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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(ENEM - 2016)Sem acessrios nem somEscrever s para

(ENEM - 2016)

Sem acessórios nem som

Escrever só para me livrar
de escrever.
Escrever sem ver, com riscos
sentindo falta dos acompanhamentos
com as mesmas lesmas
e figuras sem força de expressão.
Mas tudo desafina:
o pensamento pesa
tanto quanto o corpo
enquanto corto os conectivos
corto as palavras rentes
com tesoura de jardim
cega e bruta
com facão de mato.
Mas a marca deste corte
tem que ficar
nas palavras que sobraram.
Qualquer coisa do que desapareceu
continuou nas margens, nos talos
no atalho aberto a talhe de foice
no caminho de rato.

FREITAS FILHO, A. Máquina de escrever: poesia reunida e revista. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2003.

 

Nesse texto, a reflexão sobre o processo criativo aponta para uma concepção de atividade poética que põe em evidência o(a)

A

angustiante necessidade de produção, presente em “Escrever só para me livrar/ de escrever”.

B

imprevisível percurso da composição, presente em “no atalho aberto a talhe de foice/ no caminho de rato”.

C

agressivo trabalho de supressão, presente em “corto as palavras rentes/ com tesoura de jardim/ cega e bruta”.

D

inevitável frustração diante do poema, presente em “Mas tudo desafina:/ o pensamento pesa/ tanto quanto o corpo”.

E

conflituosa relação com a inspiração, presente em “sentindo falta dos acompanhamentos/e figuras sem força de expressão”.