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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(Uem/2015) Assinale o que for correto sobre o poem

(Uem/2015)  Assinale o que for correto sobre o poema abaixo e sobre seu autor, Cruz e Souza.

 

“Beleza morta”

De leve, louro e enlanguescido helianto

Tens a flórea dolência contristada...

Há no teu riso amargo certo encanto

De antiga formosura destronada.

 

No corpo, de um letárgico quebranto

Corpo de essência fina, delicada,

Sente-se ainda o harmonioso canto

Da carne virginal, clara e rosada.

 

Sente-se o errante, as harmonias

Quase apagadas, vagas, fugidias

E uns restos de clarão de Estrela acesa...

 

Como que ainda os derradeiros haustos

De opulências, de pompas e de faustos,

As relíquias saudosas da beleza.

(CRUZ E SOUSA, J. Poesias completas. São Paulo: Ediouro, 1997, p. 40)


Vocabulário

Helianto: girassol

Hausto: aspiração, trago, gole.

01) O primeiro verso do poema já apresenta uma característica formal marcante do Simbolismo, escola da qual Cruz e Sousa faz parte: o uso de aliterações, recurso que intensifica o potencial melódico da linguagem.   

02) No primeiro terceto, as referências ao vago e ao fugidio relacionam-se com a proposta literária do Simbolismo, que opta pelo sugestivo e pelo intuitivo em detrimento de uma representação objetiva e direta da realidade.   

04) Reagindo aos ditames formais do Parnasianismo contemporâneo, a lírica de Cruz e Sousa apresenta, em diversas ocasiões, poemas em versos nos quais a métrica irregular antecipa o Modernismo vindouro. A ode “Beleza morta” é um exemplo de tal procedimento.   

08) O reconhecimento imediato do valor artístico da obra de Cruz e Sousa, que se mostrou semelhante, no fim do século XIX, àquele experimentado pela de Olavo Bilac, contrasta com a crítica generalizada que essa obra sofreu no início do século seguinte, sobretudo por parte de Manuel Bandeira em seu primeiro livro publicado, Cinza das horas.   

16) A utilização de termos preciosos e vocábulos incomuns por parte dos autores simbolistas, tal como se percebe no poema “Beleza morta”, é fruto da recuperação de um dos procedimentos mais marcantes do Barroco: o conceptismo, no qual se verifica uma elaboração rebuscada da linguagem.