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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(IME - 2010/2011 - 1 FASE)Texto IIIO ACAR Ferreira

(IME - 2010/2011 - 1ª FASE)

Texto III

O AÇÚCAR
Ferreira Gullar 

O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.  

Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim. 

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio  
de uma usina de açúcar em Pernambuco  
ou no Estado do Rio  
e tampouco o fez o dono da usina. 

Este açúcar era cana  
e veio dos canaviais extensos  
que não nascem por acaso  
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola, 
homens que não sabem ler e morrem de fome  
aos 27 anos  plantaram e colheram a cana  
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,  
homens de vida amarga  
e dura  
produziram este açúcar  
branco e puro  
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. 

Disponível em: <http://acd.ufrj.br/~pead/tema04/valorizacaodaforma.htm>. Acesso em: 07 jun. 2010. 

A respeito da figura de linguagem utilizada na última estrofe do texto III, podemos afirmar que 

A

é uma antítese e revela um contraste social. 

B

é uma antonomásia e expressa as péssimas condições de trabalho dos canavieiros. 

C

é um eufemismo e ressalta o valor dado por um elemento da classe média alta carioca ao trabalho nos canaviais. 

D

a cor branca e a pureza são metáforas que expressam a admiração do poeta pelo ato de adoçar o café matutino. 

E

há uma catacrese em “com que adoço meu café esta manhã em Ipanema” expressando parte do ritual de tomar café.