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(UFU - 2019 - 2 FASE)O poder desperta irresistvel

(UFU - 2019 - 2ª FASE)

O poder desperta irresistível vocação para a poesia. Não são raros os exemplos depresidentes que se aventuraram nesse campo. Os ex-presidentes José Sarney e Barack Obama cometeram poesia. Assim como são poetas publicados o americano Jimmy Carter, o turcomeno Saparmurat Niyazov e o ex-primeiro ministro francês Dominique de Villepin. Em geral, são melhores políticos do que poetas.


Houve bons poetas que foram bons políticos. O primeiro-ministro inglês Winston Churchill recebeu o Prêmio Nobel de Literatura. Mario Vargas Llosa também, mas foi derrotado na disputa presidencial de que participou. O sul-africano Mongane Serote é exímio lirista e cultuado ativista antiapartheid. O Brasil teve grandes poetas que puderam escrever graças a empregos que mantinham no Estado.

Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira trabalharam no Ministério da Educação. Vinicius de Moraes e João Cabral de Melo Neto, no Ministério das Relações Exteriores. Talvez sejam os quatro maiores poetas brasileiros, mas nenhum deles quis ser presidente, talvez para o azar da República.


Quem mais se aproximou dos palácios foi Augusto Frederico Schmidt (1906-1965), ghostwriter do presidente Juscelino Kubitschek. Schmidt era poeta fino. Num verso, alertou que é preciso contentar a necessidade da poesia. Graças a ele, frases soberbas são ainda hoje atribuídas a JK, a mais famosa dita ao enfrentar a ruidosa crise política: "Deus poupou-me do sentimento do  medo".


Talvez o símbolo maior de bom poeta e bom político, espécime rara, seja Vádav Havel (1936- 2011). Poeta, ensaísta e político tcheco, tornou-se o último presidente da Tchecoslováquia e o primeiro presidente da República Tcheca. Foi dissidente do movimento comunista e autor de peso contra o totalitarismo.


Reuniu as invulgares qualidades de pensador e estrategista. Instado a traçar diretrizes políticas, foi mais poeta que político. "Só posso recomendar perspectiva e distanciamento. Atenção aos perigos maiores da vaidade e da presunção, nos outros e em nós mesmos. Uma boa mente. Uma certeza modesta sobre o significado das coisas. Gratidão pela dádiva da vida e a coragem de assumir a responsabilidade por ela. Vigilância de espírito", definiu Havel exemplarmente.


Época, no 1065, 26 de novembro de 2018, p. 6. (Adaptado)


A) Redija um parágrafo, explicitando a posição do autor em relação a políticos poetas.


B) Reescreva o último parágrafo, transformando o discurso direto em discurso indireto.