(UEA - 2019)
— Imagina o seguinte. Se um homem descesse de novo para o seu antigo posto, não teria os olhos cheios de trevas, ao regressar subitamente da luz do Sol? E se lhe fosse necessário julgar daquelas sombras em competição com os que tinham estado sempre prisioneiros acaso não causaria o riso, e não diriam dele que por ter subido ao mundo superior, estragara a vista, e que não valia a pena tentar a ascensão? E a quem tentasse soltá-los e conduzi-los até cima, se pudessem agarrá-lo e matá-lo, não o matariam?
(Platão. A república, 1993. Adaptado.)
O texto, uma passagem da “Alegoria da Caverna”, pode estar se referindo, implicitamente, ao julgamento e execução de Sócrates na cidade de Atenas. A passagem descreve o retorno à caverna do homem que, liberto, conheceu a verdadeira realidade.
Esse homem representa, metaforicamente, o filósofo na pólis como um indivíduo
magnânimo, interessado na justa solução de rivalidades entre grupos políticos.
orgulhoso, voltado para a exposição pública de saberes elevados.
incômodo socialmente, orientado por conhecimentos arduamente adquiridos.
inativo economicamente, dedicado à contemplação religiosa da luz do Sol.
sábio, compenetrado na missão de preparar os futuros líderes da democracia.