(UENP - 2010)
“Ora, propondo-me publicar, um dia, uma Metafísica dos costumes, faço-a preceder deste opúsculo que lhe serve de fundamentação. Decerto não há, um rigor, outro fundamento em que da possa assentar, de não seja a Crítica de uma razão pura prática, do mesmo modo que, para fundamentar a Metafísica, se requer a Crítica da razão pura especulativa por mim já publicada.
Mas, em parte, a primeira destas Críticas não é de tão extrema necessidade como a segunda, porque em matéria moral a razão humana, mesmo entre o comum dos mortais, pode ser facilmente levada a alto grau de exatidão e de perfeição, ao passo que no seu uso teorético, mas puro, da é totalmente dialética; e, em parte, no que concerne à Crítica de uma razão pura prática, para que ela seja completa, reputo imprescindível que se mostre ao mesmo tempo a unidade da razão prática e da razão especulativa num princípio comum; pois que, em última instância, só pode haver uma e a mesma razão, e só na aplicação desta há lugar para distinções. Ora, não me seria possível aqui realizar um trabalho tão esmiuçado e completo, sem introduzir considerações de ordem inteiramente diferente e sem lançar a confusão no ânimo do leitor. Por isso, em vez de dar a este livrinho o título de Crítica da razão pura prática, denominei-o Fundamentação da Metafísica dos costumes.”
(Kant, Fundamentação da metafísica dos costumes, 1785)
Sobre a filosofia moral de Kant, é correto afirmar que:
Kant pretende construir uma filosofia moral particularista que parte da conduta e da ação individual.
A proposta kantiana de ética passa pelo conceito de imperativo categórico que pode ser reduzido na seguinte assertiva: age de tal forma, que a máxima de sua ação possa ser universal.
Kant usava suas concepções éticas para justificar as dominações políticas dos povos não europeus.
A ética kantiana é relativista, como a dos sofistas combatidos por Sócrates na antiguidade clássica.
O que constitui o bem de uma vontade boa e aquilo que ela efetivamente alcança.