(FMC - 2013)
Para Ferreira Gullar, “um dos fatores que constituem a marca e o fascínio do mundo verbal de Augusto dos Anjos é essa mescla de palavras eruditas com palavras vulgares, de construções pernósticas com composições coloquiais”.
(GULLAR, F. Toda a poesia de Augusto dos Anjos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1976. p.55)
Assinale a opção em que melhor se exemplifica o tom coloquial na poesia de Augusto dos Anjos:
Tentava compreender com as conceptivas / Funções do encéfalo as substâncias vivas / Que nem Spencer, nem Haeckel compreenderam...
E no estrume fresquíssimo da gleba / Formigavam, com a símplice sarcode, / O vibrião, o ancilóstomo, o colpode / E outros irmãos legítimos da ameba!
Toma um fósforo. Acende teu cigarro! / O beijo, amigo, é a véspera do escarro, / A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Os defuntos então me ofereciam / Com as articulações das mãos inermes, / Num prato de hospital, cheio de vermes, / Todos os animais que apodreciam!