(Unip-1997)
PERFEIÇÃO
Nunca entrarei jamais o teu recinto:
Na sedução e no fulgor que exalas,
Ficas vedada, num radiante cinto.
De riqueza, de gozos e de galas.
Amo-te, cobiçando-te...
E, faminto,
Adivinho o esplendor das tuas salas,
E todo o aroma dos teus parques sinto,
E ouço a música e o sonho em que te embalas.
Eternamente ao meu olhar pompeias.
E olho-te em vão, maravilhosa e bela,
Adarvada de altíssimas ameias.
E à noite, à luz dos astros, a horas mortas,
Rondo-te, e arquejo, e choro, ó cidadela!
Como um bárbaro uivando às tuas portas!
(Olavo Bilac)
Assinale a alternativa falsa:
a) "Exalas" (verbo) e "galas" (substantivo), "faminto" (adjetivo) e "sinto" (verbo); "pompeias" (verbo) e "ameais" (substantivo) são alguns exemplos de rimas ricas.
b) Entre os versos 3 e 4 ocorre um encadeamento sintático denominado cavalgamento ou "enjambement", que atenua o efeito sonoro de rima, alterando o ritmo.
c) Em "Como um bárbaro" temos a ocorrência de uma metáfora e, na seqüência, a ação de uivar ("uivando"), assoaciada ao ser humano, configura uma expressiva zoomorfização.
d) O efeito da zoormofização referida é o de dar intensidade ao desejo de perfeição do "eu" poemático, a uivar como um bárbaro animalizado, diante da cidadela inexpugnável.
e) A ideia abstrata da perfeição é configurada no soneto por imagens plásticas que a tornam um objeto concreto: ela é descrita como se fosse um castelo, uma fortaleza, defendida por obstáculos intransponíveis.