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Questões - EFOMM | Gabarito e resoluções

Questão
2019Física

Um planeta possui distncia ao Sol no aflio que o dobro de sua distncia ao Sol no perilio. Considere um intervalo de tempo t muito pequeno e assuma que o deslocamento efetuado pelo planeta durante esse pequeno intervalo de tempo praticamente retilneo. Dessa forma, a razo entre a velocidade mdia desse planeta no aflio e sua velocidade mdia no perilio, ambas calculadas durante o mesmo intervalo t, vale aproximadamente

Questão
2019Física

(Efomm 2019) Um tenente da EFOMM construiu um dispositivo para o laboratrio de Fsica da instituio. O dispositivo mostrado na figura a seguir. Podemos observar que uma barra metlica, de 5 m de comprimento e 30 kg, est suspensa por duas molas condutoras de peso desprezvel, de constante elstica 500 N/m e presas ao teto. As molas esto com uma deformao de 100 mm e a barra est imersa num campo magntico uniforme da intensidade 8,0 T. Determine a intensidade e o sentido da corrente eltrica real que se deve passar pela barra para que as molas no alterem a deformao.

Questão
2018Português

O homem deve reencontrar o Paraíso... Rubem Alves Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou então o momento de grande decisão para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importada é a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos de conhecimento científico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas, começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso. É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. (Efomm 2018) Assinale a alternativa em que o termo sublinhado NÃO cumpre a função de sujeito.

Questão
2018Português

(EFOMM - 2018) O homem deve reencontrar o Paraso... Rubem Alves Era uma famlia grande, todos amigos.Viviam como todos ns: moscas presas na enormeteia de aranha que a vida da cidade. Todos os dias aaranha lhes arrancava um pedao. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o cu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar no basta sonhar. precisosaber. So muitos os saberes necessrios para senavegar. Puseram-se ento a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manuteno do casco,instrumentos de navegao, astronomia,meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas,os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, ordio, as ligaes eltricas, os mares, os mapas...Disse certo o poeta: Navegar preciso, a cincia danavegao saber preciso, exige aparelhos, nmerose medies. Barcos se fazem com preciso,astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos,cordas e ventos, instrumentos de navegao no informam mais ou menos. Assim, eles se tomaram cientistas, especialistas, cada um na sua - juntos para navegar. Chegou ento o momento da grande deciso -para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Nomega, um outro queria conhecer os exticos mares e praias das ilhas do Pacfico, e houve mesmo quem quisessenavegar nas rotas de Colombo. E foi ento quecompreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as cincias que conheciam para nada serviam. De nada valiam nmeros, tabelas, grficos,estatsticas. Os computadores, coitados, chamados a dar o seu palpite, ficaram em silncio. Os computadores no tm preferncias - falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que a essncia da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que no entendiam a pergunta, que no lhesimportava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com cincia, anavegao faz-se com os sonhos. Infelizmente a cincia, utilssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o corao humano. E preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegao. Mas o corao humano, lugardos sonhos, ao contrrio da cincia, coisa imprecisa.Disse certo o poeta: Viver no preciso. Primeirovem o impreciso desejo. Primeiro vem o imprecisodesejo de navegar. S depois vem a precisa cincia denavegar. Naus e navegao tm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Poundinicia seus Cnticos dizendo: E pois com