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(Unioeste 2017)Leia atentamente o que segue abaixo

(Unioeste 2017)

Leia atentamente o que segue abaixo:

“A maneira indireta de neutralizar a capital e as forças que nela se agitavam era fortalecer os estados, pacificando e cooptando suas oligarquias. Era reunir as oligarquias em torno de um arranjo que garantisse seu domínio local e sua participação no poder nacional de acordo com o cacife político de cada um [...]. Se os partidos não funcionavam como instrumentos de governo, se se dividiam em facções, se ficavam presos a caudilhos, a solução, para Campos Salles, era formar então um grande partido de governo com sustentação nas oligarquias estaduais [...]. O resumo é perfeito: governar o País por cima do tumulto das multidões agitadas da capital. O Rio podia ser caixa de ressonância, mas não ter força política própria porque uma população urbana mobilizada politicamente, socialmente heterogênea, indisciplinada, dividida por conflitos internos não podia dar sustentação a um governo que tivesse de representar as forças dominantes do Brasil agrário [...].”

CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987, p. 32-33.

 

O trecho refere-se a um dos momentos turbulentos e críticos da República brasileira: crises econômicas e financeiras, disputas políticas entre as oligarquias regionais, militares no poder com Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, a Revolta da Armada (1893), graves problemas sociais e urbanos nas cidades, como o Rio de Janeiro (Capital Federal), mas, também, as tensões no campo – basta citar a emblemática e sangrenta história de Canudos (1895-1897) – e a chegada dos civis ao poder, a contar de Prudente de Morais em 1894. Um contexto histórico, enfim, marcado por uma crise aguda de legitimidade institucional do regime republicano desde a sua implantação em 1889. Como sair da crise? O contexto e a questão não parecem soar estranhos aos nossos ouvidos, posto que a solução buscada pelo presidente Campos Salles (1898-1902) confunde-se, sem negar as especificidades de cada período histórico, com medidas autoritárias e conservadoras de nossos governantes.

 

Tomando-se por base a referência ao texto de José Murilo de Carvalho e a análise acima, assinale a alternativa CORRETA.

A

As duas principais medidas tomadas por Campos Salles, o “fortalecimento dos estados” e “governar o País por cima do tumulto das multidões”, podem ser consideradas em conjunto como um projeto institucional que beneficiou as camadas populares e a classe trabalhadora.

B

Podemos afirmar com segurança que a crise institucional vivida pelo regime republicano ao final do século XIX é claramente igual ao que estamos vivendo no Brasil nos últimos anos.

C

Apesar de o Rio de Janeiro ser a Capital Federal e contar com um aparato policial e militar para conter movimentos sociais contrários à “ordem” e ao “progresso”, o governo Campos Salles precisou fazer arranjos com as oligarquias estaduais para tentar garantir a estabilidade da República – o que ficou conhecido como a “Política dos Estados”.

D

Quando o autor se refere à necessidade do governo federal em “pacificar” e “cooptar” as oligarquias estaduais com vistas a formar “um grande partido de governo”, está muito evidente que ele quis nos alertar para a fragilidade e a pouca influência política (não a econômica) das oligarquias estaduais durante o período do governo de Campos Salles.

E

Caracterizado por ser um governo autoritário e conservador, com forte tendência a privilegiar os setores dominantes da sociedade brasileira, a presidência de Campos Salles ficou marcada pela história não somente por crises, tensões e mudanças de toda ordem, como a que mais promoveu projetos sociais voltados para a melhoria da vida dos negros libertos após a Abolição.