(Ufv 1999) Leia atentamente o poema:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza,
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância.
(MATOS, Gregório de."Poemas escolhidos" São Paulo: Cultrix, 1997. p. 317.)
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Todas as afirmativas que se seguem inserem o autor e seu texto em uma visão do mundo de século XVII, EXCETO:
a) A retomada de elementos da natureza e da melancolia identifica o soneto com a produção poética de inspiração byroniana.
b) A aproximação de sentimentos contrastantes, como a tristeza e a alegria, confirma a tendência paradoxal da poesia do século XVII.
c) O poema explora a inconstância dos bens mundanos através de um jogo de ideias e palavras que tanto motivou o escritor barroco.
d) O poeta baiano vale-se da linguagem figurada para persuadir o leitor e convencê-lo da instabilidade da beleza e da felicidade.
e) O traço temático caracteristicamente barroco presente no texto é o caráter fugidio das coisas do mundo.