a nau no mcir/assestamos a quilha contra as vagas... Ceclia Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, montona/parece-nos fraca iluso! Queremos a iluso do grande mar/ multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossosfilhos, terra no descoberta, no mar mais distante.Que as vossas velas no se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver navegar no grande mar! No s os poetas: C. Wright Mills, um socilogo sbio, comparou a nossa civilizao a uma galera que navega pelos mares. Nos pores esto os remadores. Remam com preciso cada vez maior. A cada novo dia recebem remos novos, mais perfeitos. O ritmo das remadas acelera. Sabem tudo sobre acincia do remar. A galera navega cada vez mais rpido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto no nos importa. O que importa a velocidade com que navegamos. C. Wright Mills usou esta metfora paradescrever a nossa civilizao por meio duma imagem plstica: multiplicam-se os meios tcnicos e cientficos ao nosso dispor, que fazem com que asmudanas sejam cada vez mais rpidas; mas no temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somenteum navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relao vida da sociedade, ela contm a busca de uma utopia.Utopia, na linguagem comum, usada como sonho impossvel de ser realizado. Mas no isso. Utopia um ponto inatingvel que indica uma direo. Mrio Quintana explicou a utopia com umverso: Se as coisas so inatingveis... ora!/No motivo para no quer-las... Que tristes os caminhos,se no fora/ A mgica presena das estrelas! Karl Mannheim, outro socilogo sbio que poucos leem, j na dcada de 1920 diagnosticava a doena da nossa civilizao: No temos conscincia de direes, noescolhemos direes. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as nicas perguntas que sofeitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia(o importante produzir o objeto) e pelo objetivismoda cincia (o importante saber como funciona), so: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco otimista: nopreciso de me preocupar com o todo, ele tomarconta de si mesmo. Em nossas escolas isso que se ensina: a precisa cincia da navegao, sem que os estudantessejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navegaveloz e sem rumo. Nas universidades, essa doena assume a forma de peste epidmica: cada especialista se dedica, com paixo e competncia, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever produzirconhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas sero publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco estnavegando?, eles respondem: Isso no cientfico. Os sonhos no so objetos de conhecimento cientfico... E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderam mostrar o rumo. No posso pensar a misso das escolas, comeando com as crianas e continuando com os cientistas, como outra que no a da realizao do dito do poeta: Navegar preciso. Viver no preciso. E necessrio ensinar os precisos saberes danavegao enquanto cincia. Mas necessrioapontar com imprecisos sinais para os destinos da navegao: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a cincia da navegao. E intil ensinar acincia da navegao a quem mora nas montanhas... O meu sonho para a educao foi dito porBachelard: O universo tem um destino de felicidade.O homem deve reencontrar o Paraso. O paraso jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas h um pesadelo que meatormenta: o deserto. Houve um momento em que seviu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Est na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direo ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ningum questiona a direo. E assim que as florestas so destrudas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo - e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino - psicologias e quinquilharias - e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraso. OBS.: O texto foi adaptado s regras do Novo Acordo Ortogrfico. Assinale a alternativa em que fragmento do texto que,quanto ao tipo textual, pode se classificar como descritivo.

