(UEFS - 2014/2)
TEXTO:
a descoberta
Seguimos nosso caminho por este mar de longo
Até a oitava da Páscoa
Topamos aves
E houvemos vista de terra
os selvagens
Mostraram-lhes uma galinha
Quase haviam medo dela
E não queriam pôr a mão
E depois a tomaram como espantados
primeiro chá
Depois de dançarem
Diogo Dias
Fez o salto real
as meninas da gare
Eram três ou quatro moças bem moças e bem gentis
Com cabelos mui pretos pelas espáduas
E suas vergonhas tão altas e tão saradinhas
Que de nós as muito bem olharmos
Não tínhamos nenhuma vergonha.
ANDRADE, Oswald de. Descoberta. Poesias Reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1971.
Disponível em: <http://www. entrevista. agulha.nom.br/oswal.html#adescoberta>. Acesso em: 5 maio 2014.
Nesse texto, a intertextualidade é identificada por meio de
uma comparação entre a carta de Pero Vaz de Caminha e os textos em versos, garantindo uma forma diversificada para a exposição da mesma ideologia.
uma paráfrase que se estabelece entre o poema e a literatura de informação, ratificando todos os discursos presentes no Quinhentismo e acrescentando, apenas, um novo modelo estrutural.
uma paródia feita com fragmentos da carta de Pero Vaz de Caminha, que, transformando prosa em verso, descontrói seu sentido original, ressignifica as informações com base em um contexto contemporâneo.
um pastiche gerado pela reprodução do mesmo estilo de escrita e gênero textual, ratificando a ideia de que, mesmo depois de séculos, a percepção da realidade brasileira continua sendo a mesma de outrora.
uma citação indireta, em que a mistura de discursos, feita pelo sujeito poético com suas próprias palavras, em nada altera as ideias contidas no texto original, ou seja, a carta de Pero Vaz de Caminha sobre a descoberta do Brasil.