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VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(ITA - 2005 - 1 FASE)As questes de 21 a 27 referem

(ITA - 2005 - 1ª FASE)

As questões de 21 a 27 referem-se aos dois textos seguintes:

TEXTO 1

Ilusão Universitária

1                      Houve um tempo em que, ao ser admitido numa faculdade de direito, um jovem via seu futuro praticamente assegurado, como advogado, juiz ou promotor público. A situação, como se sabe, é hoje bastante diversa. Mudaram a universidade, o mercado de trabalho e os estudantes, muitos dos quais inadvertidamente compram a ilusão de que o diploma é condição necessária e suficiente para o sucesso profissional.

5                 A proliferação dos cursos universitários nos anos 90 e 2000 é a um só tempo sintoma e causa dessas mudanças. Um mercado de trabalho cada vez mais exigente passou a cobrar maior titulação dos jovens profissionais. Com isso, aumentou a oferta de cursos e caiu a qualidade.

                O fenômeno da multiplicação das faculdades e do declínio da qualidade  10 acadêmica foi especialmente intenso no campo do direito. Trata-se, afinal, de uma carreira de prestígio, cujo ensino é barato. Não exige muito mais do que o professor, livros, uma lousa e o cilindro de giz.

 Existem hoje 762 cursos jurídicos no país. Em 1993, eles eram 183. A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) acaba de divulgar a lista das faculdades recomendadas. Das 215 avaliadas, apenas 60 (28%) receberam o “nihil obstat”. A Ordem levou em conta conceitos do provão e os resultados do seu próprio exame de credenciamento de bacharéis.  

15               A verdade é que nenhum país do mundo é constituído apenas por advogados, médicos e engenheiros. Apenas uma elite chega a formar-se nesses cursos. No Brasil, contudo, criou-se a ilusão de que a faculdade abre todas as portas. Assim, alunos sem qualificação acadêmica para seguir essas carreiras pagam para obter diplomas que não Ihes serão de grande valia. É mais sensato limitar os cursos e zelar por sua excelência, evitando paliativos como o exame da Ordem, que é hoje absolutamente necessário para proteger o cidadão de advogados incompetentes - o que só confirma as graves deficiências     20       do sistema educacional.

 (Folha de S. Paulo, 29/01/2004)

 

TEXTO 2

A Universidade é só o começo

                       Na última década, a universidade viveu uma espécie de milagre da multiplicação dos diplomas. O número de graduados cresceu de 225 mil no final dos anos 80 para 325 mil no levantamento mais recente do Ministério da Educação em 2000. 

                         A entrada no mercado de trabalho desse contingente, porém, não vem sendo propriamente triunfal como uma festa de formatura. Engenheiros e educadores, professores e administradores, escritores e sobretudo empresários têm sussurrado uma frase nos ouvidos dessas centenas de milhares de novos graduados: “O diploma está nu”.

                           Passaporte   tranqüilo para o emprego na década de 80, o certificado superior vem sendo exigido com cada vez mais vistos.

1                     Considerado um dos principais pensadores da educação no país, o economista Cláudio de Moura Castro sintetiza a relação atual do diploma com o mercado de trabalho em uma frase: “Ele é necessário, mas não suficiente”. O raciocínio é simples. Com o aumento do número de graduados no mercado, quem não tem um certificado já 5começa em desvantagem.  

                        Conselheiro-chefe de educação do Banco Interamericano de Desenvolvimento durante anos, ele compara o sem-diploma a alguém “em um mato sem cachorro no qual os outros usam armas automáticas e você um tacape”. Por outro lado, o economista-educador diz que ter um fuzil, seja lá qual for, não garante tanta vantagem assim nessa floresta.  

 10                       Para Robert Wong, o diagnóstico é semelhante. Só muda a metáfora. Principal executivo na América do Sul da Korn/Ferry International, maior empresa de recrutamento de altos executivos do mundo, ele equipara a SISTEMA DE ENSINO acadêmica com a potência do motor de um carro.

                    Equilibrados demais acessórios, igualado o preço, o motor pode desempatar a escolha do consumidor. “Tudo sendo igual, a escolaridade faz a diferença.”

     15                Mas assim como Moura Castro, o head hunter defende a idéia de que um motor turbinado não abre automaticamente as portas do mercado. Wong conta que no mesmo dia da entrevista à Folha [Jornal Folha de S. Paulo] trabalhava na seleção de um executivo para uma multinacional na qual um dos principais candidatos não tinha experiência acadêmica. “É um self-made man.”

     Brasileiro nascido na China, Wong observa que é em países como esses, chamados “em desenvolvimento”, que existem mais condições hoje para o sucesso de profissionais como esses, de perfil empreendedor. (...)

(Cassiano Elek Machado. A universidade é só o começo. Folha de S. Paulo, 27/07/2002. Disponível na Internet: http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse. Data de acesso: 24/08/2004)

 

Segundo o autor do Texto 1, alguns estudantes pensam que o diploma é condição necessária e suficiente para o sucesso profissional. Já Cláudio de Moura Castro, no Texto 2, afirma que ele é necessário mas não suficiente. Assinale a opção que confirma a idéia de que o diploma é necessário mas não suficiente.

A

um motor turbinado não abre automaticamente as portas do mercado.

B

quem não tem um certificado já começa em desvantagem.

C

a universidade viveu uma espécie de milagre da multiplicação dos diplomas.

D

o motor pode desempatar a escolha do consumidor.

E

os outros usam armas automáticas e você um tacape.