Questão
2018Português

O homem deve reencontrar o Paraíso... Rubem Alves Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou então o momento de grande decisão para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importada é a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos de conhecimento científico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas, começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso. É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. (Efomm 2018) Assinale a alternativa em que a forma verbal sublinhada tem um valor significativo, nocional.

Questão
2018Física

(Efomm 2018) O sistema abaixo constitudo por duas placas metlicas retangulares e paralelas, com 4 m de altura e afastadas de 4 cm, constituindo um capacitor de 5F. No ponto A, equidistante das bordas superiores das placas, encontra-se um corpo puntiforme, com 2g de massa e carregado com 4 C. O corpo cai livremente e, aps 0,6 s de queda livre, a chave K fechada, ficando as placas ligadas ao circuito capacitivo em que a fonte E tem 60 V de tenso. Determine a que distncia da borda inferior da placa se dar o choque. (Dados: Considere a acelerao da gravidade g = 10 m/s2)

Questão
2018Português

(EFOMM - 2018) O homem deve reencontrar o Paraso... Rubem Alves Era uma famlia grande, todos amigos. Viviam como todos ns: moscas presas na enorme teia de aranha que a vida da cidade. Todos os dias a aranha que a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedao. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o cu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar no basta sonhar. preciso saber. So muitos os saberes necessrios para se navegar. Puseram-se ento a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manuteno do casco, instrumentos de navegao, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rdio, as ligaes eltricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar preciso, a cincia da navegao saber preciso, exige aparelhos, nmeros e medies. Barcos se fazem com preciso, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegao no informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou ento o momento de grande deciso para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exticos mares e praias das ilhas do Pacfico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi ento que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as cincias que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, grficos, estatsticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silncio. Os computadores no tm preferncias falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que a essncia da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que no entendiam a pergunta, que no lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com cincia, a navegao faz-se com sonhos. Infelizmente a cincia, utilssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o corao humano. preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegao. Mas o corao humano, lugar dos sonhos, ao contrrio da cincia, coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver no preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. S depois vem a precisa cincia de navegar. Naus e navegao tm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cnticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Ceclia Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, montona/ parece-nos fraca iluso! Queremos a iluso do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra no descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas no se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver navegar no grande mar! No s os poetas: C. Wright Mills, um socilogo sbio, comparou a nossa civilizao a uma galera que navega pelos mares. Nos pores esto os remadores. Remam com preciso cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a cincia do remar. A galera navega cada vez mais rpido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto no nos importa. O que importada a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metfora para descrever a nossa civilizao por meio duma imagem plstica: multiplicam-se os meios tcnicos e cientficos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanas sejam cada vez mais rpidas; mas no temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relao vida da sociedade, ela contm a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, usada como sonho impossvel de ser realizado. Mas no isso. Utopia um ponto inatingvel que indica uma direo. Mrio Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas so inatingveis... ora!/ no um motivo para no quer-las... Que tristes os caminho, se no fora/ A mgica presena das estrelas! Karl Mannheim, outro socilogo sbio que poucos leem, j na dcada de 1920 diagnosticava a doena da nossa civilizao: No temos conscincia de direes, no escolhemos direes. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as nicas perguntas que so feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante produzir o objeto) e pelo objetivismo da cincia (o importante saber como funciona), so: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: no preciso de me preocupar com o todo, ele tomar conta de si mesmo. Em nossas escolas isso que se ensina: a precisa cincia da navegao, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doena assume a forma de peste epidmica: cada especialista se dedica com paixo e competncia, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas sero publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco est navegando?, eles respondem: Isso no cientfico. Os sonhos no so objetos de conhecimento cientfico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. No posso pensar a misso das escolas, comeando com as crianas e continuando com os cientistas, como outra que no a da realizao do dito poeta: Navegar preciso. Viver no preciso. necessrio ensinar os precisos saberes da navegao enquanto cincia. Mas necessrio apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegao: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a cincia da navegao. intil ensinar a cincia da navegao a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educao foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraso. O paraso o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas h um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Est na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direo ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ningum questiona a direo. E assim que as florestas so destrudas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraso. Obs.: O texto foi adaptado s regras do Novo Acordo Ortogrfico. Quanto ao processo de formao de palavras, o de converso NO est presente na palavra sublinhada na alternativa

Questão
2018Física

Em um calormetro de capacidade trmica desprezvel, foi misturado 1 kg de gua a 40 C e 500 g de gelo a -10 C. Aps o equilbrio trmico, a massa de gua, em gramas, encontrada no calormetro foi de: (Dados: calor especfico da gua = 1,0 cal/g.C; calor especfico do gelo = 0,55 cal/g.C; calor latente de fuso do gelo = 80,0 cal/g.)

