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(UEFS-BA-2013 - Meio do ano)Os intelectuais e suas

(UEFS-BA-2013 - Meio do ano)

Os intelectuais e suas ideias


Quando se discute o papel do intelectual no Brasil, nota-se, no discurso de Milton Santos, uma grande coerência entre o que sugere como sendo o dever a ser cumprido por todo intelectual brasileiro e o seu próprio 5 exemplo de grande pensador e militante das causas humanas, em diferentes contextos econômicos, sociais, políticos e culturais do Brasil.

Ao tratar dos elementos que considera particularmente importantes nessa atuação, ressalta 10 que, em um mundo em que as ideias são um respaldo necessário aos processos de reconstrução democrática, os intelectuais apresentam um papel fundamental. No entanto, destaca que, na atualidade, esses mesmos intelectuais têm destinado seus esforços mais no sentido 15 de favorecer uma militância de discursos ambíguos e momentâneos do que para um trabalho permanente e gradual de conscientização coletiva.

“A prática do consumo gera um sentimento ilusório de realização pessoal e isso garante a continuidade do 20 sistema lucrativo das grandes empresas”. Os intelectuais, segundo Milton Santos, deveriam se esmerar em fazer eco às reivindicações mais profundas das populações carentes, no sentido de intervir nos projetos políticos e sociais do país. Dessa forma, caberia a 25 eles oferecer à sociedade, por meio dos mais diversos segmentos, organizados ou não (associações, sindicatos, igrejas, partidos), uma profunda reflexão social de sua própria realidade contraditória, alertando-os sobre as possibilidades de um fazer político 30 que esteja condizente com as demandas e os interesses sociais da maioria da população.

Talvez por essa imensa preocupação em relação às intervenções que os intelectuais deveriam carregar como princípio de sua práxis, nosso pesquisador 35 brasileiro define que, para ele, intelectual é o indivíduo que tem um compromisso único com a verdade e que está muito mais preocupado com o prestígio do que com o poder.

Se entender que o mundo de hoje é um problema 40 para os intelectuais brasileiros, o nosso prêmio Nobel da Geografia Brasileira observou que nas teses, de um modo geral, de praticamente todos os centros e faculdades, o mundo é quase ignorado. E estudar o mundo é, segundo ele, trabalhar com o “como” ensinar 45 à população sobre o que é o mundo, quais são as relações que comandam a vida nacional, como é que os fenômenos sociais e econômicos se realizam, por meio de um discurso crítico e não de uma mera análise.

Talvez uma das maiores contribuições da filosofia 50 seja a de ajudar a resgatar a liberdade humana. Segundo Flusser, a filosofia é necessária porque, mesmo em um mundo programado por grandes blocos econômicos, ela traz o exercício do pensar sobre o significado que cada homem pode dar à sua própria vida e, ao mesmo tempo, 55 consegue apontar para um caminho de liberdade.

Nesse papel filosófico, não apenas do intelectual, mas também da própria universidade, cabe a construção de uma visão abrangente e dinâmica do que é o mundo, do que é o país, do que é o lugar, e o papel de denúncia, 60 isto é, de proclamação clara do que é o mundo, o país, e o lugar, dizendo tudo isso em voz alta. Essa crítica é o próprio trabalho do intelectual e poderia ser o trabalho do professor e do pesquisador.


VENÂNCIO, Adriana. Os intelectuais e suas ideias. Globalização e reorganização histórica. Portal Ciência e Vida. Disponível em: . Acesso em: 13 jun. 2013.

Para Milton Santos, “em um mundo em que as ideias são um respaldo necessário aos processos de reconstrução democrática” (l. 10-11), os intelectuais 

A

 precisam validar a importância da inserção social das classes mais carentes no processo de consumo. 

B

fragilizam o discurso democrático quando desconsideram o trabalho voltado para os problemas locais e particulares de uma sociedade. 

C

têm como função, no caso de sociedades democráticas, estimular a consciência crítica em relação a uma realidade social marcada por contradições. 

D

 não compreendem o mundo contemporâneo em sua realidade genuína, limitando-se, por isso, a fazer análises superficiais dos problemas sociais que os afligem. 

E

comprometem-se tão somente com a verossimilhança dos fatos e com o prestígio desse lugar discursivo para a consolidação da prática intelectual.