(UFV)
Leia o soneto a seguir, de autoria de Gregório de Mattos:
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido,
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado.
Se basta a vos irar tanto pecado,
A abrandar-vos sobeja um só gemido,
Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
Se uma ovelha perdida, e já cobrada
Glória tal e prazer tão repentino vos deu,
como afirmais na Sacra História:
Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,
Cobrai-a, e não queiras, Pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
(Cf. DIMAS, Antônio. "Seleção de textos, notas, estudos biográficos, histórico e crítico." 2a ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 141s)
Assinale a alternativa INCORRETA:
No jogo de antíteses, o poeta vê-se como culpado, mas também ovelha indispensável ao Pastor Divino.
O argumento do poeta, arrependido, constrói-se pelo jogo de ideias, ou seja, o cultismo.
O poeta recorre ao texto bíblico para justificar, perante Deus, a necessidade de ser perdoado.
Segundo o poeta, o perdão de sua culpa favorecia a ambos: tanto ao culpado, quanto ao Pastor Divino.
O poeta busca, em sua linguagem dualista, conciliar, poeticamente, fé e razão