Questão
2018Português

Passeio Infncia Primeiro vamos l embaixo no crrego; pegaremos dois pequenos cars dourados. E como faz calor, veja, os lagostins saem da toca. Quer ir de batelo, na ilha, comer ings? Ou vamos ficar bestando nessa areia onde o sol dourado atravessa a gua rasa? No catemos pedrinhas redondas para atiradeira, porque urgente subir no morro; os sanhaos esto bicando os cajus maduros. janeiro, grande ms de janeiro! Podemos cortar folhas de pita, ir para o outro lado do morro e descer escorregando no capim at a beira do aude. Com dois paus de pita, faremos uma balsa, e, como o carnaval no ms que vem, vamos apanhar tabatinga para fazer formas de mscaras. Ou ento vamos jogar bola-preta: do outro lado do jardim tem um p de saboneteira. Se quiser, vamos. Converta-se, bela mulher estranha, numa simples menina de pernas magras e vamos passear nessa infncia de uma terra longe. verdade que jamais comeu angu de fundo de panela? Bem pouca coisa eu sei: mas tudo que sei lhe ensino. Estaremos debaixo da goiabeira; eu cortarei uma forquilha com o canivete. Mas no consigo imagin-la assim; talvez se na praia ainda houver pitangueiras... Havia pitangueiras na praia? Tenho uma ideia vaga de pitangueiras junto praia. Iremos catar conchas cor-de-rosa e bzios crespos, ou armar o alapo junto do brejo para pegar papa-capim. Quer? Agora devem ser trs horas da tarde, as galinhas l fora esto cacarejando de sono, voc gosta de fruta-po assada com manteiga? Eu lhe dou aipim ainda quente com melado. Talvez voc fosse como aquela menina rica, de fora, que achou horrvel nosso pobre doce de abbora e coco. Mas eu a levarei para a beira do ribeiro, na sombra fria do bambual; ali pescarei piaus. H rolinhas. Ou ento ir descendo o rio numa canoa bem devagar e de repente dar um galope na correnteza, passando rente s pedras, como se a canoa fosse um cavalo solto. Ou nadar mar afora at no poder mais e depois virar e ficar olhando as nuvens brancas. Bem pouca coisa eu sei; os outros meninos riram de mim porque cortei uma iba de assa-peixe. Lembro-me que vi o ladro morrer afogado com os soldados de canoa dando tiros, e havia uma mulher do outro lado do rio gritando. Mas como eu poderia, mulher estranha, convert-la em menina para subir comigo pela capoeira? Uma vez vi uma urutu junto de um tronco queimado; e me lembro de muitas meninas. Tinha uma que era para mim uma adorao. Ah, paixo da infncia, paixo que no amarga. Assim eu queria gostar de voc, mulher estranha que ora venho conhecer, homem maduro. Homem maduro, ido e vivido; mas quando a olhei, voc estava distrada, meus olhos eram outra vez os encantados olhos daquele menino feio do segundo ano primrio que quase no tinha coragem de olhar a menina um pouco mais alta da ponta direita do banco. Adorao de infncia. Ao menos voc conhece um passarinho chamado sara? E um passarinho mido: imagine uma sara grande que de sbito aparecesse a um menino que s tivesse visto coleiros e curis, ou pobres cambaxirras. Imagine um arco-ris visto na mais remota infncia, sobre os morros e o rio. O menino da roa que pela primeira vez v as algas do mar se balanando sob a onda clara, junto da pedra. Ardente da mais pura paixo de beleza a adorao da infncia. Na minha adolescncia voc seria uma tortura. Quero lev-la para a meninice. Bem pouca coisa eu sei; uma vez na fazenda riram: ele no sabe nem passar um barbicacho! Mas o que sei lhe ensino; so pequenas coisas do mato e da gua, so humildes coisas, e voc to bela e estranha! Inutilmente tento convert-la em menina de pernas magras, o joelho ralado, um pouco de lama seca do brejo no meio dos dedos dos ps. Linda como a areia que a onda ondeou. Sara grande! Na adolescncia me torturaria; mas sou um homem maduro. Ainda assim s vezes como um bando de sanhaos bicando os cajus de meu cajueiro, um cardume de peixes dourados avanando, saltando ao sol, na piracema; um bambual com sombra fria, onde ouvi silvo de cobra, e eu quisera tanto dormir. Tanto dormir! Preciso de um sossego de beira de rio, com remanso, com cigarras. Mas voc como se houvesse demasiadas cigarras cantando numa pobre tarde de homem. Julho, 1945 Crnica extrada do livro 200 crnicas escolhidas, de Rubem Braga. Texto adaptado nova ortografia. Assinale a opo na qual a palavra sublinhada se formou por um processo diferente das demais.

Questão
2018Português

(EFOMM/2018) O homem deve reencontrar o Paraíso... Rubem Alves Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou então o momento de grande decisão para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importada é a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos de conhecimento científico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas, começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso. É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. Ao se analisar sintaticamente a oração sublinhada, cometeu-se um erro, que aparece na alternativa.

Questão
2018Inglês

(EFOMM - 2018) Mark the correct alternative.

Questão
2018Matemática

(Efomm 2018) A forma de uma montanha pode ser descrita pela equao Considere um atirador munido de um rifle de alta preciso, localizado no ponto (2, 0). A partir de que ponto, na montanha, um indefeso coelho estar 100%seguro?

