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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(UNESP - 2011 - 2 FASE)INSTRUO: Aquestotomapor bas

(UNESP - 2011 - 2 FASE)  INSTRUÇÃO: A questão toma por base um soneto do livro Poemas e Canções, do parnasiano brasileiro Vicente de Carvalho (1866-1924) e um poema de Cancioneiro, do modernista português Fernando Pessoa (1888-1935).

Velho Tema – 1


Só a leve esperança, em toda a vida,
Disfarça a pena de viver, mais nada;
Nem é mais a existência, resumida,
Que uma grande esperança malograda.


O eterno sonho da alma desterrada,
Sonho que a traz ansiosa e embevecida,
É uma hora feliz, sempre adiada
E que não chega nunca em toda a vida.


Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa, que sonhamos
Toda arreada de dourados pomos,


Existe, sim: mas nós não a alcançamos
Porque está sempre apenas onde a pomos
E nunca a pomos onde nós estamos.


(Vicente de Carvalho. Poemas e Canções. 5 ed. São Paulo:
Monteiro Lobato & C. – Editores, 1923.)

 

Cancioneiro, 150


Não sei se é sonho, se realidade,
Se uma mistura de sonho e vida,
Aquela terra de suavidade
Que na ilha extrema do sul se olvida.
É a que ansiamos. Ali, ali
A vida é jovem e o amor sorri.


Talvez palmares inexistentes,
Áleas longínquas sem poder ser,
Sombra ou sossego deem aos crentes
De que essa terra se pode ter.
Felizes, nós? Ah, talvez, talvez,
Naquela terra, daquela vez.


Mas já sonhada se desvirtua,
Só de pensá-la cansou pensar,
Sob os palmares, à luz da lua,
Sente-se o frio de haver luar.
Ah, nessa terra também, também
O mal não cessa, não dura o bem.


Não é com ilhas do fim do mundo,
Nem com palmares de sonho ou não,
Que cura a alma seu mal profundo,
Que o bem nos entra no coração.
É em nós que é tudo. É ali, ali,
Que a vida é jovem e o amor sorri.


(30.08.1933)
(Fernando Pessoa. Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar Editora, 1965.)

Ah, nessa terra também, também / O mal não cessa, não dura o bem. A capacidade de significar muito com um discurso reduzido, que é uma das características permanentes da poesia, pode fazer com que, por vezes, uma ou duas palavras recuperem todo um conteúdo não necessariamente expresso no poema. Com base nesta observação, descreva e explique o conteúdo referenciado na terceira estrofe do poema de Fernando Pessoa apenas pela palavra também.