no cu azul, por cima do morro, o mesmo eterno papagaio, guinando a um lado e outro, como se me chamasse a ir ter com ele. Imaginei-me ali, com os livros e a pedra embaixo da mangueira, e a pratinha no bolso das calas, que eu no daria a ningum, nem que me serrassem; guard-la-ia em casa, dizendo a mame que a tinha achado na rua. Para que me no fugisse, iaa apalpando, roando-lhe os dedos pelo cunho, quase lendo pelo tacto a inscrio, com uma grande vontade de espi-la. (Machado de Assis, Vrias histrias. Obra completa, v. II. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1979, p. 552-553). a) Como o narrador personagem conseguiu a pratinha que estava em seu bolso? b) Qual o destino final da pratinha? c) Nessa passagem, h uma oposio entre o espao da rua (L fora, no cu azul) e o espao em que acontece a ao, oposio que tambm comparece no incio e no final do conto. Em que medida tal oposio contribui para caracterizar a personagem que narra?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 24) Que esteretipo de me quebrado nesses quadrinhos? Por qu?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 21) a) O que aconteceu com o avio depois que ele foi atingido? b) O que sabemos sobre os dois homens que estavam na aeronave?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 10) Considera-se a estria da pea Vestido de noiva (1943), de Nelson Rodrigues, um marco na renovao do teatro brasileiro. a) Cite a principal novidade estrutural da pea e comente. b) Por que no encerramento da pea uma rubrica indica que a Marcha Nupcial e a Marcha Fnebre devem ser executadas simultaneamente?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 19) Uma ONG (Organizao No-Governamental) norte-americana publicou o anncio abaixo no The New York Times, meses antes de os Estados Unidos declararem guerra ao Iraque em maro de 2003. Leia-o e responda s questes 16, 17, 18 e 19. Segundo o texto, quais seriam as conseqncias de um ento possvel ataque ao Iraque?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 18) Uma ONG (Organizao No-Governamental) norte-americana publicou o anncio abaixo no The New York Times, meses antes de os Estados Unidos declararem guerra ao Iraque em maro de 2003. Leia-o e responda s questes 16, 17, 18 e 19. Por que o anncio menciona uma cientista do Massachusetts Institute of Technology (MIT)?
(UNICAMP - 2004 - 2 fase - Questo 9) O poema abaixo pertence ao Cancioneiro de Fernando Pessoa. 1 Ah, quanta vez, na hora suave 2 Em que me esqueo, 3 Vejo passar um vo de ave 4 E me entristeo! 5 Por que ligeiro, leve, certo 6 No ar de amavio? 7 Por que vai sob o cu aberto 8 Sem um desvio? 9 Por que ter asas simboliza 10 A liberdade 11 Que a vida nega e a alma precisa? 12 Sei que me invade 13 Um horror de me ter que cobre 14 Como uma cheia 15 Meu corao, e entorna sobre 16 Minhalma alheia 17 Um desejo, no de ser ave, 18 Mas de poder 19 Ter no sei qu do vo suave 20 Dentro em meu ser. Amavio: feitio, encanto (Fernando Pessoa, Obra Potica. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995, p.138). a) Identifique o recurso lingstico que representa a ave tanto no plano sonoro quanto no imagtico. b) Que relao o eu lrico estabelece entre a tristeza e a liberdade? c) Interprete o fato de que as trs interrogaes (do verso 5 ao 11) so respondidas, a partir do verso 12, em uma nica e longa frase.