Questão
2018Português

(EFOMM/2018) O homem deve reencontrar o Paraíso... Rubem Alves Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou então o momento de grande decisão para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importada é a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos de conhecimento científico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas, começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso. É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. Ao se analisar sintaticamente a oração sublinhada, cometeu-se um erro, que aparece na alternativa.

Questão
2018Português

(EFOMM/2018) O homem deve reencontrar o Paraíso... Rubem Alves Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou então o momento de grande decisão para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importada é a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos de conhecimento científico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas, começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso. É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. A partir da análise da função que os mecanismos coesivos exercem na construção do texto, assinale a opção INCORRETA.

Questão
2018Português

O homem deve reencontrar o Paraíso... Rubem Alves Era uma família grande, todos amigos. Viviam como todos nós: moscas presas na enorme teia de aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha que é a vida da cidade. Todos os dias a aranha lhes arrancava um pedaço. Ficaram cansados. Resolveram mudar de vida: um sonho louco: navegar! Um barco, o mar, o céu, as estrelas, os horizontes sem fim: liberdade. Venderam o que tinham, compraram um barco capaz de atravessar mares e sobreviver tempestades. Mas para navegar não basta sonhar. É preciso saber. São muitos os saberes necessários para se navegar. Puseram-se então a estudar cada um aquilo que teria de fazer no barco: manutenção do casco, instrumentos de navegação, astronomia, meteorologia, as velas, as cordas, as polias e roldanas, os mastros, o leme, os parafusos, o motor, o radar, o rádio, as ligações elétricas, os mares, os mapas... Disse cero o poeta: Navegar é preciso, a ciência da navegação é saber preciso, exige aparelhos, números e medições. Barcos se fazem com precisão, astronomia se aprende com o rigor da geometria, velas se fazem com saberes exatos sobre tecidos, cordas e ventos, instrumentos de navegação não informam mais ou menos. Assim, eles se tornaram cientistas, especialistas, cada um na sua juntos para navegar. Chegou então o momento de grande decisão para onde navegar. Um sugeria as geleiras do sul do Chile, outro os canais dos fiordes da Noruega, um outro queria conhecer os exóticos mares e praias das ilhas do Pacífico, e houve mesmo quem quisesse navegar nas rotas de Colombo. E foi então que compreenderam que, quando o assunto era a escolha do destino, as ciências que conheciam para nada serviam. De nada valiam, tabelas, gráficos, estatísticas. Os computadores, coitados, chamados a dar seu palpite, ficaram em silêncio. Os computadores não têm preferências falta-lhes essa sutil capacidade de gostar, que é a essência da vida humana. Perguntados sobre o porto de sua escolha, disseram que não entendiam a pergunta, que não lhes importava para onde se estava indo. Se os barcos se fazem com ciência, a navegação faz-se com sonhos. Infelizmente a ciência, utilíssima, especialista em saber como as coisas funcionam, tudo ignora sobre o coração humano. É preciso sonhar para se decidir sobre o destino da navegação. Mas o coração humano, lugar dos sonhos, ao contrário da ciência, é coisa preciosa. Disse certo poeta: Viver não é preciso. Primeiro vem o impreciso desejo. Primeiro vem o impreciso desejo de navegar. Só depois vem a precisa ciência de navegar. Naus e navegação têm sido uma das mais poderosas imagens na mente dos poetas. Ezra Pound inicia seus Cânticos dizendo: E pois com a nau no mar/ assestamos a quilho contra as vagas... Cecília Meireles: Foi, desde sempre, o mar! A solidez da terra, monótona/ parece-nos fraca ilusão! Queremos a ilusão do grande mar / multiplicada em suas malhas de perigo. E Nietzsche: Amareis a terra de vossos filhos, terra não descoberta, no mar mais distante. Que as vossas velas não se cansem de procurar esta terra! O nosso leme nos conduz para a terra dos nossos filhos... Viver é navegar no grande mar! Não