(UFF - 2010)
Tudo o que aqui escrevo é forjado no meu silêncio e na penumbra. Vejo pouco, ouço quase nada. Mergulho enfim em mim até o nascedouro do espírito que me habita. Minha nascente é obscura. Estou escrevendo porque não sei o que fazer de mim. Quer dizer: não sei o que fazer com meu espírito. O corpo informa muito. Mas eu desconheço as leis do espírito: ele vagueia. Meu pensamento, com a enunciação das 5 palavras mentalmente brotando, sem depois eu falar ou escrever - esse meu pensamento de palavras é precedido por uma instantânea visão sem palavras, do pensamento - palavra que se seguirá, quase imediatamente - diferença espacial de menos de um milímetro. Antes de pensar, pois, eu já pensei.
Clarice Lispector. Um sopro de vida.
Assinale a opção que corresponde ao pensamento de Clarice Lispector sobre a criação literária, no texto.
A obra em si mesma é tudo: se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote e adeus.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Vozes da infância, contai a história da vida boa que nunca veio.
Pensar é a concretização, materialização do que se pré-pensou.
O poeta é um fingidor. Finge tão completamente que chega a fingir que é dor a dor que deveras sente.