ENEM

ITA

IME

FUVEST

UNICAMP

UNESP

UNIFESP

UFPR

UFRGS

UNB

VestibularEdição do vestibular
Disciplina

(UFF -2010)A DESCOBERTA DA AMRICA E A BARBRIE DOS

Português | Literatura | pré-modernismo | a prosa pré-modernista | Monteiro Lobato
UFF 2010UFF PortuguêsTurma ENEM Kuadro

(UFF - 2010)

A DESCOBERTA DA AMÉRICA E A BARBÁRIE DOS CIVILIZADOS

– A conquista da América pelos europeus foi uma tragédia sangrenta. A ferro e fogo! Era a divisa dos cristianizadores. Mataram à vontade, destruíram tudo e levaram todo ouro que havia.
Outro espanhol, de nome Pizarro, fez no Peru coisa idêntica com os incas, um povo de civilização muito adiantada que lá existia. Pizarro chegou e disse ao imperador inca que o papa havia dado aquele país aos espanhóis e ele viera tomar conta. O imperador inca, que não sabia quem era o papa, ficou de boca aberta, e muito naturalmente não se submeteu. Então Pizarro, bem armado de canhões conquistou e saqueou o Peru.
– Mas que diferença há, vovó, entre estes homens e aquele Átila ou aquele Gengis-Cã que marchou para o ocidente com os terríveis tártaros, matando, arrasando e saqueando tudo?
– A diferença única é que a história é escrita pelos ocidentais e por isso torcida a nosso favor.

     Vem daí considerarmos como feras aos tártaros de Gengis-Cã e como heróis com monumentos em toda parte, aos célebres “conquistadores” brancos. A verdade, porém, manda dizer que tanto uns como outros nunca passaram de monstros feitos da mesmíssima massa, na mesmíssima forma. Gengis-Cã construiu pirâmides enormes com cabeças cortadas aos prisioneiros. Vasco da Gama encontrou na Índia vários navios árabes carregados de arroz, aprisionou-os, cortou as orelhas e as mãos de oitocentos homens da equipagem e depois queimou os pobres mutilados dentro dos seus navios.

Monteiro Lobato, História do mundo para crianças. Capítulo LX

 

Monteiro Lobato narra a história das civilizações sob um ponto de vista crítico contrário à tradição ocidental, evidenciando as diferenças de comportamento entre as civilizações.

Assinale a opção que exemplifica a disparidade das visões no encontro histórico de civilizações diferentes.

A

Para os que chegavam, o mundo em que entravam era a arena de seus ganhos, em ouro e glórias. Para os índios que ali estavam, nus na praia, o mundo era um luxo de se viver. Este foi o efeito do encontro fatal que ali se dera. Ao longo das praias brasileiras de 1500, se defrontaram, pasmos de se verem uns aos outros tais quais eram, a selvageria e a civilização. Suas concepções, não só diferentes mas opostas, do mundo, da vida, da morte, do amor, se chocaram cruamente. (Darcy Ribeiro, O povo brasileiro)

B

– Cá no asfalto, lixam-se para os índios. Tem tudo a ver. Aquele sujeito de bigode, sentado ali, tem tudo a ver. Pois se não conseguimos respeitar a integridade deles, estamos ameaçados. Ninguém exerce, impunemente, a violência. É como cuspir para cima. Se estamos destruindo os índios, é porque nossa brutalidade chegou a um nível perigoso para nós próprios. (Noel Nutels, apud Hélio Pellegrino, Lucidez embriagada)

C

Deitado na esteira, de boca para cima, o sacerdote Jaguar de Yucatán escutou a mensagem dos deuses. Eles falaram através do telhado, montados sobre sua casa, em um idioma que ninguém entendia.
Chilan Balam, que era boca dos deuses, recordou o que ainda não tinha acontecido:
- Dispersados serão pelo mundo as mulheres que cantam e os homens que cantam e todos os que cantam... (Eduardo Galeano, Nascimentos)

D

Pioneiros da conquista do trópico para a civilização, tiveram os portugueses, nessa proeza, sua maior missão histórica. E sem embargo de tudo quanto se possa alegar contra sua obra, forçoso é reconhecer que foram não somente os portadores efetivos como os portadores naturais dessa missão. (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil)

E

Neste final de século fala-se muito em crise de identidade do sujeito. O homem da sociedade moderna tinha uma identidade bem definida e localizada no mundo social e cultural. Mas uma mudança estrutural está fragmentando e deslocando as identidades culturais de classe, sexualidade, etnia, raça e nacionalidade. (Stuart Hall, A identidade cultural na pós-modernidade)