só os poetas: C. Wright Mills, um sociólogo sábio, comparou a nossa civilização a uma galera que navega pelos mares. Nos porões estão os remadores. Remam com precisão cada vez maior. A cada novo dia recebem novos, mais perfeitos. O ritmo da remadas acelera. Sabem tudo sobre a ciência do remar. A galera navega cada vez mais rápido. Mas, perguntados sobre o porto do destino, respondem os remadores: O porto não nos importa. O que importada é a velocidade com que navegamos. C Wright Mills usou esta metáfora para descrever a nossa civilização por meio duma imagem plástica: multiplicam-se os meios técnicos e científicos ao nosso dispor, que fazem com que as mudanças sejam cada vez mais rápidas; mas não temos ideia alguma de para onde navegamos. Para onde? Somente um navegador louco ou perdido navegaria sem ter ideia do para onde. Em relação à vida da sociedade, ela contém a busca de uma utopia. Utopia, na linguagem comum, é usada como sonho impossível de ser realizado. Mas não é isso. Utopia é um ponto inatingível que indica uma direção. Mário Quintana explicou a utopia com um verso: Se as coisas são inatingíveis... ora!/ não é um motivo para não querê-las... Que tristes os caminho, se não fora/ A mágica presença das estrelas! Karl Mannheim, outro sociólogo sábio que poucos leem, já na década de 1920 diagnosticava a doença da nossa civilização: Não temos consciência de direções, não escolhemos direções. Faltam-nos estrelas que nos indiquem o destino. Hoje, ele dizia, as únicas perguntas que são feitas, determinadas pelo pragmatismo da tecnologia (o importante é produzir o objeto) e pelo objetivismo da ciência (o importante é saber como funciona), são: Como posso fazer tal coisa? Como posso resolver este problema concreto em particular? E conclui: E em todas essas perguntas sentimos o eco intimista: não preciso de me preocupar com o todo, ele tomará conta de si mesmo. Em nossas escolas é isso que se ensina: a precisa ciência da navegação, sem que os estudantes sejam levados a sonhar com as estrelas. A nau navega veloz e sem rumo. Nas universidades, essa doença assume a forma de peste epidêmica: cada especialista se dedica com paixão e competência, a fazer pesquisas sobre o seu parafuso, sua polia, sua vela, seu mastro. Dizem que seu dever é produzir conhecimento. Se forem bem-sucedidas, suas pesquisas serão publicadas em revistas internacionais. Quando se lhes pergunta: Para onde seu barco está navegando?, eles respondem: Isso não é científico. Os sonhos não são objetos de conhecimento científico. E assim ficam os homens comuns abandonados por aqueles que, por conhecerem mares e estrelas, lhes poderiam mostrar o rumo. Não posso pensar a missão das escolas, começando com as crianças e continuando com os cientistas, como outra que não a da realização do dito poeta: Navegar é preciso. Viver não é preciso. É necessário ensinar os precisos saberes da navegação enquanto ciência. Mas é necessário apontar com imprecisos sinais para os destinos da navegação: A terra dos filhos dos meus filhos, no mar distante... Na verdade, a ordem verdadeira é a inversa. Primeiro, os homens sonham com navegar. Depois aprendem a ciência da navegação. É inútil ensinar a ciência da navegação a quem mora nas montanhas. O meu sonho para a educação foi dito por Bachelard: O universo tem um destino de felicidade. O homem deve reencontrar o Paraíso. O paraíso é o jardim, lugar de felicidade, prazeres e alegrias para os homens e mulheres. Mas há um pesadelo que me atormenta: o deserto. Houve um momento em que se viu, por entre as estrelas, um brilho chamado progresso. Está na bandeira nacional... E, quilha contra as vagas, a galera navega em direção ao progresso, a uma velocidade cada vez maior, e ninguém questiona a direção. E é assim que as florestas são destruídas, os rios se transformam em esgotos de fezes e veneno, o ar se enche de gases, os campos se cobrem de lixo e tudo ficou feio e triste. Sugiro aos educadores que pensem menos nas tecnologias do ensino psicologias e quinquilharias e tratem de sonhar, com os seus alunos, sonhos de um Paraíso. Obs.: O texto foi adaptado às regras do Novo Acordo Ortográfico. (Efomm 2018) À falta de certa precisão quanto aos tempos, utilizam-se algumas locuções verbais que traduzem mais adequadamente o aspecto verbal. Assim, a construção que expressa melhor a noção de início de uma ação aparece no fragmento da alternativa